Balanços animam exterior antes de PIB dos EUA

Vale frustra consenso e Campos Neto debate juros com Haddad

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Por: Patricia Lara

O mercado local reage ao resultado abaixo do esperado da Vale (VALE3)e calibra o movimento de alta nas bolsas europeias e os futuros dos índices acionários americanos após balanços acima das expectativas da Meta (M1ta34), a dona do Facebook, e de bancos. O destino do First Republic (F1RC34) segue no radar, após o colapso das suas ações na véspera. A agenda de indicadores desta quinta-feira é intensa com dados preliminares do Produto Interno Bruto dos Estados Unidos do primeiro trimestre, em meio ao receio de investidores com uma recessão. Aqui, a participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em debates com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e do Planejamento, Simone Tebet (MDB), no Senado, é outro ponto que movimentará a sessão diante da pressão para corte da taxa básica de juros Selic.

A Vale frustrou as expectativas do mercado no primeiro trimestre de 2023, após uma forte pressão de custos e vendas menores ofuscarem o impacto da alta dos preços do minério de ferro na comparação com o final do ano passado. O lucro líquido foi de US$1,84 bilhão entre janeiro e março, despencando quase 60% na comparação anual e cerca de 50% ante o trimestre anterior, segundo balanço divulgado ontem. O consenso de projeções colhidas pela Mover junto a analistas apontava para ganhos de US$2,33 bilhões. Perto das 7h30, os recibos de ações da Vale recuavam 2,66% no pré-mercado de Nova York. Mas um alívio para a empresa pode vir do preço do contrato do minério de ferro, que fechou a sessão na Bolsa chinesa de Dalian em leve alta.

No exterior, a manhã é de alívio com os resultados corporativos. A Meta voltou a registrar crescimento nas vendas após três trimestres de declínio e suas ações saltavam 12% no pré-mercado de Nova York. O faturamento no primeiro trimestre foi de US$28,6 bilhões, um aumento de 3% ante o mesmo período de 2022.

Bancos europeus também contribuem com o clima positivo nas bolsas. O Deutsche Bank anunciou seu maior lucro pré-imposto em uma década, após ver uma forte captação líquida de 12 bilhões de euros em suas divisões de private bank e gestão de ativos. Já o banco britânico Barclay’s informou hoje que seu lucro cresceu 27% no primeiro trimestre. As ações do Deutsche subiam 2,3% e as do Barclay’s 4,3% no pré-mercado.

Os rendimentos dos títulos da dívida do Tesouro dos Estados Unidos tinham leve alta antes da divulgação do PIB, que virá acompanhada pela publicação do índice de preços dos gastos com consumo no primeiro trimestre, o termômetro mais monitorado pelo Federal Reserve, o banco central americano, em busca de sinais de inflação. Os dados saem às 9h30. Os pedidos semanais de seguro-desmprego nos EUA serão divulgados no mesmo horário e o dia reserva ainda dados de vendas pendentes de imóveis em março e o índice do setor manufatureiro do Fed de Kansas City, além de vários balanços, incluindo os da Amazon e da Intel após o fechamento do pregão.

Nos EUA, um projeto de lei republicano para aumentar o limite da dívida e reduzir o financiamento do governo foi aprovado na Câmara na última quarta-feira, depois que mudanças conquistaram apoio. O projeto prevê elevação do teto em US$ 1,5 trilhão. O texto também propõe limitar o crescimento do orçamento público a 1% na próxima década. O texto deve ser rejeitado no Senado, segundo o Financial Times.

Aqui, o mercado vai acompanhar debate no Senado sobre juros, um dia após a prévia da inflação ao consumidor de abril mostrar desaceleração. Na terça-feira, Campos Neto foi ao Senado e voltou a repetir que o custo de combater a inflação no curto prazo é alto, mas que o custo de não combater é maior e perene.

“É muito difícil trazer a inflação para baixo sem gerar nenhuma desaceleração na economia”, afirmou em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa.

O governo ganhou ontem ação de cerca de R$90 bilhões no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O Supremo Tribunal Federal (STF) ainda decidirá sobre o tema, mas Haddad disse ontem que a vitória ajudará a dar sustentabilidade para o novo arcabouço fiscal e parte um corte de juros pelo BC.

A agenda de indicadores domésticos é extensa, com volume de Serviços, taxa de desemprego do Caged, dados fiscais do Governo Central e o IGP-M de abril.

DESTAQUES

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, voltou a afirmar na quarta-feira que o governo anunciará um terceiro pacote de medidas para aumento de receita se os dois primeiros não atingirem a meta estabelecida. A declaração foi feita após ela participar de evento da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE). (Estado)

O Congresso Nacional aprovou o projeto de lei que garantirá R$7,3 bilhões para o pagamento do piso salarial da enfermagem. O texto segue para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deve pressionar o STF para derrubar uma liminar que suspendeu o pagamento do piso desde setembro do ano passado. (Valor)

Senadores e deputados aprovaram ontem ainda o PLN 1/2023, que destina suplemento de R$4,2 bilhões para a área de ciência e tecnologia em 2023. Também foi aprovado o PLN 2/2023, que trata da recomposição salarial para os servidores públicos federais e o PLN 3/2023, que destina R$ 71,4 bilhões para pagamento de benefícios do Bolsa Família este ano. (Agência Senado)

O valor de mercado do First Republic tocou nível inferior a US$1,0 bilhão ontem, com investidores acompanhando a saga da instituição por compradores de seus ativos, em uma engenharia financeira para evitar o apoio do governo. O banco, que tinha valor de mercado de US$40 bilhões em novembro de 2021, fechou a quarta com valor de mercado de US$1,1 bilhão. (Reuters)

Os investidores trabalham em opções para o banco desde o mês passado, quando 11 instituições financeiras depositaram, temporariamente, um montante de US$30 bilhões na instituição para evitar perdas maciças oriundas do fluxo de saída de depósitos. O JPMorgan (JPMC34) chegou a conceber a ideia de criar um consórcio para comprar o First Republic. (Reuters)

A Meta sinalizou, ontem, o início de uma recuperação da sua área de publicidade digital. As vendas no primeiro trimestre avançaram a US$28,6 bilhões, após três trimestres consecutivos de quedas. O movimento também ocorre em um momento no qual o CEO da companhia, Mark Zuckerberg, lida com uma série de cortes de custos na companhia. (Agências)

A Vale registrou lucro líquido de R$1,84 bilhão no primeiro trimestre, abaixo do consenso de R$2,33 bilhões, em meio a uma forte pressão de custos e menores vendas, impactadas sobretudo por chuvas que restringiram exportações. (Mover)