US$334,2 bilhões em caixa

Buffett reforça a acionistas a preferência por ações e discorre sobre erros em carta anual

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Brasília, 24/02/2025 – O CEO da Berkshire Hathaway, Warren Buffett, minimizou no último sábado preocupações em torno do nível de caixa recorde que a companhia alcançou ao fim de 2024 em sua tradicional carta anual aos acionistas.  

No documento, uma tradição acompanhada pelos investidores da Berkshire anualmente, Buffett discorreu, também, sobre os investimentos do conglomerado em companhias japonesas, e comentou o estilo de liderança de CEOs de empresas que receberam aportes da Berkshire.  

Buffett, que completará 95 anos em agosto, também abordou a sucessão da companhia, mencionando Greg Abel, e abordou um tema tão custoso ao mundo corporativo: o erro.  

Abaixo, alguns pontos principais da carta, elaborados pela Mover, unidade de notícias de inteligência do mercado do TC:  

1) “Dependi do sucesso dos negócios dos EUA e continuarei a depender.” 

O nível de caixa da Berkshire Hathaway ao fim de 2024 alcançou patamar recorde de US$334,2 bilhões, acima dos US$325 bilhões ao fim do 3T24. Ainda assim, Buffett assegurou aos acionistas que a companhia seguirá com alocação majoritária em ações – principalmente de empresas americanas.   

“A Berkshire nunca irá preferir deter ativos equivalentes de caixa ante bons negócios, mesmo se controlados ou parcialmente detidos.” 

2) “Você provavelmente deverá ver, ao longo do tempo, a posição da Berkshire Hathaway nas cinco companhias japonesas detidas aumentar um pouco.” 

Buffett pontuou que uma exceção aos investimentos da Berkshire nos EUA é a alocação de capital em companhias japonesas – ITOCHU, Marubeni, Mitsubishi, Mitsui e Sumitomo – cujo início remonta a julho de 2019.  

Buffett afirmou que, com o passar do tempo, a admiração pelas cinco companhias tem “aumentando consistentemente”, em razão do estilo de gestão dos seus CEOs, o respeito perante investidores e a alocação de capital.  

“No início, concordamos que a Berkshire deteria participação em cada uma das companhias (japonesas) abaixo de 10%. Mas, como nos aproximamos desse limite, as cinco companhias concordaram em flexibilizar esse ‘teto’ moderadamente”, explicou.  

3) “Eu nunca olho para onde um candidato estudou. Nunca!” 

Buffett contou, brevemente, a história de Pete Liegl, cuja companhia – Forest River – foi adquirida pela Berkshire em 2005. Buffett tentou sintetizar a relação de confiança na persona, gestão e liderança de Liegl.   

“É claro que há grandes gestores que frequentaram as mais famosas universidades. Mas há vários, como Pete, que podem ter se beneficiado por terem frequentado uma instituição de menor prestígio ou mesmo não se preocupado em terminá-la”, disse.  

Buffett citou, adiante, Bill Gates, amigo pessoal, e recomendou a leitura de sua autobiografia, intitulada no Brasil “Código-fonte: Como tudo começou”.  

4) “Com 94 anos, não demorará muito para Greg Abel me substituir como CEO.” 

Segundo Buffett, Abel compartilha da crença da Berkshire de que um “report”, ou carta, é algo que o CEO da companhia deve, anualmente, aos acionistas da empresa.  

“E ele também entende que se você começa a enganar seus acionistas, você logo acreditará em suas próprias bobagens e estará se enganando também.” 

5) “Erros – Sim, nós os cometemos na Berkshire.” 

De acordo com Buffett, algumas vezes ele cometeu erros ao avaliar as perspectivas econômicas de um negócio adquirido pela Berkshire – sejam companhias com alocação parcial, ou aquelas com aquisição total.  

“Entre o período de 2019-2023, eu usei as palavras ‘equívoco’ ou ‘erro’ 16 vezes em minhas cartas a vocês. Muitas outras grandes companhias nunca utilizaram quaisquer uma dessas palavras ao longo desse intervalo.” 

Buffett, que já foi diretor de grandes companhias, também pontuou que termos que remetem à ideia de erro eram proibidos em reuniões do conselho ou mesmo em calls com analistas.  

“Esse tabu, implicando em uma perfeição de gestão, sempre me deixou nervoso (embora, às vezes, poderiam haver problemas legais que tornavam aconselhável uma discussão limitada). Vivemos em uma sociedade muito litigiosa”, finalizou.