Tirar Kora do Novo Mercado gera críticas e suspeita

Por: Marcio Aith

08/05/2024 – Em 2018, o fundo de private da HIG investiu no grupo de hospitais Kora Saúde, e, em 2021, vendeu o preço de cada ação a R$ 7,20. No domingo passado, anunciou que está tentando aprovar a retirada da empresa do novo mercado e propondo uma OPA ao preço máximo de R$ 0,87, preço muito próximo ao mercado.

Como pode uma companhia fazer um IPO dois anos atrás a R$ 7,20 e oferecer agora uma OPA ao preço de R$ 0,87? Essa é a pergunta que os minoritários fazem. Também querem saber quem está olhando esse laudo de avaliação? Terá contestação esse laudo?

Por motivos óbvios, claramente esse assunto vai dar pano para manga e, segundo entrevistados em ´off´, o assunto pode acabar na CVM.

“É como se a HIG tivesse deliberadamente decidido lucrar com a queda das ações da própria companhia que controla”. Principalmente em um setor que, passada a pandemia, vem melhorando. “A companhia poderia também vender ativos, como hospitais, para melhorar sua estrutura de capital”, disse um gestor. Diz outro: a manobra para retirar a companhia do novo mercado é uma forma de “ameaça” aos minoritários antes da OPA”, disse outro.

A HIG é controladora de 68% do capital da Kora. Os médicos fundadores têm outros 12% e o free float é de 20% das ações. A HIG investiu na Kora em 2018 e levou a companhia para a Bolsa dois anos depois.

Um motivo grave também apareceu nas conversas com minoritários: um fundo que pertence à HIG, chamado FIP Fuji, fez uma “alienação fiduciária” das ações dele de Kora, para o fundo Lumina, em 22/12/2023, data que as ações da Kora estavam 1,40 mais ou menos. Não se pode afirmar o preço de referência utilizado nesta operação, mas causa estranheza entre a proximidade de datas – a da alienação fiduciária e a da OPA Embora a alienação fiduciária não seja uma “venda”, ela pode resultar em uma. Advogados ouvidos pelo FLJ acharam muito estranha a proximidade de datas.