Luiz Carvalho participou de transmissão do TC

Petrobras, PRIO, 3R, Cosan, Braskem; analista-chefe do UBS-BB comenta ´cases´ no TC Traderscast

Petrobras, PRIO, 3R, Cosan, Braskem; analista-chefe do UBS-BB comenta ´cases´ no TC Traderscast

São Paulo, 15/08/2024 – A Petrobras ainda vai gerar muito caixa e bons retornos, e segue como opção atrativa para o investidor estrangeiro apesar das sinalizações recentes que assustam parte do mercado local, mais focado no curto prazo, avaliou o analista do UBS-BB Luiz Carvalho, em participação no Traderscast, do TC.

Durante a live, transmitida na noite de quarta-feira pelas redes do TC, Carvalho também comentou a tese de investimento na PRIO, vista como uma companhia com bom histórico de alocação de capital e potencial de crescimento orgânico e inorgânico.

O chefe de cobertura de óleo e gás do UBS-BB, que antes de se tornar analista atuou na indústria de petróleo, e chegou a trabalhar embarcado, comentou também perspectivas para a 3R após recente associação com a Enauta, para a qual vê boas perspectivas, mas faz um alerta. Cosan e Braskem também foram alvo de análises durante o Traderscast.

Confira a seguir os principais destaques da conversa, disponível no YouTube do TC. 

PETROBRAS

Depois das eleições vencidas pelo presidente Lula, o governo emitiu sinalizações para a Petrobras que preocuparam parte do mercado, e o UBS-BB chegou a sugerir venda do papel, mas depois avaliou que a empresa segue atraente e passou a recomendar ´compra´, posição mantida ainda hoje.

>> “A governança da Petrobras se mostrou muito mais robusta. As eventuais pioras, digamos assim, em alguns pontos da companhia, estão levando muito mais tempo. É um transatlântico, não adianta uma pessoa entrar lá e achar que em um dia vai mudar”.

>> “Quando olhamos médio e longo prazo, a Petrobras é uma das mais competitivas em custo de produção no mundo, está expandindo produção. Com petróleo a US$80/barril, vai gerar muito caixa, e temos recomendação de ‘compra’ porque achamos que os dividendos vão ser bastante saudáveis, acima dos pares internacionais”.

>> “Organizamos uma viagem com a Magda Chambriard e o Fernando Melgarejo (CEO e CFO da Petrobras) para falar com investidores, e entre investidores de mercados emergentes o feedback foi muito positivo. Não podem comprar Rússia, a Saudi Aramco é muito cara… tem poucas opções líquidas (de petroleiras). Quando olho para Petrobras, tem questões que tem e sempre vai ter, como uma empresa de economia mista, mas isso já está meio implícito nos múltiplos. Ela negocia abaixo da média de pares, mais barata até que YPF, Ecopetrol.”

>> Há certa “inocência” de investidores em expectativas pela exploração da Margem Equatorial, uma vez que mesmo que tenha sucesso nas primeiras perfurações a Petrobras só extrairia alguma gota de petróleo de lá em pelo menos cinco anos, “por baixo”, disse Carvalho.

>> O maior risco atualmente para a tese de Petrobras é a empresa investir em fusões e aquisições que diminuam a capacidade de pagar dividendos, e que possam não gerar retornos à frente, disse Carvalho. “O risco é de M&A: recomprar uma RLAM, investir na Namíbia, comprar Braskem. Mas não acredito em nenhum investimento que não faça sentido financeiro.” A eventual aquisição de um campo exploratório na Namíbia, por si, não seria suficiente para prejudicar os proventos, pois poderia ser realizada com parceiros e quitada sem usar caixa, em modelos conhecidos no setor de petróleo como ´farm in/farm out´, avaliou.

PRIO

>> “Gostamos muito da tese”, disse Carvalho, elogiando o diretor-presidente da empresa, Roberto Monteiro, que segundo ele tem fatia relevante das ações, garantindo alinhamento.

