Petrobras (PETR4): Quem sai ganhando com a nova política de preços?

Nova medida divide analistas ouvidos pelo FLJ

Agência Brasil
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Por Bruno Andrade

A nova política de preços da Petrobras (PETR4) vai beneficiar economicamente o brasileiro médio, aquele que segundo o IBGE ganha R$ 2.808 por mês, em detrimento dos acionistas da companhia, que tendem a receber menos dividendos visto que a lucratividade da empresa pode cair. A conclusão foi retirada de um consenso de 4 economistas e analistas ouvidos pelo Faria Lima Journal (FLJ) nesta terça-feira (16).

Mais cedo, a Petrobras anunciou uma nova estratégia comercial para definição de preços de diesel e gasolina, priorizando o custo alternativo do cliente e o valor marginal para a companhia. A petroleira também reduziu o preço da gasolina em R$ 0,40 na venda para as distribuidoras. Com a medida, o preço médio do combustível vai de R$ 3,18 para R$ 2,78 por litro. A medida entrará em vigor amanhã, quarta-feira (17). A cifra representa uma queda de 12,6% no valor do combustível.

Mantidas as parcelas referentes aos demais agentes conforme a pesquisa de preços da ANP para o período de 7 a 13/05, o preço médio ao consumidor final poderia atingir o valor de R$ 5,20 por litro“, estima a companhia.

Segundo o professor e economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Alberto Ajzental, a decisão tende a beneficiar o consumidor brasileiro.

“As pessoas vão pagar menos pelo combustível e podemos ver uma desaceleração da inflação, visto que a gasolina tem um peso importante no calculo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)”, disse.

Justamente pela decisão focar em beneficiar a população, Ajzental considera que a medida é de caráter populista.

O comunicado não explica em caso de alta do petróleo no mercado internacional. Ou seja, se o preço não subir aqui quando subir lá fora, o consumo pode se manter alto com a falta do produto no mercado. Com isso, a Petrobras pode ter sua lucratividade pressionada”, disse Ajzental.

Por outro lado, ele comenta que a medida pode ser um gatilho para a redução da taxa básica de juros da economia, a Selic. “Com redução do IPCA, a expectativa é que os cortes na Selic ocorram com antecedência, o que deve beneficiar as empresas e os consumidores“, disse.

Acionista perde, mas menos que o esperado

Para o analista de research da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, a nova política de preços é menos pior do que a esperada pelo mercado. “Havia um forte temor do governo enfiar os pés pelas mãos como foi feito no governo Dilma, quando houve um represamento de preços, o que causou fortes prejuízos para empresa na época“, detalhou.

Segundo Arbetman, o fato da nova política levar em conta o custo marginal da produção do produto afasta o temor da empresa fechar as contas no vermelho. Por isso, o mercado reagiu positivamente ao anuncio da companhia. Por volta das 14h18min, as ações preferenciais da Petrobras subiam 3,2%, a R$ 26,48.

Ainda assim, a medida não é positiva para quem espera receber ótimo dividendos da empresa. “Ou seja, a companhia vai praticar o preço do petróleo do mercado nacional, o que pode deixar a lucratividade menor quando o preço do barril do petróleo subir lá fora“, disse.

Por isso, Arbetman reforça que o melhor para os investidores da Petrobras seria a manutenção do PPI. “Saímos de um ponto A para o ponto B em que o ponto B não é vantajoso para quem possui os ativos da empresa“, disse Arbetman.

Enquanto isso, Ajzental, da FGV, comenta que uma menor distribuição de dividendos e um menor lucro só serão vistos no próximo balanço.

“Temos que esperar para ver como essa política vai funcionar na prática, só assim saberemos o seu real impacto”, disse.

Empresas do setor da Petrobras

Se o consenso aponta que o acionista deve perder, Ilan Arbetman comenta que as empresas do setor de distribuição e combustíveis serão beneficiadas, principalmente as que são clientes fieis da Petrobras.

Um dos motivos para isso é que a nova política de preços tende a favorecer os clientes com um preço mais acessível caso eles comprem da companhia com frequência.

A Ultrapar (UGPA3), dona dos postos Ipiranga, tem 85% de suas compras feitas na Petrobras, isso pode ser muito positivo para empresa, que pode aumentar sua margem de lucratividade”, explicou.