Normalmente, quando as pessoas falam em aplicar o seu dinheiro, é comum que se pense primeiramente nas empresas nacionais e na compra de ações através da Bolsa de Valores.
Mas e quando você deseja investir fora do Brasil, parece muito difícil não é mesmo? Porém saiba que existem ativos para esse mercado.
Para isso, é claro que se tem de usar um tipo de aplicação financeira que nem todos conhecem: os BDRs.
A partir de agora, você vai aprender do que se trata esse tipo de investimento e se ele tem mesmo potencial para trazer lucro. Saiba tudo lendo agora!
O que são BDRs?
Primeiro, é importante saber o que são exatamente os BDRs. A sigla significa Brazilian Depositary Receipt e, em Português, quer dizer Recibos Depositários Brasileiros.
Sendo assim, os BDRs são títulos financeiros que podem ser negociados na Bolsa de Valores e emitidos por corretoras de valores. Eles representam ações de empresas estrangeiras que estão listadas na bolsa.
Ao comprar BDRs, o investidor está investindo nas ações dessas empresas estrangeiras e a corretora é responsável por representar essas ações e fornecer informações sobre desempenho e dividendos. Para a empresa em si, isso é muito benéfico porque significa uma chance de ter mais dinheiro em seu capital.
Para quem fica com um pouco de medo de colocar o seu dinheiro dessa forma em empresas estrangeiras, é importante ressaltar que pode se tratar de empresas bem conhecidas e de credibilidade e uma pesquisa bem feita pode ajudar a ter segurança em qual empresa investir.
Afinal, algumas das empresas que recebem investimentos do tipo BDRs são Microsoft e Nike, ou seja, corporações mundialmente valorizadas e que têm enorme ganho mensal.
Quais os tipos e níveis de BDRs?
Para aqueles que se interessam pelos BDRs é importante, primeiramente, entender as suas divisões. Estas são em tipos e também em níveis, valendo a pena compreendê-las antes de decidir como o investimento será feito.
Com relação aos tipos, há dois deles:
Não patrocinado
Os BDRs patrocinados são aqueles em que a empresa estrangeira em questão contratou uma instituição financeira no Brasil para emitir e negociar os títulos no país.
Por exemplo: o McDonald’s fez uma grande pesquisa e percebeu que pode haver muitos investidores por aqui, buscando uma emissora para que os BDRs sejam negociados.
Patrocinado
Já os BDRs não patrocinados são emitidos por instituições financeiras sem a necessidade de autorização ou contrato prévio com a empresa estrangeira.
Os BDRs não patrocinados foram criados para ampliar o acesso dos investidores brasileiros a ações de empresas estrangeiras que não possuem ações negociadas na bolsa brasileira. Como esses títulos são negociados na bolsa de valores brasileira, os investidores podem adquiri-los com mais facilidade, sem precisar abrir conta em corretoras no exterior e com a facilidade de negociação na moeda local.
No entanto, é importante ressaltar que os BDRs não patrocinados podem apresentar maior risco do que os BDRs patrocinados, já que esses títulos podem ser emitidos sem o consentimento ou conhecimento prévio da empresa emissora, o que pode gerar maior volatilidade e incerteza no preço desses títulos. Por isso, antes de investir em BDRs não patrocinados, é fundamental que o investidor avalie cuidadosamente os riscos envolvidos e conheça a empresa emissora e as regras de negociação desses títulos.
Além disso, os BDRs são classificados em diferentes níveis de acordo com as regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Esses níveis determinam o grau de apoio ou garantia da empresa emissora em relação a esses títulos. A seguir, a explicação sobre os níveis, mas é interessante já salientar que eles dizem respeito apenas aos BDRs patrocinados:
- Nível I: No nível I, as empresas estrangeiras não precisam se registrar na CVM do Brasil para emitir os BDRs. Anteriormente, somente investidores qualificados (com mais de R$ 1 milhão em investimentos) tinham acesso aos BDRs do nível I. No entanto, a partir de 22 de outubro de 2020, investidores não qualificados também passaram a poder negociar BDRs do nível I, dependendo do mercado em que os valores mobiliários que servem como lastro são listados.