>> “É uma companhia que teve uma habilidade muito grande de crescer e manter custos operacionais muito competitivos, o lifting cost. Se não fizer nada, vai gerar caixa. É uma tese que mescla oportunidade de crescimento orgânico, em ativos como Albacora, e inorgânico. E se não tiver expansão inorgânica, e pagar dividendo, poderia entrar no radar de mais investidores internacionais, ter uma reavaliação de múltiplos para um patamar um pouco superior”.

>> Questionado sobre uma potencial aquisição de 40% do campo de Peregrino pela PRIO, especulada na mídia, Carvalho disse avaliar que a operação possivelmente representaria, na prática, quase uma “opção de compra” de todo o ativo à frente, uma vez que é esperada uma rotação de ativos de grandes petroleiras internacionais presentes no Brasil, como a Equinor, que opera o campo. “Pensando no medio e longo prazo, faz total sentido para a PRIO ter essa opção de comprar um campo em que, se ela tiver capacidade de operar, vemos como ela operar de forma mais eficiente”.

3R PETROLEUM

>> Após a combinação de negócios com a Enauta, a empresa se beneficiará de capacidades “muito complementares” de seus corpos técnicos e de executivos, com a 3R muito focada em ativos onshore e a Enauta no offshore, disse Carvalho.

>> “O que me preocupa um pouco na tese da 3R é o perfil dos investidores de referência. Se pegar a base acionária da 3R, deve ter ali uns 10 veículos diferentes que têm de 5% a 10% da companhia, e eles não têm ´lock-up´ (veto à venda das ações por determinado período)”. Para Carvalho, o mais provável é que esses acionistas não vendam agora, esperando para capturar as sinergias da operação, mas a mera possibilidade pode pesar sobre o papel.

COSAN

>> “Do ponto de vista de grupo empresarial, talvez seja aquele com o melhor portfólio de ativos no Brasil. Tem um leque de oportunidades enorme”, afirmou Carvalho, que também teceu elogios ao corpo de executivos da empresa, em parte vindos da Shell.

>> Sobre a recente diminuição de participação da Cosan na Vale, Caravalho avaliou que o movimento é “saudável”, por mostrar a empresa revisitando estratégias de acordo com o cenário, possivelmente levando em conta incertezas sobre China, alavancagem e juros elevados por mais tempo no Brasil.

>> “Talvez tenha havido um erro de leitura de que ao chegar ali conseguiriam influência nas decisões da companhia de uma maneira mais assertiva, o que não tem se concretizado”, afirmou ele sobre o aporte da Cosan na Vale, acrescentando que mesmo reduzindo a fatia o grupo do empresário Rubens Ometto segue com um membro no conselho.

>> Carvalho também comentou que o ´case´ de Cosan é um pouco complexo para o investidor, que pode estar otimista com empresas do grupo como Rumo, mas ter mais cautela com outras, como Vale. Mas, por outro lado, traz um olhar “de muito longo prazo” e com o expertise e histórico positivo de alocação de capital Rubens Ometto. “Um cara como ele está pensando 10 anos à frente”, afirmou, citando como exemplo o ´turnaround´ da Rumo após a aquisição da ALL.

BRASKEM

>> Alguns fatores pesam sobre as ações da companhia no curto prazo, como a incerteza sobre a duração do atual ciclo do setor petroquímico, além de discussões sobre o valor de indenizações por incidentes geológicos em Alagoas, disse Carvalho.

>> “Tem aí um medo de recessão, a dinâmica de juros, como a economia americana vai se estabilzar… questões de demanda que podem prolongar o ciclo de baixa por mais tempo. Que vai voltar, vai, é cíclico. Mas, se em um horizonte de 12 meses vai melhorar muito do patamar que estamos vendo, é algo que tenho minhas dúvidas”.

>> O analista lembrou ainda que as ações são muito influenciadas por discussões sobre a possível venda da empresa pela controladora Novonor, e comentou que sempre teve alguma dúvida sobre a real intenção da ex-Odebrecht de sair do negócio. “É o único ativo que gera caixa do grupo”.

>> Eventualmente, porém, bancos poderiam executar dívidas da Novonor e tomar ações da Braskem dadas em garantia, algo que era menos provável antes devido a riscos associados aos episódios de Alagoas, que podem agora estar diminuindo, após uma CPI sobre o tema que não trouxe grandes novidades.

(LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)