Natura (NTCO3): Analistas se dividem sobre futuro da ação após venda da Aesop

BBA e BBI recomendam compra, enquanto BTG e Santander ficam neutros

Natura/Youtube
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Por Bruno Andrade

Mesmo após a Natura (NTCO3) vender a Aesop para a L’Óreal em uma transação de US$ 2,52 bilhões, analistas do mercado financeiro continuam divididos sobre o futuro da ação, mostram relatórios do Itaú BBA, Bradesco BBI, BTG Pactual e Santander divulgados nesta terça-feira (04).

Os analistas do Itaú BBA avaliaram a transação como positiva, principalmente após a Aesop ter sido vendida em uma valor que ficou 26% acima da expectativa do mercado, que era de US$ 2 bilhões.

“Os termos divulgados foram positivos, e o valor captado com a venda do ativo vai acelerar a desalavancagem da Natura”, afirmaram Thiago Macruz e sua equipe, que assinam o relatório.

Eles comentaram também que a transação vai melhorar a dinâmica de fluxo de caixa da companhia, uma vez que as despesas com juros estavam consumindo uma quantidade relevante de dinheiro.

Nas contas do Bradesco BBI, a L’Oréal pagou um múltiplo de 18,4 vezes entre o valor da companhia e a geração de caixa (EV/EBITDA) projetada para a Aesop em 2023 – a ideia do indicador é mostrar quantos anos de lucro operacional de uma empresa são necessários para chegar ao valor de mercado da companhia acrescido da dívida líquida.

O múltiplo de venda da Aesop representa um prêmio de 133% sobre o EV/EBITDA estimado para a Natura em 2023 e de 55% sobre a média dos múltiplos pagos por aquisições na indústria de cosméticos nos últimos 30 anos, escreveram em relatório analistas do BBI liderados por Felipe Cassimiro.

As duas primeiras casas de análise possuem boas expectativas para o papel. Os analistas do Itaú BBA enxergam que o papel está barato. “O múltiplo pós-acordo parece excessivamente descontado em relação aos pares globais”, afirmaram Thiago Macruz e sua equipe.

O Itaú BBA tem classificação de Outperform, equivalente a compra, para a Natura com preço-alvo de R$ 18, o que implica em uma alta de 32,6% na comparação com o fechamento de segunda-feira (03).

Os analistas do Bradesco BBI seguem o mesmo caminho e recomendam ao investidor comprar o ativo com um preço-alvo de R$ 16. A cifra equivale a uma alta de 17,9% em relação ao fechamento da véspera.

Todo cuidado com Natura é pouco

Já os analistas do BTG Pactual, disseram que o investidor deve ter uma certa cautela com a companhia. Segundo relatório assinado por Luiz Guanais e sua equipe, a Natura tem grandes desafios para os próximos trimestres.

“A alta alavancagem em meio ao cenário de altas taxas de juros e as questões
da operação da Avon devem pesar sobre a companhia”, detalharam. A Natura comprou a Avon em janeiro de 2020 e o processo de fusão entre as companhias não tem agradado o mercado.

“Notamos os esforços da Natura em tentar reduzir a alavancagem, mas, vemos nos fundamentos que as margens vão continuar pressionadas”, explicaram Guanais e sua equipe.

O Santander vai na mesma linha e enxerga que a Natura apresenta muitos riscos para o investidor. “A concorrência mais acirrada nos principais mercados, como no Brasil, os problemas na integração das operações e captura de sinergias da aquisição da Avon e desaceleração macro global, são fatores que atrapalham a companhia”, comentaram Ruben Couto e equipe, que assinam o relatório.

O BTG possui recomendação neutra com preço-alvo de R$ 18, potencial de alta de 32,6% (o mesmo do Itaú BBA). O Santander também tem recomendação neutra, mas a visão é ainda mais pessimista, com preço-alvo de R$ 12,20, o que significa que o banco espera que a ação caia 10% até o final de 2023.

*Com informações de Arthur Horta