Por: Felipe Corleta
A divulgação da Ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central hoje às 8h00 é o principal evento para os mercados locais desta terça-feira. Além disso, às 9h00, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) de junho, que pode impactar a abertura dos negócios locais.
No exterior, os mercados ensaiam uma recuperação após o primeiro-ministro chinês Li Qiang dizer no Fórum Econômico Mundial que o seu país pretende divulgar novas medidas “mais efetivas” para expandir a demanda doméstica. As bolsas na Ásia subiram, com Hong Kong registrando a primeira alta em seis dias. O minério de ferro disparou 4,11% em Dalian, oferecendo à bolsa brasileira e ao câmbio perspectivas positivas para o dia.
As bolsas na Europa operam sem direção clara, contrabalanceando o otimismo asiático com falas duras da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, de que os aumentos de juros “não cessarão tão cedo”. Os futuros dos índices acionários americanos subiam timidamente, puxados por ações de telefonia, tecnologia e energia no pré-mercado.
O petróleo Brent caía mais de 1,00%, refletindo a insegurança dos mercados com os riscos de recessão e a relativamente rápida resolução da insurreição do grupo mercenário Wagner na Rússia no final de semana. O dólar americano se desvaloriza ante a maioria das moedas observadas pela Mover.
No Brasil, a Ata do Copom detalhará um comunicado que saiu repleto de alterações na última decisão da Selic, com mudanças no balanço de riscos e nos parágrafos em que o BC indica como tomará as decisões de juros seguintes. A divulgação pode calibrar as expectativas para quando o BC deve iniciar os cortes na taxa de juros.
Na decisão na semana passada, o Copom disse que “a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação”. Afirmou também que “os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.
Em relação ao IPCA-15, o consenso aponta para leitura mensal de 0,01% – à beira de uma deflação -, ante avanço de 0,51% do índice em maio. Em doze meses, o consenso aponta para uma desaceleração de 4,07% em maio para 3,39% em junho. Qualquer número abaixo do esperado pode trazer um novo ânimo para os investidores por indicar ao BC que há espaço para iniciar os cortes da taxa de juros mais cedo ou em ritmo mais acelerado.
Para mais informações, acesse os Panoramas Corporativo e Político no pré-abertura. Fique de olho na cobertura dos indicadores e eventos mais importantes na agenda TC nos terminais da Mover e TC Economatica.
MERCADOS GLOBAIS
Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 subiam 0,05%, 0,18% e 0,40%, respectivamente.
O Índice Stoxx Europe 600 cedia 0,23%, com as ações de bancos e de consumo em alta, enquanto os setores de energia e saúde recuava. O Índice FTSE 100, da bolsa de Londres, perdia 0,24%, e o DAX, da bolsa de Frankfurt, caía 0,08%.
A maioria das moedas se valorizava ante o dólar americano. O índice DXY recuava 0,14%, a 102,6 pontos.
Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, ou T-Notes, subiam 1,6 pontos-base, a 3,74% ao ano.
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MERCADOS LOCAIS
A alta do minério, das bolsas no exterior e os ganhos dos ADRs de Petrobras e Vale no pré-mercado (de 0,42% e 0,73%, na mesma ordem) fazem crer em uma abertura em alta para o Ibovespa futuro. A divulgação da Ata do Copom e do IPCA-15 antes da abertura pode impactar a perspectiva.
O dólar futuro pode abrir em baixa de olho no movimento no exterior e pela valorização do minério de ferro, mas o dado de inflação e a Ata do Copom devem direcionar a abertura do câmbio.
Os contratos de juros futuros na B3 responderão ao IPCA-15 e à Ata do Copom.
DESTAQUES
A mal-sucedida rebelião armada do grupo paramilitar Wagner contra o Kremlin simboliza falhas no sistema russo e terá consequências para a guerra contra a Ucrânia, segundo o presidente da consultoria de risco Eurasia, Ian Bremmer. (Mover)
O Kremlin segue condenando publicamente a rebelião do grupo Wagner e disse que os soldados do grupo entregarão suas armas. O Kremlin disse ainda que “o Ocidente e a Ucrânia” já descartaram conversas de paz. (Reuters)
A Saudi Aramco, maior petroleira do mundo, crê que os fundamentos do mercado de petróleo permanecem “sólidos” para o segundo semestre, já que a demanda dos mercados emergentes liderados pela China e Índia compensará o risco de recessão nos mercados desenvolvidos. (Reuters)
O diretor-presidente da Itaúsa, Alfredo Setubal, afirmou ontem que uma queda substancial dos juros, como quer o governo, pode demorar mais algum tempo. Segundo ele, o Banco Central tem agido de forma cautelosa com o processo de afrouxamento monetário. Ele entende como provável que os cortes comecem a partir de setembro ou outubro. (Mover)
A Localiza definiu o preço por ação de R$66,64 por ação em sua oferta primária que deve levantar R$4,5 bilhões nesta quarta-feira. Os recursos serão usados para expansão de frota, investimento em tecnologia e nas redes de atendimento. A oferta, por um lado, indica uma reabertura do mercado de ofertas de ações e, por outro, pode impactar a liquidez do pregão, provocando vendas em outros ativos, disseram especialistas à Mover. (Mover)
A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, fará uma visita à China para conversas do primeiro escalão econômico americano com líderes do país. O governo de Joe Biden prepara medidas para regulamentar o investimento dos americanos em ativos chineses. (Agências)
O julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível será retomado hoje à noite com a leitura do voto do relator, Benedito Gonçalves. (Mover)
