Inflação nos EUA e encontro de Lula com governadores estão no radar dos mercados

Por Patrícia Lara

‍A inflação medida pelo índice de preços dos gastos pessoais nos Estados Unidos é o principal destaque desta sexta-feira diante da perspectiva de que o Federal Reserve, o banco central americano, deve desacelerar novamente o aumento dos juros na reunião da próxima semana, o que tem contribuído para dar suporte ao real.

No mercado local, o encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com governadores para tratar de ações prioritárias, às 9h30, também fica no radar. Os governadores devem cobrar de Lula a compensação com as perdas dos estados da arrecadação com a mudança no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, segundo os jornais.

Ainda na política, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse que a reforma tributária não mexerá na atual carga de impostos e falou que buscará medidas para harmonizar a política fiscal com a monetária. Sobre a meta de inflação, o ministro afirmou que ela tem de ser demandante e  exigente, mas alcançável e factível, segundo entrevista ao Valor.

Nos EUA, o índice PCE deve mostrar alta de 0,3% em seu núcleo em dezembro, no comparativo mensal, segundo o consenso das projeções usadas pela Mover, após variação de 0,2% no mês anterior, o que reverbera em um mercado que consolidou a aposta em aumento de 0,25 ponto percentual dos Fed Funds na próxima reunião de juros do BC americano. O dado sai às 10h30, junto com o relatório de gastos e consumo pessoal dos americanos.

O dia começou pesado no exterior com a frustração dos resultados divulgados ontem pela gigante de semicondutores Intel, o que reflete nos futuros dos índices acionários americanos e pode puxar uma pausa na sequência de cinco altas seguidas do Dow Jones, a série mais prolongada de ganhos desde outubro. Já as bolsas europeias oscilam perto da estabilidade.

O dólar americano opera perto da estabilidade ante maioria das principais moedas pares, enquanto o rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA de dez anos sobe para perto de 3,55%.

Entre as commodities, o petróleo Brent era negociado em alta, aproximando-se do nível de US$89 o barril, ainda sob efeito dos dados do Produto Interno Bruto americano acima do esperado, divulgados ontem. As expectativas de recuperação da economia da China também dão suporte à commodity. Os mercados do país asiático voltam a operar na próxima semana após o fim das celebrações do Ano Novo Lunar.

Além dos dados de inflação, a agenda de indicadores nos EUA de hoje inclui venda de casas pendentes em dezembro e dados de confiança ao consumidor da Universidade de Michigan em janeiro. No Brasil,  o Banco Central divulga dados de crédito e taxa de inadimplência de empréstimos às 9h30. E sai o resultado primário do governo central de dezembro às 13h30.

MERCADOS GLOBAIS

-O futuro do petróleo Brent para entrega em março subia 1,26%, a US$88,57 o barril.

-O Bitcoin avançava 1,63% nas últimas 24 horas, a US$22.974,70; o Ethereum subia 4,01% no mesmo período.

MERCADOS LOCAIS

-O futuro do Ibovespa pode operar sem direção firme, após o fechamento sem força do índice na véspera diante da pressão negativa das ações da Petrobras. O índice EWZ, que mede a variação de ativos brasileiros no exterior, estava estável no pré-mercado americano, com os recibos de ações da Vale em queda de 0,05% e os da Petrobras em alta de 0,69%

-O dólar futuro pode abrir em queda na B3 diante da sustentação do carrego favorável com a taxa de juros elevada.

-Os contratos de juros futuros na B3 podem seguir sustentados na ponta curta na sequência da alta da véspera

DESTAQUES

A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), disse que todos os chefes dos executivos estaduais irão apresentar ao presidente Lula as três principais prioridades de cada estado. Ela afirmou que o gesto do presidente de ouvir as demandas é “positivo”. Os governadores também pretendem tratar sobre as perdas na arrecadação por causa das mudanças relacionadas à cobrança do ICMS. (Estado)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criou um núcleo especial para elaborar uma proposta de Reforma Tributária junto aos representantes de todas as áreas da pasta, com reforço de especialistas da área tributária de fora do ministério. A missão do grupo é dar respostas ágeis a qualquer demanda sobre detalhes técnicos e suas implicações. (Estado)

Haddad disse que a reforma tributária ajudará a colocar o Brasil em uma trajetória fiscal sustentável. Em conjunto com novo arcabouço fiscal que será apresentado ainda no primeiro semestre, as mudanças “sem dúvida” diminuirão pressões inflacionárias e, consequentemente, facilitarão a condução da taxa básica de juros. (Valor)

O Tesouro Nacional pretende emitir títulos verdes no exterior ainda neste ano, disse ontem Rogério Ceron, secretário do órgão. O momento de colocação desses títulos depende de decisões da Fazenda e da Presidência. Ceron também afirmou que o desenho do título a ser emitido ainda não está finalizado, embora deva ter como contrapartida projetos ambientais, de transição energética, da indústria verde e da agricultura sustentável.  (Mover)

O Tesouro Nacional projetou em seu Plano Anual de Financiamento de 2023 que o estoque da Dívida Pública Federal fique entre R$6,40 trilhões a R$6,80 trilhões até o fim deste ano, de acordo com documento apresentado ontem. No ano passado, o estoque da DPF ficou em R$5,951 trilhões, abaixo do limite mínimo, de R$6,0 trilhões.