Estrangeiros elevam estoque na dívida pública em meio a retirada da bolsa no começo do ano

Estrangeiros elevam estoque na dívida pública em meio a retirada da bolsa no começo do ano

Brasília, 26/2/2024 – Os investidores estrangeiros aumentaram o estoque na Dívida Pública brasileira em R$18,6 bilhões em janeiro, de acordo com dados do Tesouro Nacional de hoje, em período também marcado pela saída líquida do capital externo da B3, sinalizando uma renovação do apetite pela renda fixa diante de expectativas menos otimistas para o início de cortes de juros em países desenvolvidos.

A fatia da Dívida Pública composta por não-residentes avançou a 9,92% em janeiro, ante 9,48% em dezembro de 2023. O aumento da participação no período ocorreu em paralelo à retirada de montante semelhante do mercado acionário brasileiro

No acumulado do ano até o dia 22 de fevereiro, os estrangeiros retiraram R$17,4 bilhões da B3, em movimento que veio após dados de inflação e comentários de membros do Federal Reserve terem descartado a chance de uma redução das taxas já em março, que chegou a ser o cenário-base de muitos analistas no final de 2023, impulsionando na ocasião um grande fluxo de capital “gringo” para o mercado de ações brasileiro.

Com a reversão das apostas no afrouxamento monetário nos EUA já no iníco de janeiro, a B3 registrou retirada líquida de R$7,9 bilhões em capital no período. Dúvidas envolvendo o nível terminal dos juros no Brasil também têm pairado sobre os operadores.

Até o mês passado, os não-residentes concentram maior alocação em títulos prefixados, aqueles que tendem a se beneficiar de uma queda dos juros (78,0%).

Na sequência, os não-residentes detém alocação minoritária em títulos com taxa flutuante (13,0%) e, por fim, em outros títulos não especificados (9,0%).

Comentando o mês de fevereiro, o Tesouro observou que houve forte abertura dos rendimentos das Treasuries nos Estados Unidos, devido à força da economia e à persistência inflacionária, postergando expectativas de corte da taxa-alvo Fed Funds pelo banco central.

No mercado local, o Tesouro observou estabilidade na parte curta da curva de juros. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de cortar a Selic em 50 pontos-base no mês passado e continuar sinalizando manutenção do ritmo para as “próximas reuniões” teve pouco impacto na curva, segundo o órgão.

O Tesouro observou, no período, que a parte longa da curva subiu até 25 pontos-base, refletindo trajetória dos rendimentos das Treasuries e dados da inflação de janeiro, acima do esperado.

(GP | Edição: Luciano Costa | Comentários: equipemover@tc.com.br)

 

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