Ibovespa acelera queda e encosta nos 100 mil pontos com ambiente de incertezas no exterior e cenário doméstico

No Brasil, adiamento do anúncio do novo arcabouço fiscal é destaque

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Por: Fabrício Julião

O Ibovespa acelerou a queda no início desta tarde, sob efeito do ambiente ainda carregado de incertezas tanto no exterior quando no Brasil. Segundo gestores, ainda pesam sobre os negócios as preocupações com os desdobramentos da crise vivida por bancos internacionais e, internamente, a perspectiva de atraso na divulgação do arcabouço fiscal pelo governo.

Por volta das 14h30, o Ibovespa caía 0,99% para 100.968 pontos, depois de tocar a mínima de 100.712 pontos. No mesmo horário, Petrobras também acelerava a baixa: as preferenciais (PETR4) caíam 1,53% e as ordinárias (PETR3) cediam 1,40%.

As ações de bancos, que chegaram a reagir em alta à notícia de que o UBS vai comprar o Credit Suisse, também voltaram ao terreno negativo. As preferenciais de Itaú (ITUB4) perdiam 0,09%, as preferenciais de Bradesco (BBDC4) recuavam 1,73%, ações ordinárias de Bradesco (BBDC3) tinham desvalorização de 0,94%, enquanto as ações ordinárias de Banco do Brasil (BBSE3) cediam 0,91%.

Segundo o gestor de um grande fundo de São Paulo, o mercado entende que a venda do Credit não soluciona todos os problemas do setor bancário – que vive desafios diante do cenário de juros em alta no mundo. Nesse cenário, a preocupação com a resposta do Federal Reserve amplia a cautela.

Muitos analistas consideram que, mesmo com a fragilidade do sistema financeiro neste momento, uma alta de 0,25 ponto no juro pelo Fed poderia ser a melhor decisão, pois seria uma forma de reduzir a incerteza em relação à inflação e, ao mesmo tempo, indicar que a autoridade monetária continuar provendo a liquidez necessária para evitar qualquer problema no sistema. “Mas se o Fed decidir manter o juro, não dá para dizer que ele está errado”, afirma a fonte.

No Brasil, o tema que move os investidores é a demora no anúncio do arcabouço fiscal. Antes previsto para ser entregue no primeiro semestre, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou há algumas semanas que o projeto seria apresentado antes da reunião do Copom de 22 de março. Era esperado que a nova regra fosse divulgada na sexta-feira passada, mas o governo adiou o anúncio, tornando mais nebulosa a data de exposição do plano ao público.

Segundo relatório da XP, o novo arcabouço fiscal promete entregar uma consolidação das contas públicas no ano que vem, mas carece de detalhes sobre como chegar lá. Além disso, pesa a possibilidade de a proposta ser muito alterada no Congresso, o que não é visto com bons olhos pelos agentes financeiros.