Ibovespa será guiado por dados do Payroll

O futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 caíam 0,05%, 0,11% e 0,25%

B3/Divulgação
B3/Divulgação

Por: Felipe Corleta

Os mercados europeus, asiáticos e os futuros dos índices acionários americanos operam sem direção única, com viés de baixa, diante da expectativa pela divulgação do relatório formal de emprego nos Estados Unidos, o Payroll, do mês de junho.

No Brasil, a Câmara dos Deputados aprovou em dois turnos o texto-base da Reforma Tributária por 382 votos a favor ante 118 contrários, em uma demonstração de força política do presidente da Casa, Arthur Lira. Hoje, a Câmara deve votar quatro destaques da proposta. O texto-base vai para apreciação do Senado. Há expectativa, porém, é de que a Câmara foque a partir de hoje nos temas do Arcabouço Fiscal e do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

Além disso, os investidores ainda aguardam os dados de inflação do IGP-DI de junho e da produção nacional de veículos.

Após a aprovação do texto da Reforma Tributária, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a votação do arcabouço fiscal nesta sexta-feira é viável, em uma sinalização de que a agenda econômica do governo pode avançar de forma célere, sem esperar até depois do recesso parlamentar.

No exterior, as bolsas europeias operavam perto da estabilidade, mas a caminho de encerrar a semana no menor patamar desde março, após sinalizações ao longo da semana de rigidez dos bancos centrais na condução da política monetária. Na Ásia, os mercados fecharam em baixa.

Os futuros do minério de ferro negociados em Dalian, na China, caíram 1,87%, a 812,5 iuanes por tonelada (US$112,16), o que pode pressionar as negociações por conta do peso do setor de metais e mineração no Ibovespa, devido ao impacto dos preços da commodity nos termos de troca e na balança comercial do Brasil. O mercado aguarda também por sinais de novos estímulos econômicos por parte do governo chinês.

O petróleo tipo Brent registrava a sua quinta alta em sete pregões, subindo 0,50%, a US$76,90 por barril.

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, participou de conversas informais com o vice-premiê da China, Liu He, e com o presidente do Banco do Povo da China, Yi Gang. A visita ao país asiático é parte da estratégia de estabilização das relações econômicas e diplomáticas entre os dois países.

O Departamento do Trabalho dos EUA divulga, às 09h30, o Payroll de junho, com expectativa média dos agentes de mercado de criação de 225 mil vagas formais de emprego, abaixo dos 339 mil de maio. O relatório de emprego privado ADP, no entanto, surpreendeu nesta quinta-feira, ao apontar a criação de 497 mil novos empregos, mais do que o dobro do que aguardava o consenso.

Com os dados econômicos mostrando força da atividade na maior economia do mundo, os mercados passaram a elevar a probabilidade de que os juros tenham de subir e permanecer elevados por mais tempo para controlar a inflação. Os investidores ainda aguardam o início da temporada de balanços do segundo trimestre nos EUA a partir da próxima semana.

Ontem, o mercado brasileiro de câmbio e a bolsa registraram forte estresse, seguindo o exterior e considerando a incerteza do cenário político doméstico. A bolsa fechou em queda de 1,78%, a maior baixa para um dia desde o começo de maio. Analistas técnicos mencionam a região de 116.600 pontos como suporte técnico do índice. O dólar subiu 1,44%, na maior alta diária desde o dia 19 de abril.

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MERCADOS GLOBAIS

Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 caíam 0,05%, 0,11% e 0,25%, respectivamente.

O Índice Stoxx Europe 600 opera estável, com as ações de bancos e small caps liderando os ganhos, enquanto os setores de telefonia e saúde recuavam. O índice alemão DAX subia 0,29% e o britânico FTSE100 perdia 0,39%.

O dólar americano opera misto no mercado de câmbio, sem uma direção clara. O DXY recua 0,04%, a 103,07 pontos. As moedas asiáticas apresentavam alguma valorização enquanto algumas moedas pares do real, como o peso mexicano, se desvalorizavam.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, ou T-Notes, operam em alta pelo sexto dia consecutivo, atingindo máximas desde março em 4,06%.

Na Ásia, as bolsas fecharam em queda, com o índice HSI de Hong Kong cedendo 0,90%, e o Xangai Composto encerrando em baixa de 0,28%. O índice Nikkei 225 da bolsa de Tóquio caiu 1,17%.

O Bitcoin perdia 3,26% nas últimas 24 horas, a US$30.102,20; o Ethereum caia 4,18% no mesmo período.

MERCADOS LOCAIS

Bolsa: O Ibovespa futuro pode abrir em baixa, seguindo a desvalorização do minério de ferro e as quedas das bolsas internacionais. No entanto, é incerta a reação dos investidores ao novo regime tributário, o que pode trazer volatilidade à bolsa, especialmente as ações do setor industrial. O Ibovespa tem suporte na mínima dos últimos dias em 116.559 e resistência nas médias de 9 e 21 dias de 118.300 pontos.

Câmbio: O dólar futuro pode abrir em alta, na continuidade do movimento de ontem, atento ao desempenho global da divisa americana e aos dados do Payroll. Um crescimento acima do esperado nos empregos dos EUA pode alimentar perspectivas de alta para os juros americanos e sustentar o dólar a nível global.

Juros: Os contratos de juros futuros na B3 podem refletir com mais clareza a reação do mercado à aprovação da Reforma Tributária. Os juros futuros nos EUA seguem em alta, o que também pressiona a curva DI.

DESTAQUES

Em uma mudança de última hora, o relator da Reforma Tributária na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP), incluiu no texto benefícios fiscais para a montadora chinesa de automóveis BYD, que vai se instalar no complexo industrial de Camaçari, na Bahia. (Folha)

A versão aprovada na Câmara da Reforma Tributária eleva o poder dos estados do Sul e Sudeste no Conselho Federativo, órgão que vai arrecadar e gerir o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) – o substituto do ICMS e do ISS. (Folha)

Empresários e economistas, em geral, acreditam que a simplificação do sistema de impostos pode contribuir para a produtividade e o crescimento de longo prazo da economia brasileira. (Estado)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva liberou R$5,3 bilhões em “emendas Pix” na última quarta-feira, véspera da aprovação da Reforma Tributária. As “emendas Pix” são recursos enviados diretamente da União para estados e municípios por indicação de parlamentares. (Estado)

A articulação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, foi importante para a aprovação da Reforma Tributária na Câmara, por ter trazido os governadores e os congressistas bolsonaristas para apoiar o texto. (O Globo)

A produção de petróleo nos Estados Unidos está a caminho de registrar um recorde histórico, o que ajuda a manter os preços de energia estáveis apesar do esforço da OPEP+ e da Arábia Saudita em pressionar cortes de produção. (The Wall Street Journal)

A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, disse estar “preocupada” com os novos controles de exportação impostos pela China, nas suas primeiras falas em Pequim. (CNBC)

O Payroll desta sexta-feira deverá apontar para geração líquida de 225 mil postos de trabalho em junho nos Estados Unidos, embora uma nova surpresa altista não esteja descartada, após fortes dados do mercado de trabalho reportados na quinta-feira. Das últimas cinco divulgações do Payroll, quatro vieram acima do consenso. (Mover)

Mais de 30 milhões de usuários aderiram à Threads até esta quinta-feira, o novo aplicativo desenvolvido pela Meta, que representa a mais séria ameaça ao Twitter, de Elon Musk. (Mover)

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, confirmou ontem troca no Ministério do Turismo, com a saída de Daniela Carneiro, e a entrada de Celso Sabino, depois da reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a então ministra. (Mover)