Ray Dalio alerta

Dalio alerta para 'espiral mortal da dívida' no Reino Unido e vê sinais perigosos nos EUA

Dalio alerta para 'espiral mortal da dívida' no Reino Unido e vê sinais perigosos nos EUA

Brasília, 22/1/2025 – O investidor bilionário Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates, afirmou que o Reino Unido pode estar adentrando uma trajetória “espiral mortal da dívida”, no qual terá de contrair “mais e mais dinheiro” para custear o seu crescente serviço da dívida, e que os mercados exibem sinais de “dificuldade” em absorver os custos de financiamento dos Estados Unidos, de acordo com o Financial Times.

Segundo Dalio, o recente “sell-off” visto nos títulos locais – os “gilts” – em conjunto com um enfraquecimento da libra esterlina – sugere que o mercado apresenta “dificuldade” em absorver as crescentes necessidades de financiamento do Reino Unido desde a apresentação do Orçamento, em outubro de 2024, que incluía medidas como aumento significativo de impostos.

“Parece uma espiral mortal da dívida para mim porque irá requerer mais financiamento para custear o serviço da dívida que terá de ser custeado, eliminar outras despesas, e irá requerer mais taxas”, afirmou Dalio. Também de acordo com ele, a turbulência vista nos mercados “reflete um problema de oferta e demanda” pelas gilts”.

No início deste ano, os custos para empréstimos de longo prazo do Reino Unido avançaram ao maior patamar desde 1998. “Por qual motivo os rendimentos de longo prazo avançam em um momento em que há alívio monetário, recuo do câmbio e a economia está enfraquecida?”, questionou Dalio.

Também de acordo com Dalio, os EUA estão “exibindo sinais” de que o mercado pode começar a ter dificuldade em absorver suas necessidades de financiamento, classificando o peso da dívida como “primeiro grande tema” que o presidente Donald Trump terá de lidar neste segundo mandato.

Na semana passada, o indicado ao posto de secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que o país lida com um problema de despesas, principalmente em razão de não vivenciar nenhuma guerra ou recessão. Segundo Bessent, o Tesouro poderia viver “dificuldades” caso tivesse de enfentar uma nova crise, precisando se financiar em uma situação em que fosse chamado a “salvar o povo americano ou o mundo”.

Mercados observaram, neste início de ano, um estresse nos custos de financiamento de grandes economias, como Reino Unido e EUA, mesmo em um cenário de alívio monetário pelos bancos centrais locais. Além dos gilts, as Treasuries yields de trinta anos avançaram a patamar superior a 5% no início deste mês, sob perspectiva de uma economia resiliente e inflação persistentemente elevada, que diminuem apostas em cortes de juros.

Como notou o Financial Times, alguns investidores também sinalizaram preocupação com as elevadas necessidades de financiamento de grandes economias para administrarem peso significativo da dívida.