Payroll fraco nos EUA impulsiona bolsas e derruba dólar e DIs

Acompanhe a movimentação dos mercados nesta sexta (4)

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Por Luca Boni e Fabricio Julião

Em Nova York, as bolsas operavam em alta, com investidores reagindo à divulgação dos dados mistos de julho do relatório de emprego Payroll, que alimentam as expectativas dos investidores em uma pausa no aperto monetário nos Estados Unidos. Investidores também repercutem os balanços de big techs como Apple e Amazon.

Perto das 12h15, o Dow Jones, o S&P500 e o Nasdaq 100 avançavam 0,52%, 0,53% e 0,40%, respectivamente. Os índices caminham para encerrar a semana no campo negativo.

No mesmo horário, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de dez anos operavam em alta de 9,3 pontos-base, a 4,088%, e os de dois anos – mais sensíveis à política monetária – caíam 7,7 pbs a 4,808%.

Divulgado mais cedo, o Payroll apontou a criação menor de vagas em julho ante junho, ainda que a inflação de salários continue acima das expectativas. Apesar da desaceleração, o mercado de trabalho americano se mostrou resiliente, com a taxa de desemprego atingindo 3,50%, ante consenso de 3,60%.

Os números, combinados à desinflação observada nos EUA, reforçam o otimismo de que o país possa evitar uma recessão econômica e alimentam expectativas em relação a um possível afrouxamento da política monetária por parte do Federal Reserve.

Investidores também reagem aos resultados de big techs divulgados ontem após o encerramento do pregão. No segundo trimestre, a Amazon surpreendeu as expectativas do mercado em relação ao lucro e trouxe previsão de receita otimista para os próximos meses. Já a Apple registrou receita menor em relação ao segundo trimestre de 2022, o que não agradou o mercado.

As ações da Amazon disparavam 10,88% na Nasdaq e caminham para registrar a maior alta diária desde novembro de 2022, enquanto as da Apple recuavam 3,19%, na segunda maior queda do ano.

IBOVESPA

O Ibovespa reverteu as perdas registradas pela manhã e operava em alta no início da tarde, em linha com o avanço das bolsas no exterior. O que limitava os ganhos do índice eram as ações da Petrobras e do Bradesco, que recuavam após a divulgação de balanços fracos.

Por volta das 12h15, o Ibovespa operava avançava 0,40%, aos 121.066 pontos, e caminhava para encerrar a semana em alta. O volume de negócios projetado é de R$27,5 bilhões, acima da média de 50 pregões, atualmente em R$17,2 bilhões.

No âmbito corporativo, grande parte das ações opera no campo positivo, impulsionando o Ibovespa.

As ON da Vale, da Eletrobras e da PRIO avançavam 0,96%, 2,14% e 3,58%, respectivamente, sendo as maiores contribuidoras por pontos do índice.

Os papéis da Vale avançavam, em linha com a alta do minério de ferro em Qingdao, que subiu 1,10% após notícias que informam que o banco central chines deverá ser mais flexível e usar instrumentos de política monetária para dar estímulos à atividade do país.

As ON da Lojas Renner, da BRF e da Dexco subiam 6,20%, 5,99% e 4,44%, respectivamente, e figuravam entre as maiores altas percentuais do Ibovespa.

Na ponta oposta, destaque para as ON e PN da Petrobras, que caíam 3,44% e 1,91%, respectivamente. A estatal registrou lucro líquido de R$28,7 bilhões no segundo trimestre, queda de 47% na base anual e abaixo dos R$29,24 bilhões do TC Consenso, impactada pelo recuo nos preços do petróleo, valorização do real e menores margens de refino.

Além de um resultado que não agradou o mercado, a Petrobras anunciou um programa de recompra de até 3,5% das PN da companhia, o que sinaliza que a empresa vê o papel desvalorizado e aumenta as chances de alta no preço da ação. A medida, por outro lado, deixa as ON menos interessantes.

As PN do Bradesco recuavam 4,29% e projetavam um forte volume de negócios. Ontem, o segundo maior banco privado do Brasil registrou lucro recorrente de R$4,82 bilhões no segundo trimestre, queda de 35,8% na base anual, mas pouco acima do TC Consenso de R$4,46 bilhões, refletindo o direcionamento da carteira de crédito para produtos e clientes de menor risco.

JUROS

As taxas dos contratos de juros futuros operavam em baixa, impactadas pela queda dos rendimentos das Treasuries americanas. O movimento foi acentuado após a divulgação do Payroll, que apontou a criação de vagas abaixo do consenso nos EUA no mês passado.

No Brasil, perto das 12h15, os DIs com vencimentos em Jan/24 e Jan/25 recuavam 2,0 pontos-base e 6,0 pbs, respectivamente, a 12,46% e 10,44%. Já as taxas dos contratos para Jan/27 e Jan/31 caíam 9,5 pbs, a 10,4% e 10,76%.

Os vértices longos recuavam mais que os curtos, em ajuste à sessão de ontem, quando fecharam em alta de cerca de 18 pontos-base. No entanto, eles devolviam parte dos ganhos também de olho nos próximos passos do Fed, que observa indicadores de atividade econômica e inflação para balizar a condução da política monetária americana.

Com a criação de empregos abaixo do esperado em julho, investidores passam a ajustar posição para uma eventual pausa na alta de juros nos EUA. Segundo o economista-chefe da Mirae Asset, Julio Netto, o Payroll de hoje abre espaço para o banco central americano manter os juros inalterados nos EUAno patamar de 5,25% a 5,50% em setembro.

CÂMBIO

O dólar operava em queda diante do real, em ajuste ao avanço de ontem e com a repercussão do Payroll de julho, que contribuiu para apostas em um afrouxamento monetário no horizonte nos EUA, levando o fluxo de capital para outros países.

Por volta das 12h15, o dólar à vista caía 1,21% ante o real, a R$4,8584, enquanto o dólar futuro recuava 1,22%, a R$4,883.

Após subir 1,97% ontem, o dólar iniciou a sexta-feira em leve queda. No exterior, o desempenho da moeda americana era de valorização frente a maior parte das divisas, mas o movimento perdeu força após a divulgação do Payroll. Agora, em uma cesta de 22 moedas acompanhadas pela Mover, o dólar americano depreciava perante a 18.

O Índice DXY – que mede a variação do dólar ante outras moedas fortes e com bastante liquidez – recuava 0,62%, aos 101.857 pontos.