13/05/2024 – Com o mercado fechado para ofertas iniciais de ações há quase três anos, a 2W Energia, que planejava levantar recursos com um IPO, tem passado por um aperto financeiro, e agora negocia a entrada de um ou mais novos investidores para resolver a situação.
O CEO da 2W Energia, Claudio Ribeiro, disse à Mover/Faria Lima Journal que a companhia enfrenta “algum desencaixe de curto prazo” no fluxo de caixa, e por isso decidiu buscar um sócio, em conversas já próximas de um desfecho, segundo ele.
“O que acabou acontecendo e que não estava no ´script´ é que faz três anos que não tem nenhum IPO no Brasil… também tivemos problema de atraso em alguns projetos”, disse Ribeiro. “Podíamos continuar, esperar um IPO, mas o desgaste seria muito grande. Decidimos então fazer um deal privado”.
A 2W, de geração e comercialização de energia renovável, planejava o IPO para investir em parques eólicos, para venda da produção no chamado mercado livre de eletricidade. Sem os recursos, precisou captar empréstimos, inclusive com debêntures conversíveis em ações, elevando a alavancagem para cerca de 8x-8,5x.
“Estamos em negociação muito fortemente com dois investidores. Devemos assinar algo até o final da semana que vem, onde a companhia vai se resolver. Haverá uma mudança no controle, ou na questão societária… para conseguir desalavancar a companhia, trazer liquidez”, disse Ribeiro.
Em meio aos problemas de fluxo de caixa, a 2W chegou a atrasar alguns pagamentos, e renegociou alguns compromissos, além de ter realizado demissões, disseram à Mover diversas fontes do mercado de energia. Nesse cenário, muitas empresas têm preferido não se arriscar a fazer negócios com o grupo, que acaba obrigado a pagar prêmios em suas operações.
“É algo localizado, não é que deixamos de pagar, temos um problema de fluxo de caixa, basicamente concentrado no primeiro semestre de 2024, que já está resolvido”, explicou Ribeiro.
Segundo o CEO, o negócio para atração de um novo sócio deve envolver uma capitalização entre R$500 milhões e R$600 milhões, que na prática proporcionaria injeção de liquidez na empresa na ordem de R$300 milhões.
O Credit Suisse tem apoiado a 2W nas conversas, uma vez que é credor de uma emissão de debêntures conversíveis em ações da empresa, e deve buscar capitalizar seus créditos na operação, segundo Ribeiro.
“Temos uma rentabilidade super boa, vendemos energia a ótimos preços, mas não posso ficar deteriorando o fluxo de caixa por ter uma restrição de financiabilidade por estar sobrealavancado. Preciso reduzir a alavancagem, e por isso os acionistas estão abrindo a mão de ter mais valia num IPO”, acrescentou ele.
De acordo com o CEO, as negociações são com dois potenciais investidores de perfil financeiro e um estratégico. “A urgência está dada. Vamos fazer esse movimento e arrumar a estrutura de capital. Quando você desalavanca, adquire financiabilidade novamente, e aí o problema de liquidez aparece”.
A 2W ensaiou a primeira tentativa de IPO em 2020. Depois, a companhia sondou novamente a bolsa em 2023 e 2024, mas operadores do mercado financeiro ainda não veem uma ´janela aberta´ para ofertas iniciais de ações – a última no Brasil ocorreu em agosto de 2021.
( LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)
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