Brasília, 14/3/2025 – O preço do ouro renovou máxima recorde na manhã desta sexta-feira, acima do patamar de US$3.000 a onça-troy, em um cenário de aversão ao risco nos mercados globais, diante das incertezas acerca da política comercial do governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, e na esteira de aquisições significativas da commodity por bancos centrais.
Por volta das 12h00, os futuros do ouro recuavam 0,11%, a US$2.985 a onça-troy, após terem tocado máxima intradiária de US$3.004 mais cedo, marco que reforçou o papel da commodity como reserva de valor entre gestores, investidores e banqueiros centrais em períodos de maior volatilidade. O desempenho nos últimos anos também tem favorecido visão de alocação entre investidores, por otimização dos retornos ao portfólio.
Em relatório, a Bloomberg avaliou que a política comercial “imprevisível e agressiva” dos EUA tem sido o driver mais importante para o ouro em 2025. Desde que voltou à Casa Branca, em janeiro, Trump tem assustado investidores com uma postura beligerante – marcada por idas e vindas – no trato comercial ante parceiros.
Também neste período de tempo, Trump colocou em xeque visões sobre o compromisso dos EUA com a segurança da Europa – alvo de constantes críticas pelo republicano. Trump tem acusado países europeus de não alocarem o suficiente em defesa – ameaçando reduzir o compromisso do país com a Organização do Tratado do Atlântico Norte.
Em meio a incertezas geopolíticas, investidores e banqueiros também têm lidado com uma inflação persistentemente alta, que reforça o apelo ao ouro como reserva de valor, de acordo com a Bloomberg. “E, então, também há temores dos investidores em ficarem de fora dos últimos ganhos do ouro”, complementou.
BCs AUMENTAM ALOCAÇÃO A OURO
Desde a invasão da Rússia à Ucrânia, em 2022, bancos centrais tem acelerado as compras de ouro – em meio a temores de uma dependência significativa ao dólar americano em suas reservas, tornando-os, eventualmente, suscetíveis a sanções financeiras pelos EUA. A Rússia teve congelados seus ativos denominados em dólares, mantidos em bancos ocidentais, após o início do conflito com a Ucrânia.
De acordo com o World Gold Council, em 2024, bancos centrais compraram mais de mil toneladas de ouro, em movimento de hedge, sendo que economias emergentes têm comprado, rapidamente, a commodity. No entanto, as economias desenvolvidas seguem como as maiores detentoras de ouro em suas reservas internacionais.
AURA SURFA ALTA
A nível local, as ações da Aura Minerals, mineradora de ouro e cobre com operações no Brasil e na América, sobem 212,2% em 12 meses, enquanto no ano, acumulam alta de 29,6%, embaladas pela tendêcia altista da commodity.
Em relatório nesta semana, analistas do Itaú BBA avaliaram que a Aura também é apoiada por aspectos micro favoráveis, como sólido momento de resultados e perspectiva de dividend yield médio de 6,5% até 2027.
O Itaú BBA reiterou recomendação de ´compra´ para as ações da Aura, e elevou preço-alvo de R$32 para R$40 por BDR, com analistas apontando que a empresa negocia com múltiplo de 0,6x em valor líquido dos ativos (NAV), ante média de 1x de pares ´mid-tier´.