Bolsonaro faz "apelo" para fugir do STF: "Como aconteceu com Lula"

Ex-presidente também comenta sobre delação de Cid e 8/1

Tânia Rêgo/Agência Brasil
Tânia Rêgo/Agência Brasil

Por Erick Matheus Nery

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está na mira do Supremo Tribunal Federal (STF) dentro do inquérito que investiga os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro. Contudo, o ex-governante faz um apelo para que seu nome saia do Supremo e que essas investigações que o envolvem passem para a primeira instância, “como aconteceu com Lula”.

“Nós reclamamos porque o nosso processo deveria estar correndo na primeira instância [da Justiça], como aconteceu com o Lula e com todos os que já tiveram problemas. Todos. E isso não está sendo respeitado. Por que eu estou [sendo julgado] no Supremo Tribunal Federal? Porque ali não cabe recurso para mim”, desabafa Bolsonaro em entrevista para Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo.

Na entrevista realizada dentro do hospital Vila Nova Star, onde o político encontra-se internado, Bolsonaro afirma que não vislumbra possibilidade de ser preso: “Eu pergunto aos advogados, e eles me dizem que só se for por uma medida de força. Eu teria que ter um julgamento. Eu seria preso preventivamente? Por quê?”.

“Eu não estou obstruindo as investigações, não estou conversando com quem [outros investigados] tem medidas cautelares, não estou buscando combinar nada com ninguém, tá certo?”, afirma.

O rival do atual presidente Lula também avisa aos seus correligionários que não pensa em voltar a ocupar o posto máximo da política nacional. “Não é prioridade minha. Mas nós criamos sementes pelo Brasil”, alerta.

CASO CID

Mesmo fora do Planalto, Bolsonaro não sai da pauta política diária: seja pelo 8/1 ou, mais recentemente, pelo caso envolvendo as joias sauditas e a delação de Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens.

“Ele era de confiança, tratava das minhas contas bancárias. Cuidava de algumas coisas da primeira-dama também. Era um cara para desenrolar os meus problemas. Se você tirar da minha vida os presentes e o 8/1, que foi depois do fim do meu mandato, não tem o que falar do meu governo, com todo o respeito”, acredita.

Bolsonaro ressalta que tem um afeto pelo Cid como se fosse seu filho e que não está preocupado com a delação do ex-ajudante. “O Cid é uma pessoa decente. É bom caráter. Ele não vai inventar nada, até porque o que ele falar, vai ter que comprovar. Há uma intenção de nos ligar ao 8/1 de qualquer forma. E o Cid não tem o que falar no tocante a isso porque não existe ligação nossa com o 8/1”, diz.