São Paulo, 11/02/2024 – Investidores institucionais europeus estão voltando a olhar para ações de empresas de geração termelétrica, com a Eneva como um dos destaques no mercado brasileiro, disseram analistas do Itaú BBA em relatório, sinalizando mudanças após uma longa era de ampla preferência da Europa por ativos de energia limpa e negócios ligados a sustentabilidade.
A mudança no sentimento, apontada pela equipe do Itaú BBA em relatório após mais de 20 reuniões em Londres e Paris, vem na sequência da eleição de Donald Trump, que poucos dias após tomar posse como presidente dos Estados Unidos já anunciou intenção de deixar o Acordo de Paris, para controle da mudança climática.
“Ter ativos termelétricos não é mais uma questão importante para diversos investidores europeus, dado o contexto geopolítico. Como resultado, a Eneva se tornou tópico de discussão em nossos encontros na Europa pela primeira vez”, escreveram analistas liderados por Marcelo Sá.
Desde a vitória de Trump, diversos bancos americanos deixaram uma aliança global em prol de zerar emissões líquidas de carbono, incluindo Morgan Stanley, Citigroup, Bank of America e Goldman Sachs.
Na Europa, ainda em 2024, a alemã Allianz, as francesas AXA e SCOR, a japonesa Sompo e a britânica Lloyds também abandonaram alianças climáticas, com fontes citando preocupações de se envolverem em disputas com os Republicanos nos EUA.
OTIMISMO COM ‘ENEV3’
A Eneva tem como principais acionistas o BTG Pactual e sócios do banco, que juntos possuem quase 50% das ações, e a gestora Dynamo, com 9,84%.
Com termelétricas a gás e carvão e ativos de exploração e produção de gás, a Eneva também possui um parque solar em operação, adquirido em 2021, da Focus Energia, em meio a planos de construir uma tese ´ESG´ para atrair investidores para a elétrica. Antes, a empresa chegou a fazer uma oferta de fusão com a geradora renovável AES Brasil.
Mas a Eneva reduziu a ambição em renováveis já há cerca de dois anos, deixando de buscar aquisições no setor e apostando apenas em expansão gradual e orgânica no segmento, diante de uma conjuntura de preços baixos de energia que dificultou investimentos em novos projetos de geração nos últimos anos.
No momento, o foco da Eneva está em obter novos contratos para venda da produção de termelétricas do complexo Parnaíba. Para isso, a companhia disputará um leilão que o governo realizará em junho para reforçar a segurança do sistema elétrico.
“Alguns investidores mencionaram que haviam se reunido com a diretoria da Eneva na semana anterior e achado a tese de investimento atraente”, acrescentou o BBA, que no começo do mês reiterou recomendação de ´compra´ para as ações da Eneva, citando desvalorização recente e oportunidades à frente para a empresa, como o leilão de junho.
O Itaú BBA tem preço-alvo de R$16,54 para as ações ON da Eneva, que negociavam em alta de 2,46% a R$12,11 por volta das 13h desta terça-feira.
(LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)