Diretor do Itaú, Milton Maluhy, vê caso Americanas como ‘fraude' e cita conversas positivas com Haddad

O caso Americanas não impactou os níveis de inadimplência e nem as projeções do banco para 2023

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Por Gustavo Boldrini

O diretor-presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho, destacou em teleconferência de resultados do quarto trimestre do banco, o caso da Americanas, que classificou – sem citar o nome da companhia – como uma “fraude” e como “isolado”, sem correspondência em outras empresas do setor varejista.

Segundo o diretor financeiro do banco, Alexsandro Broedel, que também estava presente na reunião, o Itaú está 100% provisionado para eventuais perdas relacionadas a operações da Americanas, e qualquer valor recuperado futuramente terá impacto positivo nos resultados.

O maior banco comercial da América Latina reportou lucro líquido gerencial de R$7,67 bilhões entre outubro e dezembro de 2022, frustrando o consenso Mover de R$8,28 bilhões, devido a um provisionamento extra para cobrir a exposição à varejista Americanas, que entrou em recuperação judicial.

O caso Americanas não impactou os níveis de inadimplência e nem as projeções do Itaú para 2023, segundo Maluhy. O banco estima um avanço na construção de provisões para créditos de liquidação duvidosa em relação a 2022, em linha com a perspectiva de piora no ciclo de crédito no país.

Ao ser perguntado sobre a exposição do banco à operadora Oi, Maluhy reiterou que o Itaú está confortável e provisionado para quaisquer casos envolvendo grandes empresas.

O Itaú manterá uma visão mais cautelosa para a expansão da carteira de crédito em 2023, segundo Maluhy. O banco prevê um crescimento entre 6% e 9% na carteira total em 2023, contra o avanço de 11,1% registrado em 2022.

Os níveis de inadimplência do Itaú devem se estabilizar nos próximos trimestres, segundo Maluhy. O executivo disse que o caso Americanas não tem poder de impactar o índice, uma vez que trata-se de uma empresa em recuperação judicial.

Maluhy disse que o Itaú tem tido “conversas positivas” com a equipe econômica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo o executivo, a definição do novo arcabouço fiscal será crucial para ancorar as expectativas de inflação futuras e reduzir o estresse na curva de juros.