Coluna de Marcio Aith

Cenário fiscal se deteriora. De Lula a Dilmo?

Cenário fiscal se deteriora. De Lula a Dilmo?

São Paulo, 16/04/2024 – Em Brasília já inventaram uma alegoria para o atual momento negativo na macroeconomia: se não tomar as medidas necessárias e corretas, Lula está prestes a virar um “Dilmo”.

Motivos não faltam para a tensa ironia, que remonta ao período de descontrole econômico da ex-presidente Dilma Rousseff.

Na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2025 entregue nesta segunda-feira (15) ao Congresso Nacional, a previsão não é mais de superávit de 0,5%, mas sim de déficit zero. Uma decepção. Mas não é só isso.

Olhando para o endividamento nominal, sob Lula 3, a dívida bruta subiu mais do que R$1 trilhão em apenas 16 meses de governo.

O Real disputa a liderança entre as moedas que mais se desvalorizaram em abril, superando o cômico peso argentino, informa o Poder 360.

SALÁRIO MÍNIMO

Qualquer economista sério que veja a situação fiscal do país acredita que não há dinheiro para o aumento do salário mínimo em 2025, para R$1502, proposta também encaminhada nesta segunda-feira por meio da LDO.

Bem intencionado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é reiteradamente desautorizado pelo presidente Dilmo, ops, Lula. Nas conversas privadas, o presidente gosta de “dar uma banana” aos mercados e hostilizar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que terá que subir os juros para compensar a lambança fiscal.

Não se viu, até o momento, qualquer movimento do governo para reduzir despesas. Apenas para elevar as receitas. Esse sinal é desastroso.

Quem viveu os três primeiros anos do primeiro mandato de Lula irá se lembrar de uma equipe econômica de primeira qualidade (lambanças de Palocci à parte), um forte ajuste nas contas públicas seguido de um horizonte de crescimento.

Estamos fazendo o inverso. Gastando o que não temos, aumentando as receitas (o Congresso, com suas emendas, tem grande participação nessa tragédia fiscal) sem cortar despesas. Fazendo o inverso, certamente teremos o resultado inverso: baixo crescimento, juros altíssimos ou inflação. É sempre bom registrar a responsabilidade pelo que está acontecendo. A culpa é do Dilmo.