Presidente do Banco Central alerta

Campos Neto, do BC, diz que Brasil deve evitar 'tentação de controlar preços'

Campos Neto, do BC, diz que Brasil deve evitar 'tentação de controlar preços'

São Paulo, 3/4/2024 – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sugeriu hoje que o Brasil siga comprometido com o combate à inflação por meio da política monetária, sem apelar a medidas para segurar preços ou tarifas.

A afirmação do chefe do BC, que foi indicado originalmente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, vem em momento em que a gestão Luiz Inácio Lula da Silva discute uma medida provisória com objetivo de aliviar as contas de luz.

Ao discursar durante evento do Bradesco BBI, Campos Neto defendeu “evitar tentações de controlar preços no curto prazo às custas do fiscal”, sem mencionar medidas específicas.

“A gente já viu que isso não gera uma desinflação, digamos assim, sustentável. E acaba atrapalhando o processo de informação que o preço traz”, disse Campos Neto, que não endereçou suas falas.

Ontem, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse ter recebido aval de Lula para avançar com uma MP que visa conter as conta de luz. Segundo ele, há várias alternativas na mesa, incluindo possível uso de recursos da estatal Pré-Sal Petróleo SA e até do Orçamento da União, que poderia bancar alguns subsídios hoje custeados pelas tarifas.

“Precisamos de políticas que fomentem a credibilidade, para atrair capital estrangeiro”, disse Campos Neto, na sequência, durante o evento do Bradesco BBI.

Campos Neto, cujo mandato encerra-se ao fim deste ano, também foi questionado na conferência sobre qual seria a principal “dica” para o próximo chefe da autoridade monetária, que será definido pelo presidente Lula.

“A coisa mais importante para quem senta na cadeia é ter a firmeza de dizer ‘não’ quando necessário. Vai ser necessário, sempre é em algum momento. Dizer não é importante, porque os ciclos são diferentes, os desejos vão ser diferentes… é importante dizer não e explicar”, afirmou Campos Neto, em referência à diferença entre o ciclo político e o compasso do BC.

META É A META

No combate à inflação, Campos Neto alertou para preocupações com a inflação de serviços, que pressiona a massa salarial, e disse que as incertezas aumentaram, citando ainda um incômodo com as projeções de inflação de longo prazo do mercado, que não convergiram à meta do BC.

Para Campos Neto, existiria hoje uma visão no mercado de que a meta de 3% de inflação para 2025 não seria perseguida a ferro e fogo pela autarquia.

“As pessoas têm falado muito, incorporado que a meta não é a meta. A gente entende que a meta é a meta, tem que cumprir”, disse o chefe do BC.

Do lado das boa notícias para a inflação, Campos Neto projetou que a inflação de alimentos deverá voltar a cair nos próximos meses, após uma alta recente.

(LC | Edição: Gabriel Ponte | Comentários: equipemover@tc.com.br)