Andrei Spacov falou ao FLJ

Momento para investir na América Latina é o mais interessante em décadas, diz economista-chefe da Exploritas

Momento para investir na América Latina é o mais interessante em décadas, diz economista-chefe da Exploritas
TC

São Paulo, 03/05/2025 – O cenário atual é o mais promissor para investimentos na América Latina em décadas, após 15 anos de desempenho fracoda região frente aos mercados desenvolvidos, avaliou o economista-chefe e sócio da gestora Exploritas, Andrei Spacov.

Para o sócio da Exploritas, os mercados latino-americanos apresentam valuations atrativos e potencial para grandes deslocamentos de preços, especialmente com a possibilidade da temática de diversificação de fluxos globais, além das eleições locais.

Confira a seguir trechos da entrevista com Spacov. A Exploritas, com mais de 11 anos de atuação e foco em mercados latino-americanos, agora tem presença oficial na comunidade do TC, com um grupo exclusivo que oferecerá conteúdos e atualizações sobre visões da casa.

PATAMAR DE ALOCAÇÃO
Segundo Spacov, os mercados emergentes ficaram estagnados nos últimos 15 anos – reduzindo drasticamente sua participação relativa nas carteiras de fundos globais, enquanto o S&P500 multiplicou por sete nessa mesma janela de tempo.

O Brasil, por exemplo, que já representou 3% de participação nos fundos globais em 2010, caiu para 0,3% em setembro passado, mas subiu para 0,6% até março deste ano, movimento que já gerou impactos significativos nos preços.

“Se voltarmos a níveis de alocação como os de 2010, os deslocamentos de preço podem ser enormes”, afirmou o sócio da Exploritas.

ESTRATÉGIAS
A Exploritas opera com foco em multimercados, cobrindo quatro classes de ativos em seis paíseS— Brasil, México, Chile, Peru, Argentina e Colômbia. Spacov disse observar uma descorrelação nos ciclos econômicos e políticos desses mercados, o que cria oportunidades.

No Brasil, o mercado já vislumbra um ciclo de queda de juros, enquanto Chile e Peru estão mais adiantados, e Colômbia e México ainda enfrentam juros altos.
Politicamente, a região vive um momento de transição, com eleições previstas entre 2025 e 2026 em Chile, Peru, Colômbia e Brasil, que podem trazer viradas para a direita, favorecendo o otimismo dos mercados.

Na Argentina, onde a Exploritas obteve ganhos expressivos nos últimos anos, a gestora reduziu exposição, como em papéis da IRSA Propiedades Comerciales, operadora de shoppings e real state, vendida após avaliação de captura de grande parte do upside. No mercado de dívida, a gestora ainda mantém posição em bonds da província de Buenos Aires – embora também reduzindo alocação – após valorização significativa do valor de face.

No Chile, a Exploritas está posicionada através de um ETF de ações, de olho nas eleições de novembro de 2025, que podem marcar uma vitória da direita e uma recuperação do mercado local, impactado desde 2018 por protestos e políticas de esquerda do governo de Gabriel Boric.

Spacov afirma que a Exploritas possui uma posição relevante e estratégica na Arcos Dourados, operadora do McDonald’s na América Latina, que se beneficiou do crescimento na pandemia e segue com valuations atrativos. Com o ativo, o fundo está exposto a diversos paises através das operações da rede de Fast Food.

BRASIL

A gestora está mais cautelosa com alocações a nível local, após recente rali dos mercados, disse Spacov. Segundo ele, a Exploritas favorece posições em juros reais e nominais, como NTN-Bs, além de ações cíclicas.

Também de acordo com o gestor, papéis ligados à economia doméstica podem se beneficiar quando a curva de juros precificar quedas mais expressivas da Selic, possivelmente no fim de 2025 ou início de 2026.

Uma mudança política nas eleições de 2026, com chance de virada à direita, também pode provocar movimentos relevantes no mercado, na visão da Exploritas.
Sobre o episódio envolvendo o IOF, Spacov avalia que o governo pode recuar do decreto, devido à resistência do Congresso, mas não vê grandes impactos sobre o ciclo de juros, já que o mercado espera estabilidade na Selic.

MUNDO E S&P x LATAM

Globalmente, Spacov vê o mercado americano bem precificado, embora com riscos subestimados. Em sua visão, há potencial da temática do ajuste fiscal pressionar os juros longos. Entre os próximos cinco e dez anos, Spacov antevê que emergentes, incluindo América Latina, devem superar o S&P500.
“A região está barata, e qualquer fluxo de recursos que venha para cá faz uma enorme diferença”, conclui.

De acordo com dados da Economatica, o fundo de ações da Exploritas acumula alta de 45,2% em 2025 – ante retorno de 5,15% do CDI e de 15,4% do Ibovespa na mesma janela de tempo. De acordo com Spacov, há espaço para captar mais com o crescente interesse dos investidores.

(LC + LB | Edição: Gabriel Ponte | Comentários: equipemover@tc.com.br)