Incertezas movimentam mercados

Ouro tem melhor trimestre desde 1986 com aversão ao risco por Trump, enquanto bolsas nos EUA caem

Ouro tem melhor trimestre desde 1986 com aversão ao risco por Trump, enquanto bolsas nos EUA caem
Grok/X

Brasília, 31/3/2025 – Os futuros do ouro acumularam melhor desempenho trimestral neste início de ano em quase quatro décadas, de acordo com levantamento da Mover, diante de um cenário de aversão ao risco nos mercados acionários e incertezas acerca das políticas comerciais do presidente Donald Trump e seus efeitos sobre a atividade econômica global, que pesaram fortemente contra as bolsas americanas.

Os futuros do ouro acumularam alta de 19% no primeiro trimestre deste ano, no maior avanço desde o terceiro trimestre de 1986, com investidores aumentando a demanda pela commodity, vista como ativo de segurança, inclusive por banqueiros centrais. No mesmo período, os índices S&P500 e Nasdaq 100, principais dos EUA, acumularam perdas de 4,94% e 8,25%, respectivamente, pior desempenho para ambos desde o segundo trimestre de 2022.

Somente neste mês de março, os índices S&P e Nasdaq 100 mostraram a maior queda mensal desde dezembro de 2022, enquanto os futuros do ouro acumularam alta de 9,34%, melhor desempenho desde julho de 2020.

Na sessão desta segunda, os futuros do ouro voltaram a renovar máxima recorde, a US$3.127 a onça-troy, na expectativa pelo anúncio do pacote de tarifas globais de Trump, em 2 de abril, data que o presidente vem chamando de “Dia da Liberação”.

“A incerteza contínua em relação às tarifas afetou os mercados e trouxe outra rodada de compra de ativos de segurança no mercado do ouro”, afirmou o diretor de metais da High Ridge Futures, David Meger, à Reuters.

De acordo Meger, tecnicamente, há algumas regiões de resistência adiante que podem causar uma ligeira realização dos preços do ouro, embora a tendência de compra siga posicionada.

Levantamento da Mover, em meados deste mês, mostrou que autoridades monetárias também vêm aumentando a demanda por ouro para suas reservas desde 2022, de acordo com o World Gold Council. O desempenho nos últimos anos também tem favorecido visão de alocação entre investidores, por otimização dos retornos ao portfólio.

O Goldman Sachs antevê que o ouro possa ultrapassar patamar de US$4.500 a onça-troy nos próximos 12 meses, sob eventuais condições extremas de mercado.