Haddad diz que mudar meta de inflação não permitiria juros caírem

O certo a se fazer, na visão do ministro, é estabelecer medidas para melhorar as contas públicas

Agência Brasil
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Por Stéfanie Rigamonti

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse nesta quarta-feira que o estabelecimento de uma nova meta de inflação não é o que permitiria que as taxas de juros caíssem no Brasil. O certo a se fazer, na visão do ministro, é estabelecer medidas para melhorar as contas públicas, como aquelas apresentadas pelo Ministério da Fazenda no dia 12 de janeiro. “Estamos mandando um recado para o Banco Central”, afirmou.

Em entrevista ao vivo para o UOL, Haddad disse que, para baixar juros, deve haver cooperação por parte do Ministério da Fazenda, e negou que possa haver algum tipo de interferência no BC, já que a decisão que garante a autonomia da autarquia é “incontornável”. O ministro afirmou que não vê “ânimo neste momento do Congresso” para alterar a lei.

Haddad voltou a citar o BC, dizendo que, em outras palavras, a ata da última reunião de juros do Comitê de Política Monetária mostrou que a reoneração dos combustíveis no médio e longo prazo, que é o horizonte da autoridade monetária, não é inflacionária, mas colabora com o corte de juros. Ele já havia feito a menção ontem, ao anunciar a reoneração da gasolina e do etanol.

PETROBRAS

Haddad disse que o reajuste de preços da Petrobras, divulgado ontem, estava previsto para acontecer há duas semanas, e que o governo estava esperando uma decisão para poder acertar quais as alíquotas que seriam cobradas sobre o litro da gasolina e do etanol.

Afirmou, ainda, que a ida do número 2 da Fazenda, o secretário-executivo Gabriel Galípolo, ao Rio para reunião com a diretoria da Petrobras na véspera da MP da desoneração vencer tinha por objetivo pedir que a estatal divulgasse os preços para que o governo pudesse tomar uma decisão.

O ministro frisou que os cortes da gasolina e do diesel ontem seguiram o Preço de Paridade Internacional, e afirmou que o PPI é “algo complicado” para ser modificado, que demanda estudos cautelosos. “Ao invés de sair acusando a Petrobras, vamos entrar na companhia, vamos abrir os dados, dar mais transparência. Vamos entender melhor”, disse Haddad.