Exterior opera instável após injeções de recursos no Credit Suisse e First Republic

Por Patrícia Lara

O mercado externo tenta prolongar o alívio observado ontem, mas sem força, após injeções de recursos no Credit Suisse e no First Republic para debelar uma crise bancária de proporção mais ampla. Outra ajuda para o clima positivo vem da China, que anunciou redução do compulsório bancário para ampliar a liquidez, o que deve repercutir em ativos brasileiros nesta sexta-feira de vencimento de opções sobre ações na B3. Ainda no Brasil, investidores acompanham reunião do alto escalão do governo para discutir o projeto de lei do novo arcabouço fiscal, que, se aprovado, substituirá o Teto de Gastos usado para controlar as despesas públicas. Investidores devem reagir ainda a notícias de que o governo não deve reconduzir o diretor de fiscalização do Banco Central, Paulo Souza, para mais um mandato.

A reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com sua equipe para debater o novo arcabouço fiscal está prevista para 15h00, no Palácio do Planalto. Entre os participantes estarão o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT); a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB); o ministro da Indústria e vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB); e a ministra da Gestão, Esther Dweck (PT). Haddad disse ontem que Lula decidirá se a proposta das novas regras será divulgada antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, marcada para os dias 21 e 22 de março.

Ainda no Brasil, diversos bancos já começaram a sua ofensiva e suspenderam o empréstimo consignado após a redução do teto dos juros para essa modalidade de crédito, de 2,14% para 1,70%, pelo Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS) na segunda-feira.Os maiores players desse segmento de consignado no INSS são Itaú, Bradesco, Pan, Santander, Caixa, Banco do Brasil, C6 e Safra, que juntos respondem por 80% da ofertas, segundo o Valor.

No exterior, as bolsas europeias sobem, mas os futuros dos índices acionários americanos apagam alta ou reduzem os ganhos vistos mais cedo. As ações do Credit Suisse retomam queda nesta sessão, cedendo 7% na Suíça, sem que a ajuda emergencial de cerca de US$54 bilhões estendida pelo Banco Nacional da Suíça debele a incerteza sobre a solidez do banco suíço. Já os papéis do First Republic recuam mais de 7% no pré-mercado de Nova York, mesmo após um grupo de 11 bancos fechar um acordo para colocar US$30bilhões na instituição, que ficou fragilizada após o colapso do Silicon Valley Bank e do Signature Bank.

Em meio ao foco na situação dos bancos, o Índice Dólar DXY, que reflete a variação da divisa americana ante uma cesta de moedas pares, cede mesmo com sinal de que o mercado ainda vê alta das taxas de juros americanas na próxima semana. Os derivativos negociados na Chicago Mercantile Exchange seguem indicando aposta majoritária em alta de 0,25 ponto percentual dos Fed Funds no encontro do Comitê Federal de Mercado Aberto do Federal Reserve, o BC americano, na próxima semana, um dia após a autoridade monetária na Zona do Euro elevar a taxa na região em 0,50 ponto percentual, sem se intimidar pela crise nos bancos.

As taxas dos títulos de curto prazo da dívida americana sobem, mas os rendimentos dos títulos de 10 anos recuavam 3,8 pontos-base, a 3,545%, perto das 10h00.

Nas commodities, o preço do barril de petróleo Brent se recupera após encontro da Arábia Saudita com a Rússia, mas caminha para fechar a semana em queda pela segunda vez consecutiva após a crise bancária convulsionar os mercados financeiros. Já o minério de ferro teve uma sessão sem força e fechou a sessão em leve alta na China diante do risco de uma intervenção do governo chinês para conter o avanço dos preços do metal.

A agenda do dia traz no Brasil a taxa de desemprego de janeiro, às 9h00, e a 1ª Reunião Extraordinária do Conselho Nacional de Política Energética – CNPE, que contará com a presença de Lula, às 10h00.

Nos EUA, sai dado de confiança da Universidade de Michigan.A bolsa de Nova York terá ainda hoje vencimento quádruplo de futuros e opções de índices e ações individuais, o que pode trazer volatilidade adicional ao mercado.

MERCADOS GLOBAIS

O futuro do petróleo Brent para entrega em maio avançava 1,18%, a US$75,58 o barril.

O contrato de ouro para entrega em abril subia 0,63%, a US$1.935,20 a onça-troy.

O minério de ferro computou alta de 0,5% na bolsa chinesa de Dalian, a 915 iuanes, ou o equivalente a US$133,10 a tonelada.

O Bitcoin subia 6,38% nas últimas 24 horas, a US$26.752; o Ethereum avançava 3,52% no mesmo período.

MERCADOS LOCAIS

O índice EWZ, que replica as ações brasileiras no exterior, subia 0,41% no pré-mercado americano

Os contratos de juros futuros na B3 podem subir com a cautela antes da apresentação do texto do novo arcabouço fiscal, ainda que sinais de menor estresse possam inibir inserção de prêmios nas taxas de juros de longo prazo.

DESTAQUES

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu ontem a aplicação da regra que proibia a indicação, para a direção de empresas estatais, de integrantes da estrutura dos governos federal, estadual e municipal. Ele também fixou que integrantes de partidos ou pessoas que atuaram em eleições podem ser indicados para os cargos em estatais, desde que deixem os vínculos com as legendas enquanto estiverem na função. (Agências)