Mercados assimilam a meta de crescimento econômico da China, que foi estabelecida em cerca de 5% para 2023

Por Patrícia Lara

Os mercados assimilam a meta de crescimento econômico da China, que foi estabelecida em cerca de 5% para 2023, antes de uma semana movimentada por sabatina do presidente do banco central americano, Jerome Powell, no Congresso e os dados de emprego do relatório Payroll, também nos Estados Unidos. No Brasil, o Ministério da Fazenda tenta concluir a modelagem do novo arcabouço fiscal que substituirá o Teto de Gastos, em meio a notícias de que a pasta acelerou a formatação do documento para dar um sinal consistente para a próxima reunião de juros do Comitê de Política Monetária do BC (Copom).

No exterior, as bolsas europeias têm ganhos modestos e os futuros dos índices acionários americanos operam perto da estabilidade. No fim de semana, o primeiro-ministro Li Keqiang, principal autoridade econômica da China, estabeleceu a meta de crescimento do país para este ano em “cerca de 5%”, após o fim das medidas restritivas contra a Covid-19. O crescimento chinês do ano passado foi de 3%, o segundo nível mais fraco desde pelo menos a década de 1970.”Devemos dar prioridade à recuperação e expansão do consumo”, disse Li em discurso durante o Congresso Nacional do Povo, em Pequim.

As commodities abrem a semana em baixa nas cotações, com a projeção de crescimento da China considerada modesta. Os futuros do minério de ferro encerraram a sessão na Bolsa chinesa de Dalian em queda de 2,13%, para 897 iuanes, o equivalente a US$129,70 a tonelada. O desempenho do metal refletiu ainda a informação de que a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, órgão de planejamento da China, se reuniu com especialistas que disseram que o aumento dos preços do minério de ferro foi impulsionado pela especulação. Os especialistas sugeriram que as autoridades deveriam fortalecer a supervisão do mercado.

No mercado de câmbio, o Índice Dólar DXY, que mede a variação da moeda americana ante uma cesta de divisas pares, opera perto da estabilidade. Já os rendimentos dos títulos curtos do Tesouro dos EUA sobem, enquanto os de 10 anos prolongam o alívio visto na sexta-feira, e ronda o patamar de 3,93%. O presidente do Federal Reserve, o BC americano, fará duas sabatinas no Congresso dos EUA, a primeira delas amanhã. Relatório do Fed divulgado na sexta-feira, e que será apresentado ao Congresso americano, sinalizou que o processo de redução da inflação de volta à meta de 2% deve demandar um período de crescimento econômico abaixo da tendência histórica e está vinculado ao enfraquecimento do mercado de trabalho do país.

Aqui, a pesquisa Focus do Banco Central, que traz projeções para a economia brasileira, abre a semana após a piora da percepção de risco para o Brasil com o anúncio de taxação das exportações de petróleo e reoneração parcial dos tributos federais sobre os combustíveis. Na sexta-feira, o Ibovespa fechou em alta de 0,52%, interrompendo a sequência de cinco quedas consecutivas. O principal índice da B3 se beneficiou do ambiente positivo no exterior e do avanço dos papéis da Petrobras.

MERCADOS GLOBAIS

O futuro do petróleo Brent para entrega em maio cedia 0,80%, a US$85,14 o barril.

O Bitcoin despencava 4,54% nas últimas 24 horas, a US$22.400; o Ethereum cedia 4,75% no mesmo período.

MERCADOS LOCAIS

O índice EWZ, que replica as ações brasileiras no exterior, subia 0,99% no pré-mercado americano.

Os contratos de juros futuros na B3 devem acompanhar as taxas externas e as sinalizações sobre o esforço da Fazenda em concluir o novo arcabouço fiscal antes do encontro do Copom.

DESTAQUES

A nova referência e crescimento econômico da China de cerca de 5% foi anunciada pelo primeiro-ministro chinês Li Keqiang em um discurso em que estabeleceu prioridades econômicas e um novo orçamento, incluindo mais gastos de defesa. Li disse que as autoridades adotariam uma política monetária “prudente” e “direcionada”. Os gastos previstos com defesa da China devem aumentar em 7,2% em 2023, segundo esboço divulgado pelo ministério das Finanças no domingo. (Agências)

No Brasil, a nova regra fiscal deve considerar o Produto Interno Bruto per capita para definir a trajetória das despesas. A intenção da equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), é mostrar um plano claro que afaste qualquer temor sobre uma eventual explosão da dívida pública. O desenho da nova regra foi concluído na quinta-feira, mas ainda será encaminhada aos demais ministérios da área econômica e também ao Palácio do Planalto, antes de ser apresentada ao Congresso Nacional. (O Globo)