Deputado Áureo Ribeiro, da base de Lula, pedirá CPI da Vale

Deputado Áureo Ribeiro, da base de Lula, pedirá CPI da Vale

São Paulo, 29/02/2024 – O deputado federal Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), da base do governo Lula no Congresso, disse à Mover nesta quinta-feira que vai pedir a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a mineradora Vale.

A declaração do deputado vem após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter feito duras críticas à gestão da Vale na terça-feira, em entrevista à Rede TV!. Lula acusou a Vale de não compensar “as desgraças” causadas por desastres de rompimento de barragens como Brumadinho, em 2019, e também pediu “mais responsabilidade” da empresa.

“Vou começar a coletar assinaturas na próxima semana”, disse Ribeiro à Mover. “Quando o presidente da República faz aquelas declarações sobre uma grande empresa brasileira, cabe a nós no Congresso averiguar. E acho que o instrumento que o Congresso tem é uma CPI”.

A movimentação do parlamentar ainda ocorre enquanto o governo federal tenta influenciar na sucessão do comando da mineradora, que foi privatizada em 1997, mas ainda conta com uma pequena participação estatal indireta por meio da Previ, fundo de previdência de funcionários do Banco do Brasil, que detém 8,7% das ações.

O mandato do atual CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo, aproxima-se do vencimento, e o governo buscou indicar para o lugar do executivo nomes como o do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, já rejeitado, e do ex-CEO do Banco do Brasil Paulo Caffarelli, de acordo com uma fonte próxima do processo.

A Cosan, que recentemente tornou-se sócia minoritária da Vale, chegou a tentar emplacar seu ex-CEO Luís Henrique Guimarães para o posto, mas houve resistência de outros acionistas, segundo duas fontes. O conselho da empresa ainda não chegou a uma decisão sobre o processo sucessório.

Segundo Ribeiro, a CPI que ele pretende abrir buscaria investigar a “falta de transparência” em incentivos recebidos pela Vale pela atuação em áreas da Sudam e da Sudene, além da situação de barragens da companhia e as negociações sobre uma compensação pelo desastre de Mariana. Ele disse que ainda está apurando outras denúncias.

“Preciso aprofundar, estou recebendo algumas denúncias. A CPI é uma comissão parlamentar. Vamos esperar ela ser instalada para que possa aprofundar as investigações. Uma investigação ampla”, defendeu o deputado, em conversa com a Mover.

Para uma fonte que acompanha as negociações sobre a sucessão na Vale, parte do conselho começa a aceitar que precisará se alinhar ao governo de alguma maneira, com uma visão de que uma eventual indisposição com a União poderia submeter a companhia a problemas adiante.

“O ‘saco de maldades’ que o Lula teria à disposição é muito grande. A Vale ainda é uma empresa que depende muito do governo”, disse a fonte, sob anonimato.

A abertura de uma CPI exige um mínimo de 171 assinaturas na Câmara dos Deputados, um terço do total. A instauração da comissão é determinada pelo presidente da Casa.

(LC | Edição: Gabriel Ponte | Comentários: equipemover@tc.com.br)

 

*** Essa reportagem foi publicada mais cedo na Mover, agência de notícias da TC  Investimentos***