Por: Patricia Lara
O mercado local deve reagir nesta terça-feira à divulgação da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, à luz do impacto das indicações de diretores para a autarquia e com o ambiente de cautela prevalecendo no exterior. As bolsas europeias e os futuros dos índices acionários de Nova York caem antes de falas de membros do Federal Reserve, o BC americano, e da publicação de dados de inflação, que podem fornecer dicas sobre as perspectivas para a economia e a política monetária. O clima também é reforçado por um tombo inesperado das importações pela China.
A ata do encontro do Copom será divulgada às 8h00 e pode detalhar com mais profundidade os fundamentos que embasaram a manutenção da taxa básica de juros Selic em 13,75% na reunião da semana passada, acompanhada por um comunicado ainda duro, que manteve como fator de risco para a inflação a incerteza ainda presente sobre o desenho final do arcabouço fiscal a ser aprovado no Congresso. O comunicado, contudo, trouxe alguns pontos abrandados.
Ontem, as taxas de juros longas tiveram alta de mais de 10 pontos-base, enquanto as curtas se moveram com volatilidade após a indicação pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), de seu número dois, o secretário-executivo da pasta, Gabriel Galípolo, para a diretoria de Política Monetária do Banco Central.
Além da ata, os investidores acompanham hoje falas das autoridades do banco central americano, incluindo o governador do Fed, Philip Jefferson, às 9h30, e o presidente da unidade de Nova York, John Williams, às 13h05, antes da divulgação de dados de inflação ao consumidor americano amanhã.
À espera dos comentários, o Índice Dólar DXY, que mede a variação da moeda americana ante principais divisas pares, opera em leve alta. Os rendimentos dos títulos da dívida dos Estados Unidos têm desempenho misto, com a taxa do vencimento de 10 anos cedendo cerca de 2,7 pontos-base, a 3,484%, perto das 6h56. Os rendimentos e os preços têm uma relação invertida.
A China incorpora uma peça para a cautela desta manhã nos mercados com dados da balança comercial, que mostraram queda anual de 7,9% das importações em abril, ante o consenso de que o resultado ficaria estável. As exportações do país desaceleraram o ritmo de alta para 8,5%, mas superaram as expectativas do mercado, de aumento de 8%.
No mercado de commodities, o contrato futuro do minério de ferro prolongou os ganhos e subiu 1,3%, a 714 iuanes, o equivalente a US$103,30 por tonelada, na Bolsa chinesa de Dalian, enquanto o metal encerrou a sessão em queda de 3,4% em Cingapura, após disparar 7% naquela bolsa ontem. A expectativa de suporte adicional à economia chinesa tem sido um apoio para os preços do metal diante da perspectiva desafiadora para o país asiático, que é líder mundial na produção de aço. Já o contrato de petróleo Brent para julho recuava 0,75%, a US$76,42 o barril.
No front corporativo, a Braskem (BRKM5) abriu seu resultado trimestral nesta manhã, com lucro líquido de R$242 milhões entre janeiro a março, o que representou uma queda de 94% na comparação com igual período de 2022. Ontem, as ações da petroquímica chegaram a saltar 22% após a Novonor comunicar à Braskem que recebeu uma proposta, não vinculante, envolvendo a participação de controle que detém na companhia. Mas o papel amenizou os ganhos e fechou em alta de 6,48%.
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DESTAQUES
A indicação de Gabriel Galípolo para ocupar o posto de diretor de Política Monetária do Banco Central movimentou ontem o mercado. Na visão de Alfredo Menezes, sócio da Armor Capital, o nome é um avanço para que a diretoria tenha um alinhamento maior ao discurso acomodatício do PT sobre os juros. Na visão do economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, foi uma indicação política a um posto de natureza técnica, destacando a necessidade de familiaridade com instrumentos da mesa de operações para o cargo. (Mover)
Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, afirmou, por outro lado, que a indicação já era relativamente esperada pelo mercado. Para Luis Otávio Leal, da G5 Partners, uma saída ao Galípolo é explorar os técnicos do BC para se inteirar das tecnicidades. O nome dele, e do indicado para a diretoria de Fiscalização, Aílton Aquino dos Santos, ainda serão submetidos ao Senado. (Mover)
Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministro do Supremo Tribunal Federal Kassio Nunes Marques foi confirmado como o relator da ação direta de inconstitucionalidade (ADI) que contesta parte do processo de privatização da Eletrobras (ELET3). (Mover)
No exterior, o banco suíço UBS (UBSG34) disse que o presidente-executivo do Credit Suisse, Ulrich Körner, se juntará ao conselho executivo como parte de uma reformulação antes da conclusão da aquisição de seu rival doméstico. Em uma série de nomeações anunciadas nesta terça-feira, o UBS também disse que Todd Tuckner, atualmente chefe financeiro de sua divisão de gestão de fortunas, sucederá Sarah Youngwood como diretora financeira. (Financial Times)
O presidente dos EUA, Joe Biden, deve se reunir com os líderes do Congresso americano nesta tarde para discutir a elevação do limite da dívida de US$31,4 trilhões do país ou arriscar um calote histórico na dívida dos EUA e em outros pagamentos do governo. (Financial Times)
A Prio (PRIO3) encontrou indícios de óleo no prospecto Maracanã e vai aprofundar estudos no local, que pode ser mais uma frente de desenvolvimento no campo de Frade. (Mover)
As ações da Saudi Aramco subiam 3% perto das 7h21 após a companhia petrolífera informar que planeja introduzir dividendos vinculados ao desempenho, além dos dividendos básicos, com uma meta de pagamento de 50% a 70% do fluxo de caixa livre anual. No primeiro trimestre, a empresa reportou lucro de US$31,9 bilhões, uma queda de 19% ante igual período de 2022. (Financial Times)
A Rússia iniciou uma celebração silenciosa do Dia da Vitória hoje, já que as preocupações com a segurança após uma série de ataques ucranianos fizeram com que as autoridades reduzissem as festividades em várias cidades do país. O Dia da Vitória marca a rendição formal da Alemanha nazista à União Soviética em 9 de maio de 1945. (Agências)