- Nível II: No nível II, as empresas estrangeiras precisam se registrar na CVM e seguir requisitos adicionais, como a divulgação de informações financeiras e a adesão a práticas de governança corporativa brasileiras. Os BDRs do nível II são acessíveis tanto para investidores qualificados quanto para investidores não qualificados.
- Nível III: No nível III, as empresas estrangeiras também precisam se registrar na CVM e cumprir os mesmos requisitos do nível II. Além disso, elas podem realizar ofertas públicas de BDRs no Brasil, permitindo que investidores de varejo (pessoas físicas) adquiram esses títulos. Os BDRs do nível III possuem uma maior liquidez e são mais acessíveis a um público mais amplo.
Quanto rende um BDR?
Os BDRs dependem do desempenho da empresa estrangeira que está sendo representada. Em outras palavras, se a empresa apresentar bons resultados, com aumento de lucros e distribuição de dividendos aos acionistas, o preço do BDR tende a subir e, consequentemente, o investidor terá um rendimento positivo.
Por outro lado, se a empresa apresentar resultados negativos, com queda de lucros e redução de dividendos, o preço do BDR tende a cair e o investidor pode ter prejuízo.
É importante destacar que o investimento em BDRs pode apresentar riscos adicionais, como volatilidade cambial e risco político e econômico do país em que a empresa estrangeira está sediada. Além disso, o rendimento do BDR também pode ser afetado por taxas de corretagem, custódia e outras despesas relacionadas à negociação dos títulos.
Por isso, antes de investir em BDRs, é fundamental que o investidor avalie cuidadosamente os riscos envolvidos e conheça a empresa emissora, seus fundamentos financeiros, histórico de resultados e perspectivas de crescimento.
É importante também diversificar a carteira de investimentos, investindo em diferentes classes de ativos e setores econômicos, para reduzir o risco de perda financeira.
E nunca podemos desconsiderar que: instabilidades mundiais, como uma pandemia, têm potencial para diminuir todos os rendimentos, inclusive dos BDRs. Portanto, é preciso ficar atento na hora de aplicar o dinheiro desses recibos.
É bom investir em BDRs?
Seguramente, há muitos pontos positivos que fazem que aplicar dinheiro em BDRs seja uma boa opção. A seguir, algumas vantagens:
É fácil
Os investidores menos experientes podem achar que é preciso se cadastrar em alguma empresa estrangeira para fazer esse tipo de negociação, mas não é! Dá para aplicar em BDRs sem nunca ter acessado uma corretora estrangeira, simplesmente usando uma corretora brasileira para ter acesso a B3.
Pode aplicar dinheiro em grandes multinacionais
Sem dúvida, a possibilidade de se tornar investidor de uma grande multinacional está dentre as razões pelas quais os BDRs valem tanto a pena. A Amazon, por exemplo, é uma das corporações que permitem esse tipo de investimento.
Ótimo para diversificar
Normalmente, os especialistas sempre dão a orientação de não usar um tipo único de investimento e os BDRs são uma opção. Assim, quem gosta de investir deve ter alguns valores investidos em BDRs para ter uma maior diversidade.
Valoriza-se com o dólar
No geral, os BDRs estão associados ao valor do dólar e, levando em conta que essa é uma das moedas mais caras, a chance de bom retorno financeiro é imensa.
- Leia também: Debêntures: vale a pena investir nesses papéis?
Quais BDRs pagam mais dividendos?
Mesmo que haja a possibilidade de se aplicar dinheiro em multinacionais de bom resultado, é claro que sempre aparece a dúvida com relação a quais escolher.
Se a intenção é formar patrimônio por meio dos dividendos, é importante que se escolham os BDRs de corporações que paguem o máximo possível.
A seguir, alguns exemplos de tipos de BDRs:
- Lumen Technologies: essa é uma companhia tecnológica que costuma sempre estar listada dentre as de maior retorno;
- Medical Properties Trust: companhia que atua no ramo médico;
- Annaly Capital Management: seu ramo de atuação é um dos mais comuns nos Estados Unidos: a hipoteca.
