Fundo surfa turbulências no mercado

TC Cosmos renova máxima histórica com apostas táticas mirando reversão de tarifas de Trump

TC Cosmos renova máxima histórica com apostas táticas mirando reversão de tarifas de Trump

Brasília, 10/4/2025 – O fundo de investimentos TC Cosmos, multimercado gerido pela TC Investimentos, renovou máximas históricas nesta quarta-feira, favorecido por montagem de alocações que apostavam em uma iminente reversão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no agressivo plano de imposição de tarifas ante parceiros comerciais.

A cota do TC Cosmos avançou cerca de 4% na sessão desta quarta, na melhor performance diária desde seu lançamento, em novembro de 2022, de acordo com o CIO da TC, Pedro Albuquerque, surfando o dia mais positivo para as bolsas em muitos anos. Desde o início, o TC Cosmos acumula retorno positivo de 52,5% – equivalente a 163,7% do CDI.

“Pânico puro. Ali, enxergamos uma oportunidade e vimos uma possibilidade de reversão iminente do Trump. Fomos aumentando posições conforme foram acontecendo as realizações. É assim que tem se operar, no pânico, quando estamos desconfortáveis mesmo é que tem que dar o bote e comprar as ações”, explicou mais cedo Albuquerque à TC News, ao comentar o anúncio de pausa da imposição de tarifas recíprocas pelos EUA ante parceiros comerciais por 90 dias, à exceção da China.

O racional do Cosmos, de acordo com Albuquerque, seguiu linha de raciocínio segundo a qual a janela de tempo para Trump mudar a condução do plano de tarifas estava se fechando após a significativa destruição de valor vista nos mercados. “Trump ainda tinha a possibilidade de isolar a China, e começar a fechar um acordo com o resto do mundo. Foi exatamente o que aconteceu. Por que ele fez isso? Porque o mercado entubou o presidente e o seu governo.”

O CIO da TC também destacou que a apreciação vista na curva de juros americana pressionou o republicano a afastar-se da postura intransigente adotada até então. Albuquerque citou também os alertas vindos do CEO da Tesla, Elon Musk, que publicou vídeo pró-livre-mercado do economista Milton Friedman no ´X´ e teceu duras críticas ao conselheiro econômico de Trump, Peter Navarro, considerado arquiteto do plano tarifário.

Na véspera, as Treasuries yields de trinta anos alcançaram patamar superior a 5,0% – níveis não vistos desde novembro de 2023.

Em termos de alocação, Albuquerque diz seguir otimista com os EUA, citando posicionamento do fundo na temática de Inteligência Artificial. Também em sua visão, a realização dos mercados acionários nesta quinta é normal, após os fortes ganhos da véspera. Ontem, de acordo com a Barron’s, o S&P500 registrou o o melhor dia desde 2008 – na crise financeira – enquanto o Nasdaq Composto, desde 2001 – na bolha da internet.

MOVIMENTOS
À Mover, o trader do TC Cosmos, Fernando Marx, explicou que o fundo abriu novas posições táticas entre terça-feira e quarta-feira, sob viés de que Trump pausaria o prazo para implementação das tarifas recíprocas – após escalada significativa das tensões comerciais.

“Por exemplo, adicionamos posição comprada em S&P500 futuro”, explicou.

Também de acordo com Marx, a apreciação da cota vista na véspera decorreu de montagem de posição em papéis tecnológicos dos EUA – como Nvidia. “Pegamos muito bem essa alta. Seguimos com posição nos EUA, relativamente grande. É a maior posição do fundo (EUA), e agora com alguma posição em China, crendo que os mercados chineses serão beneficiados com esse acordo (EUA-China).”

Dados da Economatica apontam que, no ano, o TC Cosmos acumula retorno positivo de 2,82%, enquanto em 12 meses, de 13,41%. Em uma janela maior, de 24 meses, o Cosmos acumula retornou positivo de 47,47%. Desde o seu início, em novembro de 2022, o fundo acumula retorno de 52,5% – equivalente a 163,7% do CDI. No mesmo intervalo intervalo de tempo, o Ibovespa teve valorização de 4,89%.

CONFLITO
O anúncio da imposição de tarifas por Trump, em 2 de abril, e a escalada da guerra comercial entre EUA e China, com posteriores aumentos retaliatórios de alíquotas entre os países, provocaram uma destruição de valor significativa nos mercados acionários, alimentando temores de recessão entre gestores de hedge funds e investidores. As Treasuries yields de longo prazo avançaram significativamente no período – sob rumores de venda pelos maiores detentores estrangeiros (Japão e China).

Neste intervalo de tempo, grandes nomes de mercado, como Jamie Dimon e Bill Ackman, tentaram persuadir Trump da metodologia agressiva para aplicação de tarifas. Ackman, conhecido investidor ativista e CEO da Pershing Square, pressionou Trump por dias, via “X”, a considerar uma pausa, por 90 dias, na imposição de tarifas recíprocas, como forma de dar tempo para negociações entre países.

Para além dos apelos públicos de Ackman, Trump citou que assistiu à entrevista de Dimon, CEO do JPMorgan, à Fox na manhã de quarta-feira, antes de decidir pela pausa na imposição de tarifas. Na ocasião, Dimon argumentou acreditar que uma recessão era provável, e que para acalmar os mercados, é preciso mostrar progresso e deixar o secretário do Tesouro, Scott Bessent, ter tempo para negociar ordenadamente.

“Eu assisti ao Dimon na Fox esta manhã. Dimon disse que algo tinha de ser feito. Eu estou usando o instinto em tais decisões, você tem de ter flexibilidade”, explicou Trump, ontem, horas após anunciar em sua rede social a pausa de tarifas.