Dólar e juros sobem por ceticismo sobre exterior e arcabouço fiscal

O dólar à vista avançava 0,71%, a R$5,0119

Pixabay
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Por Fabricio Julião

O dólar e as taxas de contratos de juros futuros abriram em alta nesta quarta-feira na B3, um dia após a entrega do texto final do novo arcabouço fiscal e com o mercado de olho nos sinais de persistência da inflação no Reino Unido e na Zona do Euro.

Por volta de 9h30, os DIs com vencimentos mais curtos subiam 8 pontos-base em média, enquanto os com vencimentos mais longos tinham alta de 10 pontos-base. No mesmo horário, o dólar à vista avançava 0,71%, a R$5,0119, enquanto os contratos de dólar futuro subiam 0,43%, negociados a R$5,018.

A manutenção da alta dos preços na Europa trouxe um ceticismo aos investidores nesta manhã, elevando expectativas de manutenção de aperto monetário global. Esse sentimento de política monetária mais “hawkish” no exterior influenciou a cena local, fazendo com que os DIs amanhecessem em alta. Já a busca por segurança fortaleceu o dólar frente a seus pares nesta manhã.

A inflação ao consumidor no Reino Unido atingiu 10,1% na comparação anual em março, acima do consenso de mercado de 9,8%. Na Zona do Euro, o núcleo do CPI acelerou de 5,6% em fevereiro para 5,7% em março. Nesse cenário, o Goldman Sachs elevou sua projeção para a taxa terminal de juros do Banco Central Europeu de 3,50% para 3,75%.

O mau humor do mercado derrubava os índices futuros lá fora e por aqui. O Ibovespa futuro recuava 0,80% e ficava abaixo dos 107 mil pontos, enquanto os futuros dos índices acionários americanos Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq 100 recuavam 0,38%, 0,63% e 0,84%, respectivamente.

O sentimento dos agentes financeiros na cena local também é reflexo da entrega do novo arcabouço fiscal no dia anterior, uma hora antes de fecharem os mercados. A confirmação da notícia de que a nova regra passou a incluir 13 itens que ficarão de fora da regra do teto de gastos – sendo que no esboço apresentado pelo Ministério da Fazenda no mês passado só tinham duas exceções – foi uma das novidades que alimentou incertezas.

Além disso, a falta de previsibilidade quanto às metas do governo de resultados primários nos próximos anos, que deverão ser traçados pela Lei de Diretrizes Orçamentárias segundo o texto do projeto, e o fato de a proposta não considerar mais como infração o não cumprimento de metas fiscais, causam dúvidas em relação à previsibilidade do projeto.