Cabe dizer que, para que essas corporações sejam escolhidas como algumas das mais lucrativas no quesito “dividendos”, tem-se uma projeção para um ano.
É claro que muitas pessoas optam por aplicar BDRs em empresas que tenham dividendos menores, mas que sejam mais conhecidas, como a Microsoft.
- Leia também: Onde investir: Dicas para fazer seu dinheiro rende
Como investir em BDRs?
Como falado anteriormente, não existe necessidade de ser cliente da corretora estrangeira, mas é claro que será preciso sim ser correntista no Brasil. Assim, a primeira coisa é definir em qual corretora se quer abrir uma conta e realizar depois o depósito inicial.
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No geral, as corretoras dão algumas opções para quem deseja fazer o depósito inicial, como usar boleto bancário, PIX ou cartão de crédito. Vale lembrar que cada uma das corretoras tem o seu próprio valor mínimo e que, para não prejudicar o lucro, o bom sempre é procurar pela assistência de um especialista.
A seguir, é só procurar pelo BDR no qual se quer investir e, da mesma forma que se faz com outros ativos, é importante localizar a sua identificação.
É importante deixar claro que existe a possibilidade de se fazer investimento em mais de um BDR, de acordo com a preferência e, claro, com o capital de quem está aplicando o dinheiro.
- Leia também: Reserva de Emergência: a importância de ter a sua
Como se lucra com BDRs?
Existem basicamente duas formas de lucrar com BDRs: valorização do preço do título e recebimento de dividendos.
A valorização do preço do BDR ocorre quando a empresa estrangeira que está sendo representada pelo título apresenta bons resultados financeiros, com aumento de lucros, expansão de mercado ou outros fatores positivos que geram expectativas positivas no mercado.
Nesse caso, a demanda pelo BDR aumenta e, consequentemente, seu preço de mercado sobe, permitindo que o investidor lucre com a venda do título por um preço mais alto do que o preço de compra.
Além da valorização do preço do BDR, o investidor também pode receber dividendos distribuídos pela empresa estrangeira. Quando uma empresa paga dividendos aos seus acionistas no exterior, a corretora que emitiu o BDR no Brasil recebe esses valores e repassa aos detentores dos títulos, em geral descontando taxas e impostos.
O investidor pode optar por reinvestir esses dividendos em mais BDRs ou usar o dinheiro para outros fins.
Quantas BDRs valem uma ação?
As pessoas que têm pouco domínio sobre o que são as BDR acabam confundindo facilmente esse tipo de ativo com as ações. A relação entre o número de BDRse o número de ações subjacentes varia de emissão para emissão. Normalmente, cada BDR representa uma quantidade específica de ações da empresa emissora, que é especificada no momento da emissão.
Porém, é preciso ressaltar que esse não é um processo simples: o fato de alguém aplicar seu dinheiro em uma BDR não quer dizer que ele estará aplicando em uma ação. É preciso contar com um conversor e esse valor vai mudar de acordo com cada corporação estrangeira.
Isso quer dizer que o melhor é que o investidor não fique tão focado nessa conversão, e sim na escolha de BDRs que tenham bom retorno no mercado. Essa postura sim aumentará a garantia de que o retorno em dividendos vai chegar.
Contudo, se for importante para o investidor saber qual é a relação entre uma ação e um BDR, o melhor é pedir instruções a um especialista financeiro.
Quais as desvantagens de investir em BDRs?
Assim como ocorre com todos os ativos, é claro que a aplicação financeira em BDR não é cheia apenas de vantagens.
Na verdade, também existem as partes negativas de se escolher esse tipo de ativo para aplicação financeira e aqui estão elas:
O dólar pode cair
Mesmo que o dólar seja uma das moedas mais valorizadas ao longo dos pregões, existe a chance de que ele se desvalorize e, se isso acontece, o valor do BDR também cai.
