Petrobras mira 23 GW em eólicas offshore, com atenção especial para Margem Equatorial

CEO da petroleira detalha novos planos da companhia

Reuters News Brasil
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Por Reuters

A Petrobras (PETR4) deu início ao processo de licenciamento ambiental para 23 gigawatts (GW) de parques de energia eólica offshore na costa brasileira, em uma iniciativa que alavanca seus planos de descarbonização e a coloca como a principal empresa do país para projetos da nova tecnologia de geração renovável, disseram executivos da empresa nesta terça-feira (13).

As dez áreas para eólicas no mar com licença solicitada ao Ibama estão nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul e se somam a outras iniciativas em offshore que a companhia já havia anunciado anteriormente, como a parceria com a Equinor.

Entre os locais na mira da companhia para explorar a fonte estão a costa do Maranhão, em uma área de 817 km², e a do Rio Grande do Norte, envolvendo a chamada Margem Equatorial, onde a Petrobras prevê parques eólico com capacidade instalada somada de 7,4 GW.

“Essa aposta da Margem Equatorial será, eu afirmo peremptoriamente, o ambiente mais atrativo, competitivo e disputado da eólica offshore do mundo em menos de sete anos”, disse o CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, em entrevista à imprensa nesta quarta-feira.

“Temos que ousar, como empresa grande, visionária, como já fizemos várias vezes”, disse Prates, citando ainda que um dos empreendimentos em estudo envolve a instalação de eólicas flutuantes.

A Margem Equatorial citada por Prates também é foco da companhia para a exploração de petróleo e gás. Mas a empresa vem enfrentando resistência do Ministério do Meio Ambiente em relação à exploração na Foz do Amazonas, que integra a região onde a petroleira quer explorar a energia eólica.

Os projetos em estudo pela Petrobras são majoritariamente em águas rasas, com exceção de uma no Rio de Janeiro, e em lugares onde a companhia já detém conhecimento importante das características a partir de suas atividades de óleo e gás.

“As áreas que estamos protocolando aqui no Ibama já refletem o que falamos em relação a conhecimento da Petrobras em medições já realizadas, medições para um futuro próximo, visão de solo marinho, correntes”, explicou o gerente de Energia Renovável da estatal, Daniel Pedroso.

Prates afirmou ainda que a companhia está “pronta” para iniciar os projetos assim que o país avançar com os passos necessários para o desenvolvimento da fonte no país, a começar por uma regulamentação para um leilão de cessão de uso das áreas no mar.

Questionados sobre custos dos projetos, os executivos disseram não ser possível estimá-los nesse estágio, mas reiteraram que a companhia já fez suas simulações e que apenas entrará em projetos com rentabilidade garantida.

“Só vamos saber se é rentável ou não depois que fizermos os estudos, tiver o projeto, ver o vento na área, saber o custo dos equipamentos e saber qual é o preço da energia”, afirmou o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Maurício Tolmasquim.

Tolmasquim defendeu que o primeiro leilão de cessão de uso de áreas realizado pelo governo deveria vir atrelado à contratação da energia gerada por esses projetos. “Seria um golaço do governo… Seria sucesso absoluto, vai contratar energia até barata… Se isso for feito, vai ter uma chuva de investidores.”

A iniciativa da Petrobras para avançar na energia eólica vem em momento em que a empresa está reformulando seu planejamento estratégico para agregar novos projetos voltados para a transição energética e que visam construir uma estratégia de longo prazo para a empresa.

“A gigante do petróleo brasileiro também tem dever de ser gigante na transição energética, e se trasnformar em uma das maiores empresas globais integradas de energia”, afirmou Prates nesta quarta-feira.

PARCERIA COM A WEG

A Petrobras anunciou ainda nesta terça-feira uma parceria com a WEG para desenvolvimento de uma turbina de geração eólica onshore de 7 megawatts (MW) de potência, em projeto que deve dar novo impulso à indústria nacional de energias renováveis.

Os executivos da estatal explicaram que a companhia terá preferência para eventual aquisição desses equipamentos para seus projetos no futuro, e que também receberá royalties pela venda das máquinas.

As empresas também poderão, no futuro, se associar em um novo projeto com a WEG para uma máquina específica para parques offshore, disseram.

APOSTA NO ONSHORE

A Petrobras está analisando uma série de projetos eólicos onshore (em terra) e pode anunciar alguma aquisição em breve, disse Tolmasquim. Segundo ele, tais projetos devem entrar no ano que vem no porfólio da empresa.

A companhia também está olhando a possibilidade de comprar uma fatia minoritária em eólicas offshore no exterior, como forma de ingressar em um projeto para aprender sobre a tecnologia, acrescentou o executivo.