Quando será o momento de adicionar risco à carteira?

Recentemente tivemos a decisão do Copom em manter a taxa de juros Selic estável em 13,75%

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Por Artur Losnak

Todo mundo viu que de maneira geral todos os ativos de risco sofreram com essa alta de juros e a pergunta que fica é: quando os ativos vão parar de sofrer? Quando eles param de cair, justificando que o investidor amplie o risco em carteira?

Antes de tudo, vamos fazer uma retrospectiva. Na esteira da pandemia, os bancos centrais ao redor do mundo derrubaram as taxas de juros e incentivaram o consumo com auxílios fiscais. Isso acabou gerando inflação – que foi piorada pela guerra na Ucrânia – e os juros voltaram a subir.

Antes disso, passamos por uma década de juros muito baixos e, infelizmente, o mercado financeiro se acostumou com isso. Qualquer eventual queda era encarada como “caiu, comprou”. O mercado deixou de dar atenção a indicadores muito básicos como lucratividade ou geração de caixa das empresas e se focou em crescimento de participação de mercado e números de usuários.

Agora a maré virou. Vemos diversas empresas realizando cortes e focando em maior lucratividade nos últimos meses.

Voltando à pergunta original, quando é a hora de comprar? Quando tem sangue nas ruas.

Hoje sim, temos sangue nas ruas, mas na minha visão o pior ainda não passou.

De maneira geral, o processo de alta de juros demora em torno de 6 meses para surtir efeito na economia (e a Selic está em 13,75% desde agosto/22). Então, podemos concluir que a economia já está sentindo o impacto da alta de juros.

Mas há algo chamado auxílio fiscal, que aumenta a renda das pessoas no momento em que o Banco Central quer reduzir a inflação. Com isso, precisaremos conviver com juro alto por mais tempo para efetivamente domar a pressão inflacionária.

Ao virar o ano (de 2022 para 2023), o Banco Central “desiste” de olhar para a inflação do ano corrente (2023) e passa a tentar levar para a meta a inflação do ano seguinte (2024).

Atualmente a inflação projetada para 2024 está acima da meta de 3,0%.

Assim que tivermos maior previsibilidade fiscal e a inflação ao menos sinalizar a convergência para a meta, certamente o Banco Central terá conforto em reduzir os juros. E quando é esse prazo? Tudo dando certo, teremos um arcabouço votado pelo Congresso no primeiro semestre de 2023. E, no segundo semestre, já teremos 1 ano sob Selic de 13,75%.

Então, sendo otimista, há espaço para cortes de juros no final do terceiro trimestre de 2023 ou no começo do quarto trimestre.

Obviamente, o mercado adora antecipar movimentos e, olhando para o passado, ele tenta antecipar em média em 6 meses o efetivo corte de juros da Selic. Como temos um desafio chamado arcabouço fiscal a ser endereçado conjuntamente, entendo que isso precisa ser resolvido para viabilizar um corte de juros

Supondo que o corte de juros se inicia em setembro/23 e o arcabouço fiscal seja endereçado em junho/23, podemos dizer que um momento bom para tomar risco seria em julho/23, no começo do segundo semestre deste ano.

*O conteúdo da coluna é de responsabilidade do colunista e não reflete o posicionamento do FLJ