Por: Artur Horta e Machado da Costa
A Acelen, companhia criada pelo fundo soberano dos Emirados Árabes Mubadala para administrar a Refinaria Mataripe (BA), estuda meios de se desfazer do ativo, dois anos após tê-lo comprado da Petrobras (PETR3, PETR4) por US$1,80 bilhão, disseram à Mover duas fontes com conhecimento do assunto.
“O Mubadala está arrependido de ter comprado a refinaria”, disse uma das fontes, que pediu anonimato para falar com a reportagem. Essa mesma pessoa afirmou que o fundo soberano chegou a avaliar a devolução do ativo, mas que a única maneira de se desfazer da Mataripe– antiga refinaria Landulpho Alves (Rlam) – seria por meio de uma venda.
Segundo uma das fontes, a Petrobras é a única compradora em potencial, já que tem mais de 70% do mercado de refino no país e possui grande poder de precificação do diesel e da gasolina no mercado interno. A recompra de Mataripe pela Petrobras tem a simpatia do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD).
“[A Rlam) É um ativo histórico e que fez parte da estratégia de desmonte do Sistema Petrobras e nunca deveria ter sido vendido”, declarou Silveira em nota divulgada pelo MME em 3 de setembro.
Desde que a Petrobras trocou sua estratégia comercial da Política de Paridade de Importação (PPI) para o preço marginal de venda e as importações de diesel russo ganharam espaço no Brasil, a Mataripe tem enfrentado dificuldades para concorrer com a estatal brasileira.petrpetr
Em maio, a refinaria passou a exportar diesel – neste ano, os embarques do produto para o exterior já somam US$92 milhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), com o volume crescendo mês a mês. Somente em outubro, as exportações de diesel renderam US$40 milhões à Mataripe.
Também em maio, a Acelen levou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) suas preocupações com a nova política de preços da Petrobras, alegando falta de informações para garantir a previsibilidade dos preços de combustíveis no Brasil.
Procuradas, a Acelen e a Petrobras não responderam imediatamente ao pedido de comentários da Mover.
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(AH + MDC | Edição: Gabriela Guedes | Comentários: equipemover@tc.com.br)