São Paulo, 19/6/2024 – O atual nível da Selic é punitivo para empresários investirem, mas o Banco Central não tem mais espaço para cortar a taxa básica de juros enquanto o Federal Reserve não iniciar ciclo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos, defendeu o presidente do conselho da Cambuci, Roberto Estefano, em entrevista à TC News nesta quarta-feira.
“Se o BC baixar o juro, o dólar explode, ele vai compensar. Então não dá pra você neste momento pensar em mexer na taxa de juros”, disse Estefano, ao participar do programa Almoço de Negócios.
O nível da Selic está no centro das discussões políticas e econômicas no Brasil, e o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decide ainda hoje sobre a taxa.
Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o chefe do BC, Roberto Campos Neto, e a Selic ´estratosférica´. Na última reunião do Copom, membros indicados por Lula para o BC votaram por uma redução de juro de 0,5%, enquanto RCN e outros venceram a disputa sugerindo corte menor, de 0,25%.
O consenso de mercado aponta para manutenção da Selic no atual patamar, de 10,5%. Agentes se debruçam sobre eventual unanimidade entre diretores na decisão, com alguns analistas avaliando que as falas de Lula colocaram pressão na ala indicada por ele, incluindo o diretor de Política Monetária Gabriel Galípolo, cotado para presidir o BC após RCN.
Com a deterioração do cenário econômico no Brasil, o real já é a moeda que mais se desvaloriza em relação ao dólar no acumulado do ano, de acordo com uma cesta de 23 moedas observada pela Mover. Na visão de Estefano, caso o dólar se aprecie ainda mais ante o real, a margem dos produtos comercializados pela Cambuci pode sofrer.
“Hoje somos impactados pelo dólar em relação ao preço das matérias primas que importamos para produzir nossos produtos, e com um dólar acima dos R$5,50 já começamos a ter impactos negativos em nossas margens”, disse ele.
Estefano também afirmou que segue comprando ações da companhia a mercado todos os meses, por acreditar que a Cambuci tem sofrido menos ante outras empresas do segmento no atual momento. Ele também avaliou que o “grande diferencial” da empresa é não possuir dívidas, o que a faria um “porto-seguro” para investidores.
(LB | Edição: Luciano Costa | Comentários: equipemover@tc.com.br)