Mercados aguardam inflação nos EUA e operam mistos

No Brasil, IPCA deve ditar o ritmo

Pixabay
Pixabay

Por: Leandro Tavares

As bolsas internacionais operam sem direção única nesta terça-feira, com investidores digerindo indicadores europeu e em compasso de espera pela inflação americana, que será divulgada amanhã e deve dar indícios sobre os próximos passos do Federal Reserve. No Brasil, a inflação oficial será divulgada às 9h00.

Na Alemanha, a confiança do investidor ZEW veio melhor do que o esperado em setembro, registrando uma queda de 11,4 pontos, enquanto a projeção previa uma retração de 15 pontos. Na zona do euro, por sua vez, o mesmo indicador veio acima do consenso em setembro, com variação negativa de 8,20 pontos. 

No Reino Unido, a taxa de desemprego alcançou 4,30% em julho na base mensal, em linha com a projeção de analistas. O dado veio pior que o visto em junho, evidenciando o aumento do número de desempregados, diante de uma economia apertada, impulsionada pela inflação. 

Apesar dos dados mistos, os mercados europeus estão em compasso de espera pela divulgação da taxa de juros pelo Banco Central Europeu (BCE) na próxima quinta-feira. Mesmo com um cenário de inflação elevada, a expectativa é que a instituição mantenha os juros em 4,25% ao ano.

Na Ásia, os mercados fecharam mistos, ainda reverberando novos estímulos na China, após o regulador financeiro reduzir o risco que atribui ao investimento de empresas de seguros em ações. A Country Garden, maior incorporadora privada da China, conseguiu a aprovação dos credores para estender o pagamento de seis títulos onshore. 

A iniciativa fez as ações da empresa dispararem mais de 10% nesta terça-feira, uma vez que a suspensão acontece num momento em que os investidores monitoram de perto as recentes medidas de estímulos pelo governo chinês no setor imobiliário, principal propulsor da segunda maior economia do mundo. 

O juro japonês também permanece no radar, depois que o presidente do BoJ, Kazuo Ueda, afirmou que acabar com a atual política de juros negativos será uma opção se os ganhos dos salários e dos preços ao consumidor parecerem sustentáveis. 

Nos EUA, em mais um dia de agenda fraca, o destaque fica por conta de um leilão de Treasuries de dez anos. Ontem, o governo americano colocou US$44 bilhões no certame de três anos, com taxa de corte de 4,66%.

Às 17h30, a API divulga o relatório semanal de estoque de petróleo, que tem expectativa de uma queda de 2 milhões de barris. 

Do lado das empresas, as ações da gigante Apple devem permanecer no radar dos investidores durante todo o pregão, já que a companhia apresenta hoje seus novos produtos, entre eles o Iphone 15. 

Os juros continuam na pauta do mercado, já que amanhã serão divulgados os dados de inflação. Se o dado se mostrar equilibrado, o Fed pode manter os juros no intervalo entre 5,25% e 5,50% na semana que vem e postergar, para novembro, a decisão de aumentá-los, como forma de olhar os indicadores num horizonte mais longo.

No Brasil, os investidores aguardam o dado de inflação de agosto, medido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA). De acordo com o TC Consenso, a inflação deve acelerar para 0,25% no período. Combustíveis e energia elétrica devem ser os principais contribuidores no desempenho do indicador, que registrou inflação de 0,12% em julho e deflação de 0,36% em agosto de 2022.

A equipe econômica do Santander projeta que o núcleo da inflação deve cair para 3,9% em agosto, menor nível desde setembro de 2020. 

No geral, o banco ressalta que a inflação brasileira provavelmente trará mais sinais positivos do que negativos quanto ao processo de desinflação, uma vez que os serviços, dado olhado de lupa pelo BC e as medidas de núcleo devem desacelerar e a alimentação no domicílio deve apresentar uma deflação acentuada.

Na política, a Câmara dos Deputados pode votar ainda nesta semana uma minirreforma eleitoral, que flexibiliza as regras de inelegibilidade de um político, altera normas das campanhas eleitorais e de prestação de contas. 

Ontem, o Ibovespa encerrou em alta, repercutindo novos estímulos na China e diante da expectativa pelo IPCA. No mercado de câmbio, o dólar fechou em baixa, com o arrefecimento da aversão ao risco no exterior após novos estímulos na segunda maior economia do mundo. 

