Por Patrícia Lara
A ata do encontro do Comitê de Política Monetária e potenciais comentários do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, devem mover os ativos domésticos nesta manhã, após a escalada das críticas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao patamar das taxas de juros domésticas e à condução da política monetária. No exterior, a expectativa com o discurso do presidente do BC americano, Jerome Powell, à tarde limita os ativos depois que os dados robustos do mercado de trabalho americano abortaram a previsão de uma interrupção iminente do ciclo de aumento dos juros no país.
Com divulgação às 8h00, a ata do Copom pode detalhar a decisão do BC brasileiro de manter a Selic em 13,75% na semana passada e que veio acompanhada por um comunicado com ênfase na incerteza fiscal e deterioração das expectativas de inflação. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou ontem à noite a jornalistas que os alertas do BC referem-se, sobretudo, ao legado deixado pelo governo anterior, mas concordou com falas de Lula nos bastidores, de que a autoridade monetária poderia ter sido “um pouco mais generosa” no tom da nota após medidas anunciadas pela gestão petista para melhorar as contas públicas.
Com o noticiário, o mercado ficará atento a Campos Neto, que profere palestra, a partir das 10h30, no evento 2023 Milken South Florida Dialogues, em Miami.
Na véspera, uma nova rodada de críticas de Lula ao patamar da taxa básica Selic fez os juros futuros dispararem durante a manhã. Mas um movimento de ajuste da escalada recente emergiu e as taxas cederam no fim do dia.
As bolsas europeias e os futuros dos índices acionários americanos operam sem direção clara nesta manhã, no aguardo do discurso de Powell, que só falará às 14h40. Os negócios com derivativos na CME Group atribuem 97% de chance de uma alta de 0,25 ponto percentual na taxa de juros americana em março e 70% de probabilidade de um outro aumento da mesma magnitude em maio, elevando a taxa dos Fed Funds para a faixa entre 5% e 5,25%.
No mercado de câmbio, o dólar americano interrompe o avanço recente. O Índice Dólar DXY, que mede a variação da moeda ante uma cesta de divisas, está cotado próximo da estabilidade, aos 103,53 pontos. O rendimento dos títulos da dívida do Tesouro dos EUA de 2 anos cedia 5,4 pontos-base, a 4,423%. A taxa de 10 anos recuava 2,5 pontos-base, a 3,619%.
Nas commodities, o minério de ferro encerrou a sessão na China em queda na Bolsa de Dalian, pressionado pelo aumento dos estoques do metal nos portos do país, que subiram para um total estimado em 136,5 milhões de toneladas até 3 de fevereiro, o maior nível desde dezembro, segundo dados da consultoria SteelHome citados pela Reuters.
Já o barril do petróleo Brent para entrega em abril avançava 1,58%, a US$82,26, com perspectiva favorável sobre a demanda chinesa e preocupação com a oferta após o terremoto na Turquia fechar um importante terminal exportador do país. Diante da retomada da demanda chinesa, a Arábia Saudita elevou pela primeira vez em seis meses os preços de petróleo para compradores asiáticos.
A agenda doméstica traz leilão do Tesouro de NTN-Bs para 2028, 2040 e 2060, e LFTs para 2026 e 2029. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores divulga dados de vendas e exportações, às 10h00.
No fim do dia, o Itaú abre seus resultados financeiros do quarto trimestre, com o mercado atento ao impacto do caso Americanas no provisionamento da instituição.
MERCADOS GLOBAIS
-O contrato de ouro para entrega em abril avançava 0,40%, a US$1.886,80 a onça-troy.
-O minério de ferro recuou 0,7% na bolsa chinesa de Dalian, a 840,50 iuanes, ou o equivalente a US$123,86 a tonelada.
-O Bitcoin cedia 0,31% nas últimas 24 horas, a US$23.352,10; o Ethereum subia 0,94% no mesmo período.
MERCADOS LOCAIS
-O índice EWZ, que reúne ações de empresas brasileiras no exterior, cedia 1,26% no pré-mercado americano.
-Os contratos de juros futuros na B3 devem ter um dia volátil acompanhando as repercussões da ata do Copom e comentários de Campos Neto, além de monitorar leilão do Tesouro.
DESTAQUES
Haddad também disse ontem a jornalistas que tem discutido com Campos Neto nomes técnicos para os cargos do BC que precisam ser renovados, inclusive indicados pelo próprio presidente da autarquia. Mas afirmou que todos os nomes serão avaliados por Lula. “Porque a lei de autonomia deixa claro que é prerrogativa do presidente da República a indicação dos nomes”, afirmou. (Mover)
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AGENDA
-Ata do Copom (Brasil) – O Banco Central do Brasil divulgará a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária. Divulgação: 08h00.
-Discurso Campos Neto (Brasil) – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, discursará em evento. Horário: 10h30.
-IGP-DI (Brasil) – A Fundação Getulio Vargas divulgará o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna de janeiro. Divulgação: 08h00. Anterior: 0,31%.
-Balança Comercial (Estados Unidos) – O Escritório de Análises Econômicas americano divulgará a balança comercial de dezembro. Divulgação: 10h30. Anterior: -US$61,5 bilhões.
-Estoques Petróleo (EUA) – O American Petroleum Institute divulgará os dados semanais de estoques de petróleo bruto do país. Divulgação: 18h30. Anterior: 6,33 milhões de barris.
-Discurso Powell (EUA) – O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, discursará em evento. Horário: 14h40.
-Leilão de Treasuries (EUA) – O Tesouro americano realizará leilão primário de títulos de três anos. Divulgação: 15h00.
-Balanço (Brasil) – O Itaú Unibanco divulgará o balanço do quarto trimestre após o fechamento dos mercados brasileiros. Anterior: R$8,08 bilhões. Consenso: R$8,28 bilhões.
