Mercado internacional abre sem direção antes de Fed

No Brasil, destaque vai para o Copom

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Por: Leandro Tavares

São Paulo, 01/11/2023 – As bolsas internacionais operam sem direção única nesta quarta-feira, à espera da decisão sobre os juros americanos. Investidores continuam digerindo a temporada de balanços. No Brasil, véspera de feriado prolongado, o grande destaque será a divulgação da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom). 

A expectativa do mercado é que o Federal Reserve mantenha os juros no intervalo entre 5,25% e 5,50%, diante de uma contínua pressão causada pela alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano de longo prazo. Nesta manhã, os Treasuries de dez anos sobem 3 pontos-base, acima de 4,90%. 

No âmbito corporativo, a gigante farmacêutica britânica GSK sobe mais de 1% nesta manhã, após a companhia aumentar as projeções de lucro e receita para o ano. Agora, os investidores aguardam pelos números da Kraft Heinz nos EUA, antes da abertura do mercado. Após o fechamento, serão as vezes de Qualcomm e AIG.  

No Oriente Médio, Israel admitiu ter atacado um campo de refugiados em Gaza. Militares israelenses alegam ter matado um alto comandante do grupo terrorista Hamas. Contudo, estima-se mais de 100 palestinos mortos, incluindo crianças e mulheres, o que vem levantando a acusação de crime de guerra contra Israel. 

Na Ásia, os mercados fecharam mais uma vez mistos, com o iene japonês em forte desvalorização desde ontem e dados de atividade na China abaixo de 50 pontos, indicando retração. Na Europa, o PMI industrial do Reino Unido atingiu 44,8 pontos em outubro, abaixo da estimativa de 45,20 pontos, atestando a dificuldade de recuperação da atividade. 

Nos EUA, a decisão do Fed acontece a partir das 15h, com a coletiva de imprensa do presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, começando às 15h30. Às 8h, será divulgado o índice semanal de hipotecas, enquanto às 9h15 a ADP divulga a variação de empregos privados de outubro. A projeção indica a criação de 150 mil vagas. 

Às 10h45, a S&P Global divulga o PMI industrial de outubro, assim como a ISM, que também divulga o mesmo indicador. A expectativa é que ambos venham abaixo de 50 pontos. Às 11h, o Departamento de Trabalho divulga a oferta de empregos Jolts de setembro, com a previsão de 9,25 milhões de vagas de trabalho. Às 11h30, o Departamento de Energia divulga os estoques de petróleo da semana passada. 

No Brasil, o Copom deve cortar a Selic em 50 pontos-base pela terceira vez consecutiva, passando de 12,75% para 12,25% ao ano. A expectativa fica em torno do comunicado, que provavelmente continuará antecipando o mesmo ritmo de cortes para as próximas reuniões e reiterando a intenção de manter a política monetária em nível contracionista.

Às 9h, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga a produção industrial de setembro, que tem a estimativa de uma queda de 0,10% na base anual e uma alta de 0,70% na comparação com o mesmo período do ano anterior.

A S&P divulga, às 10h, o PMI industrial de outubro, enquanto às 15h o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulga a balança comercial de outubro, com projeção de um superávit de US$9 bilhões.

Na véspera do feriado prolongado, os agentes aguardam apenas a divulgação dos resultados do terceiro trimestre do Banco Pan, controlado pelo BTG Pactual, antes da abertura do pregão. 

Ontem, o Ibovespa encerrou em alta, em linha com o exterior, no aguardo das decisões de política monetária no Brasil e nos EUA. No mercado de câmbio, o dólar fechou em baixa, de olho na Superquarta e na Ptax do fim do mês. 

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MERCADOS GLOBAIS

Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 operavam em queda de 0,37%, 0,39% e 0,40%, respectivamente. 

O Índice Stoxx Europe 600 subia 0,13%, enquanto o índice alemão DAX tinha alta de 0,03% e o britânico FTSE-100 subia 0,02%. Entre os setores, destaque para o segmento de saúde, que subia 1%. 

O dólar americano operava em alta em comparação aos pares. O DXY tinha elevação de 0,16%, aos 106,881 pontos. No geral, as moedas operam sem direção única, com destaque para o rand sulafricano, que caía 0,38%. 

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de dez anos, ou T-Notes, operavam em alta de 3 pontos-base, a 4,903%.  

Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong caiu 0,06%, enquanto Xangai Composto teve alta de 0,14%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, subiu 2,41%. 

