São Paulo, 24/02/2024 – O desempenho das ações brasileiras pode continuar a surpreender positivamente nos próximos meses, com o mercado financeiro já começando a precificar em alguma medida as eleições presidenciais de 2026, e com tarifas anunciadas por Trump que por enquanto ficaram abaixo das prometidas por ele durante a campanha, avaliou o time de estratégia do BTG Pactual.
“Em suma, acreditamos que pode haver algum alívio temporário no ruído das tarifas nos EUA, as pesquisas políticas no Brasil provavelmente continuarão muito desconfortáveis para o governo, e as medidas favoráveis às eleições têm maior probabilidade de ocorrer mais perto de 2026. Uma oportunidade de curto prazo? Parece que sim”, escreveram os analistas do BTG.
A visão contrasta com o amplo pessimismo do mercado no final de 2024, quando havia consenso sobre um 2025 desafiador para as ações brasileiras, após frustração de expectativas com pacote fiscal do governo Lula. No acumulado do ano até agora, o Ibovespa avança mais de 4%, ante retração de 10,36% em 2024.
“Continuamos a acreditar em portfólios equilibrados, estamos preparados para a volatilidade que está por vir, com longos meses até as eleições de outubro de 2026, mas acreditamos que a recente alta pode ser mais do que apenas uma recuperação do mercado”, acrescentou o BTG.
O banco de Andre Esteves admite que “ainda é muito cedo” para fazer grandes apostas nas eleições, mas diz que notícias desfavoráveis às chances de reeleição de Lula já estão fazendo preço.
“É inegável que as pesquisas políticas já estão influenciando a percepção do mercado, e atribuiríamos uma pequena parte da recente alta dos ativos brasileiros à política”, escreveram os analistas.
Para muitos no mercado, essa conjuntura de enfraquecimento do governo embute também riscos, dado que pode aumentar chances de Lula tomar medidas populistas para tentar reconquistar o eleitorado. Na visão do BTG, no entanto, isso aconteceria mais perto das eleições, e não já agora.
O BTG também comentou ver “vários sinais de desaceleração do crescimento econômico no Brasil”, como a contratação do índice IBC-BR, a diminuição do ritmo das vendas no varejo e do consumo de aço, além de vendas de caixas de papelão ondulado enfraquecendo.
“Na verdade, a atividade econômica mais lenta e um real muito mais forte já reduziram as expectativas do mercado sobre o quanto a taxa Selic teria que subir para conter a inflação – o DI Jan-26 do Brasil está agora em ~14,70%, com queda de 70bps no acumulado do ano”, disse o banco.
CHINA
Outro fator que poderá eventualmente ter implicações positivas para o Brasil seria uma aceleração da economia na China, onde o cenário “está mostrando sinais de uma tentativa de melhora”, segundo o BTG.
“O recente engajamento do presidente Xi Jinping com os principais empreendedores reforçou a confiança do mercado, sinalizando um apoio mais forte ao setor privado (depois expectativas não atendidas nos anos anteriores)”, apontou o Pactual.
Além disso, os analistas citaram o lançamento da inteligência artifical DeepSeek, alguns dados econômicos positivos e indicadores “mistos” sorbre o setor imobilíario, que “sugerem um ambiente econômico cautelosamente otimista à frente, o que ajuda”.
(LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)