São Paulo, 14/2/2025 – O Ibovespa encerrou em alta o pregão desta sexta-feira, registrando o maior nível de fechamento desde 11 de dezembro, com pesquisa Datafolha apontando que aprovação do governo Lula desabou à mínima histórica de todos mandatos do petista. A notícia acelerou precificação, por operadores, de menor competitividade do petista caso decida concorrer ao pleito presidencial de 2026.
O Índice Bovespa terminou com alta de 2,70%, aos 128.218 pontos, com as estatais Banco do Brasil e Petrobras ampliando ganhos depois da queda acentuada na aprovação do petista, de acordo com Datafolha. O volume negociado na B3 foi de R$20,4 bilhões, abaixo da média móvel dos últimos 50 pregões, de R$16 bilhões.
Os vértices da curva de juros encerraram em queda na sessão regular, renovando mínimas após divulgação da pesquisa Datafolha, por volta das 16h00. A taxa DI com vencimento em janeiro de 2027 recuou 17,5 pontos-base, a 14,75%. Vencimentos para janeiro de 2035, cauda longa, cederam 29 pontos-base, a 14,51%.
O dólar futuro operava em queda de 1,12%, cotado a R$5,712, perto das mínimas intradiárias, que foram tocadas após Datafolha. Ao fim do dia, o índice Dólar DXY, que mede o desempenho desta ante outras moedas, operava em firme queda de 0,27%, aos 106,7 pontos na sessão.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve a pior avaliação de toda sua carreira como presidente, de acordo com pesquisa Datafolha de fevereiro. A aprovação do petista recuou fortemente no período, a 24%, ante leitura de 35% apontada em dezembro. Já a reprovação alcançou nível recorde, de 41%, ante 34%.
Foi a pior avaliação do petista no cargo. Antes, a pior leitura de reprovação do petista havia sido alcançada em dezembro de 2024, de 34%. Em termos positivos, a menor leitura alcançada por Lula havia sido de 28% de “ótimo e bom” em outubro e dezembro de 2005, auge da crise do mensalão.
A leitura negativa para Lula foi recebida com positividade por operadores de mercado, em meio à potencial perda de competitividade do petista em 2026, caso decida concorrer à reeleição.
Investidores ponderam, no entanto, potencial risco de novos estímulos fiscais por parte do governo, em meio à desaprovação crescente e sinais incipientes de desaceleração da atividade econômica, de acordo com dados recentes de vendas do varejo e volume de serviços.
Mais cedo, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que os juros estão caminhando para patamar “historicamente restritivo”, e ressaltou ser “importante” que o BC “tenha tempo” para avaliar os dados. Ele participou, mais cedo, de evento promovido pela FIESP, onde foi questionado por empresários, como Luiza Trajano, do Magazine Luiza, acerca do processo de aperto monetário.
A presidente do Conselho do Magazine Luiza pediu a Galípolo “para não comunicar mais que terá aumento de juros”, em falas que ecoaram questionamentos realizados anteriormente pelo empresário Rubens Ometto, controlador da Cosan, em meio ao atual encarecimento do custo de crédito.
Galípolo citou dados de alta frequência, que vêm indicando desaceleração da atividade, mas disse ser importante “ter certeza” que eles constituam “tendência”, e não apenas “produzam volatilidade”. O cenário-base para 2025, segundo Galípolo, seria ver “algum tipo de redução da atividade”, em meio ao encarecimento do custo de crédito, com efeitos esperados sobre a atividade econômica.
Entre as ações que compõem o Ibovespa, as maiores contribuidoras do índice foram as PN de Petrobras, Itaú e ON de Banco do Brasil, que avançaram 3,08%, 2,66% e 4,74%, respectivamente.
Entre as principais altas do Ibovespa, destaque para as ON de Vamos, Hapvida e CVC, que subiram 9,17%, 8,19% e 7,03%, respectivamente.
COMMODITIES
No mercado de commodities, futuros do petróleo Brent para abril recuavam 0,49%, a US$74,65 por barril ao fim do dia, devido às perspectivas de um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia, que poderia aliviar as interrupções no fornecimento global ao encerrar as sanções contra Moscou. As perdas foram limitadas por um atraso nas tarifas recíprocas imediatas dos EUA.
Os contratos futuros do minério de ferro recuaram 0,98%, na última madrugada em Dalian, embora tenham avançado em Cingapura, com o mercado de olho em ciclone tropical que impactou o maior polo de minério de ferro da Austrália.
BOLSA EUA
Os índices acionários americanos encerraram sem direção definida, em movimento de ajuste, embora com forte desempenho semanal, enquanto vendas no varejo mostraram retração pior que o consenso em janeiro, em meio à redução significativa de gastos por consumidores no período, após um período forte visto ao fim de 2024.
Os índices Dow Jones e S&P500 encerraram em queda de 0,37% e 0,01%, respectivamente. Nasdaq 100 avançou 0,38%. Em termos semanais os índices subiram 0,55%, 1,47% e 2,90%, na mesma ordem. Ao fim do dia, as Treasuries yields de dois e dez anos perdiam 4,6 pbs e 5,5 pbs, a 4,263% e 4,478%, na sequência.
Investidores reagiram aos dados de vendas no varejo para janeiro, que mostraram a maior queda em quase dois anos, de 0,9% na base mensal, pior que as expectativas do mercado, que previam uma queda de 0,1%. Em dezembro, houve revisão altista para o dado, a 0,7%.
A leitura apontou para retração em nove de treze categorias que compõem as vendas no varejo, em meio a incêndios significativos em Los Angeles no período – a segunda maior região metropolitana dos EUA – além de um frio severo em outras regiões do país. Os rendimentos das Treasuries recuaram com o dado, enquanto o dólar seguiu pressionado para baixo, diante de uma leitura mais amena à política monetária.
De acordo com os derivativos negociados na Chicago Mercantile Exchange (CME), investidores passaram a precificar um corte adicional dos juros pelo Comitê Federal de Mercado Aberto na reunião de 30 de julho. Ainda assim, o chair do Fed, Jerome Powell, afirmou nesta semana que o banco central “não está com pressa” para cortar os juros, após leitura altista para inflação de preços ao consumidor em janeiro.
O apetite ao risco visto nas praças globais, nesta semana, também decorre do entusiasmo visto após o presidente dos EUA, Donald Trump, assinar na tarde de ontem um memorando sobre um plano para impor tarifas recíprocas ante parceiros comerciais, embora sem impô-las imediatamente, o que favoreceu leitura, entre operadores, de espaço para negociação.
(LB + GP | Edição: Luciano Costa | Comentários: equipemover@tc.com.br)