Segundo Carlos Fávaro, embaixador chinês disse não ser necessária ida de especialistas brasileiros à China

Ministro diz que transparência e agilidade na informação são vitais; em casos anteriores, vendas à China foram suspensas por até 120 dias

Agência Brasil
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Por Marcio Aith

Em entrevista exclusiva ao FLJ, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que todos os indícios apontam para um “caso atípico” de “Vaca Louca” no Pará. No entanto, afirmou que não basta apenas constatar a situação, mas é preciso ter transparência e rapidez na informação levada às autoridades chinesas, que, ontem,  suspenderam as importações de carne do Brasil após o caso ser divulgado. “Já tivemos em algum momento suspensão por mais de cento e vinte dias; em outro, dezenove dias foram foram necessários para habilitar novamente. Então eu quero estar nesse (prazo) mais curto possível e tudo caminha nesse sentido.” Fávaro também relatou sua conversa com o embaixador Chinês, segundo o qual demonstrou tranquilidade e satisfação pela iniciativa do governo brasileiro em expor todos os aspectos do caso, que será diagnosticado por um laboratório da Organização Mundial de Saúde Animal localizado no Canadá.

Depois de concedida a entrevista, o vice-presidente Geraldo Alckmin declarou que o resultado do exame deverá sair na próxima quarta-feira.

Em sua forma atípica, a “Vaca Louca” ocorre por infecção decorrente da mutação espontânea da proteína normal, em especial pela idade do rebanho, sem estar relacionada à ingestão de alimento contaminado. Não causa perigo de contaminação ao rebanho, muito menos risco para os humanos. Em sua forma na forma clássica, a típica, que não seria o caso brasileiro, a infecção se dá pela ingestão de alimentos contaminados. Ela traz riscos à saúde humana.

Marcio Aith: As chances de ser um caso de “Vaca Louca” atípico são grandes?

Carlos Fávaro: É muito provável. Quem vai testar isso, lógico, é o laboratório credenciado pela Organização Mundial de Saúde Animal lá no Canadá. Mas os nossos técnicos, nossos veterinários, o sistema brasileiro que é de excelência, e por análises já feitas, pelas características de como o animal era criado, não comendo ração, criado a pasto, um animal de nove anos, é muito, muito provável que é atípico, e isso vai ser confirmado nos próximos dias.

Marcio Aith: Quando o Brasil vai voltar a exportar à China?  

Carlos Fávaro: Essa pergunta vale bastante hoje. Nós estamos tratando os procedimentos com muita transparência, com muita responsabilidade. O assunto requer agilidade e celeridade nas informações e nas análises, e isso faz com que o processo de retomada seja o mais rápido possível. Já tivemos em algum momento suspensão por mais de cento e vinte dias e tivemos outro processo que em dezenove dias habilitou (as exportações) novamente. Então eu quero estar nesse prazo mais curto possível, e tudo caminha nesse sentido. Já tive reunião com o embaixador chinês hoje presencialmente, sugeri e coloquei à disposição que os nossos secretários fossem pessoalmente para a China para levar informações e aí (veio) um sinal, claro, de que está caminhando muito bem. O embaixador disse: “não, não é necessário, estamos satisfeitos, o processo está muito bem conduzido”. O resultado, sendo confirmado atípico, não demorará muito nós levantarmos essas suspensões.

Marcio Aith: E como o senhor disse, os indicadores aqui da nossa primeira análise são no sentido de que são atípicos, embora não sejam provas…

Carlos Fávaro: É, embora não seja prova, pois a definitiva é a análise laboratorial, existem sinais importantes. Por exemplo, a forma como ele (o touro) é criado, os antecedentes… nenhum teve problema, nem mãe, nem pai, nem irmão. É de um rebanho pequeno, de cento e poucas cabeças. Não chega a duzentas cabeças o total dos dois rebanhos onde ele estava, então você conhece todos os animais desses dois rebanhos. Fazendo uma analogia, mas que é muito própria, eu não passo vergonha em cita-la, é como se fosse um processo degenerativo do ser humano, no caso do Alzheimer, entendeu? Alguns indivíduos tem degeneração neurológica, é algo natural.

Márcio Aith: E a idade do boi, qual era?


Carlos Fávaro: Nove anos


Marcio Aith: É uma idade velha, propícia para casos atípicos?


Carlos Fávaro: É, já é… Vamos chamar assim, não é um touro bem velho, de doze, treze anos, quinze anos, que seria o limite aí, mas já tinha uma idade avançada.

Marcio Aith: É um rebanho pequeno?


Carlos Fávaro: Pequeno, pequena propriedade, só se alimenta de pasto, não é de confinamento, não houve abates de animais dessa propriedade nos últimos dias. Tudo isso facilita o nosso trabalho. Tem carne sendo exportada dessa propriedade? Não, não tem. Então por que ficar embargado? É o conjunto de informações que vai ajudar a levantar o mais rápido possível esse embargo.


Marcio Aith: Então o senhor teve um bom encontro com o embaixador chinês, suponho.


Carlos Fávaro: Sim. E o nosso embaixador (do Brasil na China) já está comunicado. Transparência é a palavra de ordem e agilidade na informação e… é o que vai fazer a gente ganhar cada vez mais credibilidade e reabilitar o mais rápido possível.