Por Reuters
A atividade econômica brasileira apresentou crescimento no primeiro trimestre deste ano, de acordo com dados do Banco Central nesta sexta-feira, em meio a sinais de resiliência das atividades de varejo e serviços e mesmo com os impactos da política monetária restritiva.
O Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) recuou 0,15% em março em relação ao mês anterior, mostrou dado dessazonalizado do indicador que é um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), menos do que a expectativa em pesquisa da Reuters de uma retração de 0,30%.
Com isso, o IBC-Br fechou o primeiro trimestre com avanço de 2,41% na comparação com os três meses anteriores, mostrando vaivém no desempenho econômico ao longo dos primeiros meses do ano.
O IBC-Br iniciou o ano com alta de 0,59% em janeiro na comparação com o mês anterior. Em fevereiro, o IBC-Br teve expansão de 2,53%, em dado fortemente revisado pelo BC de uma expansão de 3,32% informada antes, atrelada ao desempenho das atividades agrícola e de serviços.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o IBC-Br teve em março alta de 5,46%, enquanto no acumulado em 12 meses passou a um avanço de 3,31%, de acordo com números observados.
Em março, a produção da indústria do Brasil cresceu um pouco mais do que o esperado, 1,1%, e interrompeu dois meses seguidos de quedas, mas ainda assim fechou o primeiro trimestre com estagnação.
Ao mesmo tempo, o setor de serviços brasileiro cresceu mais do que o esperado em março, 0,9%, enquanto as vendas varejistas surpreenderam com uma alta de 0,8% em relação ao mês anterior.
Com a taxa básica de juros Selic em 13,75% ao ano, a economia brasileira vem sentindo com mais intensidade os efeitos da política monetária restritiva, com setores industriais ligados ao crédito mais fortemente atingidos e endividamento elevado no país, além de uma desaceleração global.
Por outro lado, novas medidas de transferência de renda pelo governo devem dar alguma ajuda, junto com fortes resultados esperados do setor agrícola, ajudando a evitar uma desaceleração mais intensa do PIB.
O mercado prevê para este ano uma expansão do PIB de 1,02%, indo a 1,38% em 2024, de acordo com a pesquisa Focus mais recente.
Nesta semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a aprovação pelo Congresso de um novo arcabouço fiscal e da reforma tributária colocarão o Brasil em uma trajetória de crescimento acima da média mundial, estimando o crescimento da economia neste ano na casa de 2%, o que ele considerou baixo.
Duas fontes com conhecimento do assunto disseram à Reuters que o Ministério da Fazenda vai elevar sua projeção oficial para o crescimento do PIB este ano para 1,9%, de 1,6% estimado em março.
O IBC-Br é construído com base em proxies representativas dos índices de volume da produção da agropecuária, da indústria e do setor de serviços, além do índice de volume dos impostos sobre a produção.