Mercado de compensadores síncronos em alta

Qual será o próximo negócio de R$1 bilhão da WEG? Veja a aposta de analistas da XP e Itaú BBA

Qual será o próximo negócio de R$1 bilhão da WEG? Veja a aposta de analistas da XP e Itaú BBA

São Paulo, 30/10/2025 – Qual será o próximo negócio da multinacional brasileira WEG a romper a marca de R$1 bilhão em receita anual? Analistas da XP e do Itaú BBA têm a mesma aposta, que está diretamente relacionada às mudanças em curso no setor de energia em todo o mundo.

O crescimento acelerado da participação de usinas eólicas e parques solares na matriz elétrica global tem criado um desafio para a estabilidade das redes, uma vez que a geração de energia passa a estar associada ao vento e ao sol, que variam grandemente. Essa conjuntura fomentará a demanda por um equipamento específico produzido pela WEG, os compensadores síncronos.

Essas máquinas, que têm como função regular a tensão da rede elétrica e adicionar inércia ao sistema, tornando a rede mais resiliente, e ajudando a evitar blecautes, foram apontadas pelo próprio CEO da WEG, Alberto Kuba, em evento recente, como uma das principais fontes de otimismo da empresa para os próximos anos, junto com mobilidade elétrica e sistemas de baterias conhecidos como BESS.

“Vemos um grande backlog para compensadores síncronos no exterior e no Brasil reforçando nossa visão de que essa pode ser a primeira avenida (entre novos negócios da WEG) a atingir R$1 bilhão em receita líquida, potencialmente em 2027, seguido pela mobilidade elétrica”, escreveram os analistas da XP, Lucas Laghi, Fernanda Urbano e Guilherme Nippes, em relatório nesta quinta-feira (30/10).

Antes, em janeiro, a equipe do Itaú BBA, liderada por Daniel Gasparete, havia feito a mesma aposta nos compensadores síncronos como o próximo “negócio bilionário” da WEG, dedicando um capítulo inteiro de um relatório para a tecnologia e seu potencial.

DEMANDA ACELERANDO
Os compensadores síncronos também foram tema de uma apresentação específica durante o WEG Day 2025, encontro da empresa com investidores. Na oportunidade, a WEG disse ter 1.233 MVAr em projetos de compensadores síncronos em execução e em carteira, enquanto um leilão de novos projetos de transmissão de energia agendado para esta sexta-feira (31/10) no Brasil deverá, sozinho, representar uma demanda de 1.950 MVAr a ser atendida nos próximos anos. Em licitações de transmissão no exterior, a WEG estima mais 4.650 MVar previstos em demanda.

Somente como resultado do leilão no Brasil, os vencedores deverão investir entre R$1 bilhão e R$2 bilhões em compensadores síncronos, segundo cálculos da equipe do BTG Pactual. “E esperaríamos que a WEG capture uma participação de mercado similar ou maior comparado ao mercado de transformadores”, apontaram. Eles estimam a fatia de mercado da WEG na venda de equipamentos como transformadores e subestações em de 30% a 40% da demanda gerada por cada licitação.

O leilão de projetos de transmissão de 31 de outubro oferecerá sete lotes de projetos, com investimento total estimado em R$5,5 bilhões pela Agência Nacional de Energia Elétrica, e prazo de 42 a 60 meses para entrega dos empreendimentos. Três dos lotes incluem exigência de instalação de compensadores síncronos, que seriam implementados em sete subestações de energia no Rio Grande do Norte, Minas Gerais e Rondônia.

No final de setembro, a WEG anunciou investimento de R$1,1 bilhão para aumentar a capacidade produtiva da unidade de Energia, em Jaraguá do Sul, com construção de um parque fabril orçado em R$900 milhões, que será dedicado à produção de equipamentos de grande porte, incluindo compensadores síncronos de até 330 MVAr. Início das operações é previsto para 2028.

“Em nossa visão, a WEG deverá ser a líder de mercado no Brasil”, apontaram os analistas do Itaú BBA, estimando que a companhia poderia atingir 60% de participação no mercado doméstico do equipamento e 10% no internacional, onde há maior competição.

“Esse produto, sozinho, tem potencial de se tornar um mercado de bilhão, em dólares, para a WEG”, escreveu o time do BBA, ainda em janeiro, projetando que a empresa poderia gerar R$2 bilhões em receita já em 2026 com essas máquinas, resultando em contribuição de R$400 milhões para o lucro líquido.