Por: Leandro Tavares
Após uma semana na qual o estresse dos juros americanos deixou os investidores apreensivos e elevou um sentimento de aversão ao risco no mundo, os mercados internacionais operam em alta nesta segunda-feira, em movimento de recuperação e digerindo dados na Europa e na China. No Brasil, os investidores aguardam a divulgação do Boletim Focus.
Na Alemanha, o índice de preços ao produtor teve variação negativa de 1,10% em julho na base mensal, enquanto o consenso esperava uma retração de 0,20%. No ano, o dado mostra recuo de 6,0%, um sinal positivo em meio ao cenário apertado na maior economia da Europa.
Na Ásia, os mercados encerraram sem direção única, ainda refletindo o aumento das preocupações com a China, principalmente após a gigante do setor imobiliário Evergrande ter entrado na semana passada com o pedido de proteção contra credores nos Estados Unidos.
Além disso, o PBoC, banco central chinês, cortou a taxa de empréstimos de um ano para 3,45%, sendo que a taxa anterior estava em 3,55%. Já a taxa de cinco foi mantida em 4,20%.
Havia a expectativa por parte do mercado de um corte maior na taxa de um ano, como forma de incentivar os setores, uma vez que a China experiencia dificuldades para reativar a atividade econômica.
Por outro lado, o PBoC anunciou que está organizando medidas para prevenir e neutralizar riscos em áreas centrais do setor financeiro chinês, diante das crescentes preocupações sobre um contágio no setor imobiliário.
Nos EUA, a semana começa com uma agenda econômica esvaziada, embora as atenções estejam voltadas para o simpósio Jackson Hole. O evento anual promovido pelo Federal Reserve de Kansas City reúne especialistas de todo mundo para tratar de política monetária durante três dias e começará na quinta-feira.
Além do evento por si só, é sempre aguardado com atenção a fala do presidente do Fed, neste caso Jerome Powell, já que pode dar algum tipo de sinalização sobre a trajetória de juros nos Estados Unidos. A expectativa é que o discurso aconteça na sexta-feira.
Assim como na semana passada, continua no radar dos investidores os juros nos EUA, principalmente após o Treasuries de 10 anos, que é referência global, atingir o nível mais alto de fechamento desde novembro de 2007.
No Brasil, os investidores vão acompanhar as expectativas do mercado para o Boletim Focus, a partir das 8h25. Na semana passada, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, descartou qualquer possibilidade de cortes na Selic abaixo ou acima de 50 pontos nas próximas reuniões.
Com isso, a expectativa é que o mercado não tenha mudado suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) e para a inflação brasileira, uma vez que o presidente do BC reafirmou que a conjuntura econômica internacional precisa de atenção.
Por falar em autoridade monetária, Campos Neto faz hoje uma visita institucional ao jornal Valor Econômico, o que pode gerar uma entrevista exclusiva capaz de impactar os mercados.
No mais, a cena política segue no radar dos agentes. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve anunciar uma reforma ministerial em breve, como forma de contemplar o chamado centrão, em troca de aprovação de reformas no Congresso. Importante ressaltar que o avanço das pautas econômicas deve trazer previsibilidade às contas públicas e colaborar com o ciclo de quedas da taxa Selic.
Inclusive, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido), afirmou na última sexta-feira que serão votados nesta semana tanto o projeto de lei complementar do arcabouço fiscal, quanto às medidas provisórias (MPs) que versam sobre o salário mínimo, o reajuste dos servidores públicos e o vale-alimentação. “Para nós, o fundamental é concluirmos a semana com a aprovação das três MPs e a aprovação do arcabouço fiscal. Estamos confiantes disso”.
Na sexta-feira, o Ibovespa quebrou uma sequência de quedas e fechou em alta, em dia marcado pelo vencimento de opções sobre ações. No mercado de câmbio, o dólar encerrou em baixa, impactado pela alta das commodities e de olho na China.
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MERCADOS GLOBAIS
Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 operavam em alta de 0,38%, 0,49% e 0,66%, nesta ordem.
O Índice Stoxx Europe 600 subia 0,74%, enquanto o índice alemão DAX tinha alta de 0,76% e o britânico FTSE-100 operava em alta de 0,59%. Entre os setores, o destaque é o segmento de energia, que sobe 1,45%.
O dólar americano opera em queda em comparação aos pares. O DXY caía 0,12%, a 103,306 pontos. No geral, as moedas operam mistas, com destaque para a rand-sul africana, que sobe 0,96%.
Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, ou T-Notes, operam em alta de 3 pontos-bases, a 4.292%.
Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong caiu 1,82%, enquanto o Xangai Composto teve caiu de 1,24%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, subiu 0,37%.
O minério de ferro com teor de concentração de 62%, negociado na bolsa de Dalian, subia 0,91%, às 6h00, cotado a US$106,18.
O petróleo tipo Brent, que serve como referência para a Petrobras, operava em alta de 0,67%, a US$85,37.
O Bitcoin tinha queda de 0,30% nas últimas 24 horas, a US$26.026,50; o Ethereum subia 0,17% no mesmo período.
MERCADOS LOCAIS
Bolsa: O Ibovespa futuro deve abrir em alta, mesmo movimento visto na sexta-feira, refletindo a alta das commodities e a aparente trégua no exterior. O índice tem suporte mínimo em 114 mil pontos e resistência em 117 mil pontos, de acordo com o BB Investimentos.
Câmbio: O dólar futuro deve abrir em queda, de olho na China e impactado alta das commodities.
Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem continuar o movimento de queda. Os juros futuros nos EUA operam em alta, com investidores no aguardo de notícias que possam dar uma direção para os Treasuries.
DESTAQUES
O fortalecimento operacional do IRB já levou os papéis da líder em resseguros no Brasil a acumularem alta de 71% desde o começo deste ano na bolsa até a última quinta-feira, com espaço para a continuidade de ganhos adiante, na opinião de gestores com posição na ação e analistas ouvidos pela Mover. A visão, porém, não é consensual – e os riscos de prêmios menores e resultados piores ainda mantêm a cautela elevada entre os céticos com o futuro da companhia. (Mover)
O senador Randolfe Rodrigues (sem partido) disse na sexta-feira que a tributação dos chamados fundos exclusivos e de offshores, que tem sido chamado de fundos dos super-ricos, poderá gerar R$10 bilhões de receita para a União. Historicamente, esse tipo de tributação encontra resistências no Congresso Nacional. Por essa razão, o líder do governo no Congresso disse que irá “buscar uma reflexão” junto aos senadores para dar andamento à pauta, que é estratégica para o governo no sentido de ampliar a arrecadação federal e garantir a meta fiscal de déficit zero em 2024. (Mover)
O novo presidente da Eletrobras, Ivan Monteiro – que assumiu o cargo após a inesperada renúncia do antecessor Wilson Ferreira – traz um novo estilo à companhia, com perfil mais discreto e uma gestão voltada “para dentro”, disseram à Mover diversas fontes próximas ao executivo, com apostas de que ele pode acelerar mudanças na ex-estatal. (Scoop by Mover)
Após registrar altas à espera do início do ciclo de cortes de juros no Brasil, o Ibovespa entrou em um movimento de correção que o levou à marca de 13 quedas consecutivas até ontem – a pior sequência desde a criação do índice, em 1968. Agora, especialistas acreditam que um novo rali só deve se sustentar com o andamento de pautas econômicas no Congresso e com a retomada das commodities, além do controle da inflação em economias desenvolvidas.(Mover)
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, poderá fornecer pistas sobre o futuro da política monetária no aguardado simpósio de Jackson Hole,em Wyoming, nos Estados Unidos, ao fim desta semana. Os investidores esperam que Powell forneça pistas sobre o racional da ata da mais recente decisão de juros, que mostrou que uma inflação “inaceitavelmente alta” pode resultar em altas adicionais de juros. (Mover)
Tensão externa tende a ser curta, avaliam especialistas. Para especialistas ouvidos pelo Valor, pressões – que incluem juros elevados nos EUA, a desaceleração do crescimento na China e temor de um repique da inflação – terão curta duração. (Valor)
Emendas e reforma ministerial ampliam insatisfação na base. A demora nas mudanças na Esplanada e atraso no pagamento dos recursos colocam votações de interesse do Executivo em risco. (Valor)
Receitas caem, mas empresas lucram mais. No segundo trimestre do ano, as vendas das grandes companhias recuaram 1,6% e os lucros líquidos subiram quase 20%. A explicação está na queda do dólar, para R$4,82 em junho. (Estadão)
Com Selic em queda, crédito privado ganha nova chance. O segmento tende a render acima do CDI. Contra volatilidade e perdas, é melhor optar por fundos com riscos diluídos. (O Globo)
Equador tem eleição disputada e com surpresa. Com mais de 50% dos votos apurados, Luisa González, próxima do ex-presidente Rafael Correa, ficou na liderança, e terá como rival o jovem empresário Daniel Noboa Azin, de 35 anos, filho do magnata Álvaro Noboa. (O Globo)