Mercados aguardam relatório Payroll com dados de emprego nos EUA

Por Patrícia Lara

Os mercados globais aguardam o relatório Payroll sobre emprego nos Estados Unidos em um ambiente tenso de expectativas de um aumento maior da taxa de juros no país. Na Europa, as ações dos bancos recuam com o receio com o Silicon Valley Bank, após a instituição americana ver suas ações mergulharem ontem na esteira do anúncio de levantamento de capital para reforçar seu balanço. No Brasil, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro será outro ponto que moverá os negócios após as taxas de juros derreterem nesta semana diante da expectativa de alívio antecipado da taxa básica Selic. E enquanto o mercado aguarda mais informações sobre o novo arcabouço fiscal, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), cederá entrevista ao vivo ao canal de notícias CNN Brasil.

As ações de bancos têm perdas acentuadas na Europa na sequência do movimento de pares americanos após o temor gerado pelo SVB Financial. A instituição americana, que possui relação com startups e empresas de tecnologia, lançou uma operação de venda de US$2,25 bilhões de ações para se capitalizar, o que desencadeou um tombo de 60% nos papéis da empresa ontem. A operação vem na esteira do declínio de depósitos por startups, que lutam contra um cenário adverso de financiamento de venture capital, diante do aperto monetário que tem sido promovido pelo Federal Reserve, o banco central americano.

O clima pesado antecede o Payroll, visto como uma peça-chave para o Federal Reserve medir se o mercado de trabalho americano segue robusto a ponto de sustentar as pressões inflacionárias. O dado sai às 10h30 e o consenso de mercado aponta para a criação líquida de 205 mil postos de trabalho em fevereiro, ante 517 mil vagas abertas em janeiro. Para o ganho por hora trabalhada, a previsão é de aumento de 0,3% em base mensal.

As bolsas europeias e os futuros de Nova York cedem, indicando prolongamento das perdas da véspera. Em meio à queda das ações dos bancos, o Dow Jones cedeu 1,66% ontem, quando o índice referencial fechou abaixo da média móvel de 200 dias pela primeira vez desde novembro. Nesta manhã, o Índice Dólar DXY, que mede a variação da moeda americana ante uma cesta de divisas pares, recua. Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA prolongam queda à medida que os investidores buscam ativos mais seguros diante do receio com o setor bancário.

No Brasil, o IPCA deve subir 0,78% em fevereiro, de acordo com a mediana das 37 projeções colhidas pela Mover e Economatica para o Consenso TC. A projeção para fevereiro, se confirmada, representa uma aceleração em relação ao mês anterior, quando o indicador avançou 0,53%, mas trata-se de uma inflação inferior à observada em igual período de 2022, quando o índice subiu 1,01%.

As taxas de juros domésticas esticaram a queda na véspera e o DI para janeiro de 2024 está perto de ceder abaixo de 13%. O alívio vem na esteira da perspectiva de que o ciclo de corte da taxa básica Selic pode ser iniciado já em maio diante de problemas no canal de crédito, alto endividamento das famílias e avanço da nova regra fiscal para conter a deterioração das contas públicas.

Hoje à noite, às 19h00, Haddad concederá entrevista ao vivo para a CNN. Na véspera, a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), disse que o novo arcabouço fiscal que será apresentado pelo governo agradará a todos, inclusive o mercado.

No front corporativo, a Magazine Luiza e a Via anunciaram prejuízos no quatro trimestre, mas os rombos foram menores do que os projetados pelos analistas.

De volta ao exterior, o minério de ferro fechou com valorização de apenas 0,1% na Bolsa chinesa de Dalian, apagando um avanço de mais de 2% ao longo da sessão, quando tocou a máxima intradiária de 932,5 iuanes, equivalente a US$133,86, o maior nível desde maio de 2022. O freio para o movimento veio com a notícia de que a China adotará medidas para conter a alta do preço do metal, segundo a mídia estatal. Já o contrato do petróleo Brent para maio era negociado com leve desvalorização, aproximando-se de US$81,00 o barril.

MERCADOS GLOBAIS

O futuro do petróleo Brent para entrega em maio recuava 0,48%, a US$81,21 o barril.

O Bitcoin derreteu e está abaixo de US$20.000. Nas últimas 24 horas, a moeda digital recuava 2,58% a US$19.989,00; o Ethereum cedia 3,34% no mesmo período.

MERCADOS LOCAIS

O índice EWZ, que replica as ações brasileiras no exterior, cedia 1,84% no pré-mercado americano.

Os contratos de juros futuros na B3 ficam à reboque do IPCA na abertura e devem se ajustar ao exterior, além das expectativas em torno da entrevista de Haddad nesta noite.