Preços dos combustíveis continua no radar no mercado local

Por Patrícia Lara

O mercado local deve abrir sem abandonar as atenções sobre os preços dos combustíveis, após o Ministério da Fazenda anunciar a volta da cobrança de imposto a partir de amanhã. Os preços já subiram em postos em diversos pontos do país, mas os juros recuaram ontem com o potencial de melhora das contas públicas. No exterior, a inflação volta a perturbar na Europa e pesa nas bolsas neste último pregão do mês. Vários dados nos Estados Unidos também movimentam o dia.

Hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem encontro com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), e com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, às 9h30, um dia após a Fazenda anunciar que a gasolina e o etanol serão reonerados. Segundo a pasta, a alíquota sobre combustíveis fósseis será maior que a de biocombustíveis, mas não foram dados mais detalhes. A reoneração era defendida por Haddad, que emergiu fortalecido. Mas a decisão tornou o ministro o “malvado número 1”, diz coluna do jornal O Estado de S. Paulo, já que o PT e Lula se opunham à decisão. O ministro sinalizou que a Petrobras pode compensar a reoneração, já que tem colchão que pode ser usado.

O petróleo Brent para abril opera em leve alta nesta manhã, cotado acima de US$83,00 o barril, à medida em que tenta se estabilizar de quedas recentes diante da preocupação sobre esfriamento da demanda sob efeito das expectativas de alta maior das taxas de juros. Hoje, saem dados de estoques americanos da commodity calculados pelo grupo da indústria American Petroleum Institute, que serão observados em busca de sinais sobre o consumo do produto.

No mercado de câmbio, o Índice Dólar DXY, que mede a variação da moeda americana ante principais divisas pares, opera perto da estabilidade, a 104,66 pontos antes da divulgação de dados nos EUA, incluindo estoque no atacado, às 10h30, e índice de atividade dos Gerentes de Compras, o PMI, de Chicago, às 11h45. Os rendimentos dos títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA sobem.

A inflação acelerou na França e na Espanha em fevereiro, desafiando a expectativa de alívio e gerando dúvidas sobre se haverá espaço para o Banco Central Europeu parar de elevar a taxa de juros. Na França, que receberá os Jogos Olímpicos em 2024, houve aceleração da taxa anual para 6,2% em fevereiro, segundo estimativas preliminares, ante 6% em janeiro e acima do consenso de 6,1%,. Enquanto isso, os preços ao consumidor na Espanha também retomaram sua tendência de alta para 6,1% em fevereiro, ante 5,9% em janeiro e expectativas de 5,7%.

Em resposta aos dados, os preços dos títulos europeus cedem, puxando as taxas projetadas nos papéis para cima. No caso do título de 2 anos da Alemanha, que está entre os mais sensíveis ao impacto das taxas de juros, o rendimento projetado subiu para 2,65%, o maior nível desde 2011.

No Brasil, a agenda do dia traz dados sobre o mercado de trabalho da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua de dezembro, às 09h00. Sai ainda o resultado consolidado do setor público de janeiro, às 9h30. O Tesouro Nacional realizará leilão de Letras Financeiras do Tesouro (LFTs) e de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-Bs). O BC ofertará 16 mil contratos de swap para rolagem de vencimentos de abril, totalizando US$800 milhões, entre 11h30 e 11h40.

MERCADOS GLOBAIS

-O contrato futuro do petróleo Brent para entrega em abril subia 0,78%, a US$83,09 o barril, mas caminha para encerrar o mês em queda.

-O minério de ferro encerrou a sessão na China em queda de 0,78% na bolsa de Dalian, a 888,50 iuanes, ou o equivalente a US$128,15 a tonelada.

-O Bitcoin recuava 1,87% nas últimas 24 horas, a US$23.842,10; o Ethereum cedia 1,14% no mesmo período.

MERCADOS LOCAIS

-O índice EWZ, que replica o movimento das ações brasileiras no exterior, estava estável no pós-mercado americano ontem.

-Os contratos de juros futuros na B3 podem acompanhar o rumo altista das taxas externas e seguir o noticiário sobre reoneração dos combustíveis.

DESTAQUES‍

A assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda confirmou, ontem, o retorno de impostos federais sobre combustíveis, com oneração maior dos produtos de origem fóssil, mas sem especificar como se dará a modelagem da reoneração, nem especificar quais combustíveis serão reonerados primeiro. O impacto anual da reoneração é de R$28,8 bilhões em receitas, afirmou Chico Prado, assessor de imprensa da Fazenda a jornalistas. (Mover)

Há uma solução híbrida a caminho para o preço dos combustíveis, que passa por uma reoneração maior da gasolina do que do álcool. Os defensores dessa solução dão ênfase ao apelo ambiental. (Valor)

O Ministério de Minas e Energia definiu ontem os indicados da União para compor o novo conselho de administração da Petrobras. O indicado para presidência do colegiado é o atual secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Pietro Adamo Sampaio Mendes. O conselho será renovado apenas em assembleia geral ordinária de acionistas, prevista para abril. Como membros do colegiado, foram indicados o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, além de Carlos Eduardo Turchetto Santos, Vitor Eduardo de Almeida Saback, Eugênio Tiago Chagas Cordeiro e Teixeira e Wagner Granja Victer. (Mover)