Portanto, quem faz esse tipo de investimento precisa contar também com a valorização do dólar e não apenas com a atividade da corporação em si.
É um pouco mais difícil para pessoas físicas
Desde 2020, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) permitiu o acesso de investidores pessoa física aos BDRs, antes restritos aos investidores qualificados. Através da Instrução CVM 625/2020, é possível investir em BDRs de nível I, que representam ações de empresas estrangeiras listadas em bolsas de valores no exterior, com um valor mínimo de investimento de R$ 1.000,00.
O valor mínimo para investir em BDRs pode variar de acordo com as corretoras de valores, mas geralmente o valor mínimo é de algumas centenas ou milhares de reais, dependendo do BDR escolhido e do nível em que ele está classificado.
Quando as ações caem, é comum que o BDR caia junto
Apesar de BDR e ações serem ativos financeiros diferentes, é verdade que a desvalorização deles pode andar juntas, acontecendo o mesmo com a sua valorização.
O motivo é simples: se a empresa está com as suas ações em baixa, significa que ela não está sendo tão bem-vista no mercado e isso vai impactar o seu BDR também.
Vale a pena investir em BDRs?
Essa pergunta é bastante comum para quem não está habitado com BDR: será que vale a pena aplicar dinheiro em empresas estrangeiras por meio de depósitos?
A verdade, primeiramente, é que isso vale a pena, mas exige pesquisa prévia e também uma escolha assertiva do BDR . A segunda coisa a se destacar é que, por não ser um investimento tão conhecido por aqui, o melhor é que se faça isso com a orientação de um especialista.
De maneira geral, dá para dizer que o BDR é sim uma forma interessante de se aplicar dinheiro porque ele foge do tradicional: em vez de a carteira ser focada unicamente em ações comerciais, existe a chance de aplicar em ações estrangeiras de forma indireta.
A questão a qual os investidores precisam ter atenção é que o BDR precisa ser de uma empresa confiável, de uma corporação que tenha respeito no mercado. Com esse cuidado, as chances de se ficar feliz com um investimento em BDR são enormes.
- Leia também: Quais são os 10 princípios da economia?
Como funciona um BDR?
Com relação ao funcionamento de um BDR, não há muita dificuldade para que se compreenda. Na realidade, as empresas estrangeiras têm interesse em receber capital brasileiro, já que isso vai ajudá-las de muitas formas, e como vimos anteriormente os BDRs são patrocinados e não patrocinados.
Para isso, além das suas ações comuns, elas aceitam depósitos, que são os BDRs. Esses depósitos fazem com que o investidor brasileiro tenha direito ao recebimento de dividendos, que costumam ser calculados de forma anual.
Para a compra de BDR, o investidor só precisa usar uma corretora de valores, da mesma forma que faz quando deseja outros investimentos.
Sendo assim, ele tem de saber o ticker, que é a identificação do BDR, procurar por ele na lupa e comprar. Dá para fazer isso com vários tipos de BDR, mas sempre sendo empresas estrangeiras.
É possível vender o BDR também, assim como se faz com as ações. Isso é recomendado no momento em que se percebe que houve algo que derrubou o valor de mercado dessa empresa.
Contudo, para saber exatamente que momento é esse, a recomendação é que sempre se conte com a assessoria de um especialista.
Conclusão
Pessoas jurídicas e físicas têm se aproveitado de uma possibilidade relativamente desconhecida de investimento que se chama BDR.
Na prática, são recibos brasileiros enviados a empresas estrangeiras e há grandes nomes com esses ativos disponíveis, como a Nike.
Os valores que se pode aplicar em BDR são diversos, mas é importante ficar atento: em alguns, não são permitidas aplicações muito baixas.
Para que se invista em BDR, o mais recomendado é que se escolha uma corretora e seja-se cliente dela. A partir de então, busca-se pelo ticker do BDR e realiza-se o envio do depósito.
É fundamental ter em mente ainda que as corretoras cobram porcentagens variadas de taxas e que a escolha da corretora com valor mais baixo tem muita relação com o lucro que se obtém.