Para mais informações, acesse os Panoramas Corporativo e Político no pré-abertura. Fique de olho na cobertura dos indicadores e eventos mais importantes na agenda TC nos terminais da Mover e TC Economatica.

MERCADOS GLOBAIS

Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 operavam em queda de 0,15%, 0,22% e 0,25%, respectivamente

O Índice Stoxx Europe 600 subia 0,08%, enquanto o índice alemão DAX tinha queda de 0,44% e o britânico FTSE-100 subia 0,51%. Entre os setores, destaque para o segmento de tecnologia, que caía mais de 1%. 

O dólar americano operava em alta em comparação aos pares. O DXY tinha elevação de 0,21%, a 104,744 pontos. No geral, as moedas operam sem direção única, com destaque para o rand sul-africano, que opera estável. 

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, ou T-Notes, operam em queda de 1 ponto-base, a 4,280%. 

Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong caiu 0,39%, enquanto o Xangai Composto teve baixa de 0,18%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, teve alta de 0,95%.

O minério de ferro com teor de concentração de 62%, negociado na bolsa de Dalian, subiu 1,96%, às 6h00, cotado a US$117,61.

O petróleo tipo Brent, que serve como referência para a Petrobras, operava em alta de 0,84%, a US$91,40, com dados de estoque no radar e no aguardo do relatório mensal da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que será divulgado hoje. 

O Bitcoin tinha alta de 0,35% nas últimas 24 horas, a US$25.818,00; o Ethereum caía 0,65% no mesmo período. 

MERCADOS LOCAIS

Bolsa: O Ibovespa futuro deve abrir em queda, de olho no IPCA e no cenário externo, apesar da alta das commodities. O índice tem suporte mínimo em 114 mil pontos e resistência máxima em 121.600 pontos, de acordo com o BB Investimentos.

Câmbio: O dólar futuro deve abrir em alta, em linha com o exterior, que está à espera de dados de inflação nos EUA. 

Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem operar em alta, digerindo dados do IPCA. Os juros futuros nos EUA operam em queda, à espera dos dados de inflação. 

DESTAQUES

As expectativas de inflação ao consumidor nos Estados Unidos para um ano avançaram 0,1 ponto percentual, a 3,6%, de acordo com levantamento do Federal Reserve de Nova York realizado em agosto. Em julho, a inflação projetada era de 3,5%. O levantamento é considerado uma “prévia” da inflação ao consumidor nos EUA. (Mover)

O Google enfrenta o governo dos EUA em julgamento histórico por monopólio. Após três anos preparando o processo, o Departamento de Justiça dos EUA começa hoje a ouvir a empresa de tecnologia. (Estadão) 

A Qualcomm disse que assinou um acordo com a Apple para fornecer chips 5G pelo menos até 2026, em um momento no qual a fabricante do iPhone enfrenta desafios crescentes na China e procura por reforçar suas cadeias de fornecimento em outros lugares. O acordo estende um relacionamento de bilhões de dólares com a Qualcomm. (Mover)

As ações da Tesla viveram um rali na sessão da véspera, com alta de 10,09% na Nasdaq, após o Morgan Stanley elevar o rating da companhia a “Overweight”. Os analistas do Morgan projetam que o supercomputador “Dojo”, que a montadora planeja produzir, pode impulsionar o valor de mercado da companhia em até US$500 bilhões. (Mover)

O presidente do JPMorgan, Jamie Dimon, afirmou ontem acreditar que o mercado chinês não é mais lucrativo como anteriormente. De acordo com Dimon, a relação risco-retorno do país asiático, que era “muito boa”, tornou-se somente “boa”. O risco é “mau”. (Reuters)

México passa a China em exportações aos EUA. Americanos importaram US$35 bilhões em produtos chineses em julho, enquanto compras do vizinho somaram US$39,5 bilhões. Há 20 anos país asiático se mantinha como principal fornecedor dos EUA. (O Globo)

Tesouro Nacional já honrou R$8,1 bilhões neste ano. Só em agosto foram quitados mais de R$509 milhões em dívidas não pagas por Estados e municípios. (Valor)

O Brasil se compromete a pagar até o fim do ano dívida de R$4 bilhões. O montante quita débitos com bancos internacionais e organizações como a ONU; R$2 bilhões já foram pagos. (Estadão)