São Paulo, 22/7/2024 – Após seis meses seguidos de retirada de capital estrangeiro da B3, a maior sequência negativa desde a pandemia de Covid-19, julho caminha para fechar como primeiro mês do ano com fluxo positivo dos “gringos”. Até quinta-feira (18) da semana passada, no acumulado do mês, o investidor externo injetou R$4,59 bilhões na bolsa brasileira.
Analistas atribuem a massiva retirada do capital estrangeiro à grande atratividade dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano e ao otimismo com empresas de tecnologia de inteligência artificial, que atraírem recursos para os EUA, enquanto o mercado brasileiro passava por turbulências associadas a uma maior desconfiança quanto ao compromisso fiscal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Só na última quinta-feira, investidores externos aportaram R$1,25 bilhão em recursos no segmento secundário, de ações já listadas na B3, de acordo com dados da B3, diminuindo o saldo negativo do acumulado de 2024 para R$35,5 bilhões. O número pode sinalizar um alívio na sangria de capital ´gringo´, que chegou antes superar a R$40 bilhões nos acumulados de 2024.
Os estrangeiros correspondem a 53,20% do volume negociado em julho na Bovespa e 54,50% do acumulado do ano. A melhora no fluxo veio após o mercado avaliar que Lula e o governo deram sinais positivos no front fiscal, com anúncio de um bloqueio de R$15 bilhões e discursos do presidente prometendo “responsabilidade fiscal”.
Ainda assim, analistas dizem que o governo precisará fazer mais para cumprir o arcabouço fiscal. Depois do anúncio do bloqueio, o economista-chefe da AZ Quest, Alexandre Manoel, disse ao Estadão que seria preciso R$40 bilhões adicionais para atingir a meta, ou mais R$15 bilhões para o limite inferior da meta. Tiago Sbardelotto, da XP, também defendeu mais contingenciamentos e medidas de contenção de gastos, mas viu os anúncios do governo como positivos, ajudando a reduzir riscos.
SEMESTRE
No acumulado do primeiro semestre, a B3 registrou a forte saída de R$39,3 bilhões em capital estrangeiro, movimentação mais intensa desde o primeiro semestre de 2020, durante a pandemia de Covid-19, quando foi registrado um fluxo negativo de R$73,6 bilhões na mesma base comparativa.
(LB | Edição: Luciano Costa | Comentários: equipemover@tc.com.br)