O minério de ferro com teor de concentração de 62%, negociado na bolsa de Dalian, subia 2,51% às 6h, cotado a US$125,32 por tonelada.

O petróleo tipo Brent, que serve como referência para a Petrobras, operava em alta de 1,26%, a US$86,09 por barril.

O Bitcoin tinha alta de 0,08% nas últimas 24 horas, a US$34.467,00; o Ethereum subia 0,21% no mesmo período. 

MERCADOS LOCAIS

Bolsa: O Ibovespa futuro deve abrir volátil, de olho nas commodities e no aguardo da decisão de juros no Brasil e nos EUA. Em relatório, o BB Investimentos diz que o índice tem suporte mínimo em 110.000 pontos e resistência máxima em 118.400 pontos.

Câmbio: O dólar futuro deve abrir em baixa, mesmo movimento de ontem, em compasso de espera pelas decisões de juros. 

Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem operar em baixa. Os juros futuros nos EUA operam em alta, à espera do Fed e do Powell. 

DESTAQUES

O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), negou nesta terça-feira que a mudança na meta fiscal tenha sido discutida na reunião com os líderes na Câmara dos Deputados da coalizão política do governo. Segundo ele, todos os líderes na Câmara falaram e todos os presidentes de partidos presentes também, mas sem tratar do tema meta fiscal. (Mover)  

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o Brasil “provavelmente” deve fechar o ano com a criação de 2 milhões de empregos com carteira assinada. Além disso, Lula reiterou que o Produto Interno Bruto (PIB) vai crescer três vezes mais do que o Fundo Monetário Internacional (FMI) previa inicialmente. Em abril, a entidade monetária estimou alta de 0,9% para a economia brasileira, porém revisou sua projeção para 3,1% em 2023. (Mover) 

O governo federal ganhou mais prazo para rediscutir a meta fiscal e decidir se irá bancar um déficit primário em 2024, uma vez que a presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), senadora Daniella Ribeiro (PSD), não deverá convocar a sessão do colegiado para leitura do relatório da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024. Isso porque, o regimento determina que Ribeiro convoque a sessão para leitura do relatório com 24 horas de antecedência, o que não ocorreu ontem e não deve acontecer hoje, segundo uma fonte próxima à senadora. (Mover) 

Governo debate mudança na meta e tenta estratégia para blindar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). Enquanto o ministro da Fazenda resiste à alteração, a ala liderada por Costa estuda enviar mensagem ao Congresso com um déficit de até 0,5% do PIB em 2024. (Valor) 

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, avisou Haddad e o presidente Lula que para ele não importa se a proposta que limita os incentivos fiscais das subvenções do ICMS trâmite por medida provisória ou Projeto de Lei (PL), mas reforçou que é necessário construir consenso em torno do mérito do texto. Lira disse que Haddad precisa convencer o colégio de líderes sobre a relevância da matéria em uma reunião na próxima semana. (Estadão) 

EUA cogitam controle internacional de Gaza após derrota do Hamas. Em audiência no Senado americano, secretário de Estado, Antony Blinken, afirma que solução ideal seria autoridade palestina assumir governo do enclave após a guerra. (Estadão) 

O iene japonês flertou com as mínimas em mais de três décadas na véspera ante o dólar americano, após o Banco do Japão anunciar uma mudança modesta no controle da curva de juros na decisão desta terça-feira. A moeda americana avançou 1,75% ante a divisa japonesa na sessão, tocando patamar de 151,71, e próximo da mínima de 1990, de 151,94 ienes. (Reuters)

Na decisão da véspera, o BoJ apontou que irá considerar um limite superior de 1% para os rendimentos dos títulos da dívida pública de dez anos como referência, e continuará a adquirir títulos em grande escala e a operar de forma ágil no mercado. (Reuters)

A WeWork planeja entrar com um pedido de recuperação judicial já na próxima semana, de acordo com fontes. A companhia perdeu o pagamento de juros aos seus detentores de dívida na data de outubro, e iniciou um pedido de carência de 30 dias durante o qual precisaria cumprir com os pagamentos. Caso não cumpra com o pagamento dos juros de seus títulos de dívida, a WeWork seria considerada inadimplente. (Wall Street Journal)

(LT | Colaboração de Gabriel Ponte | Edição: Machado da Costa | Arte: Vinicius Martins | Comentários: equipemover@tc.com.br)