Ibovespa sobe, DIs oscilam e dólar cai em dia de menor liquidez global; Galípolo e RCN no radar

Feriado nos Estados Unidos e poucos indicadores nacionais reduzem liquidez

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Por: Luca Boni e Fabricio Julião

O Ibovespa tentava firmar o movimento de alta, após operar a manhã inteira sem direção definida. Em dia de liquidez reduzida devido ao feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos e com uma agenda de indicadores econômicos esvaziada no mercado local, o foco dos investidores continua em Brasília e nas participações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do diretor de política monetária da autarquia, Gabriel Galípolo, em eventos.

Perto das 12h10, o Ibovespa tinha leve alta de 0,47%, aos 126.629 pontos. Caso esse ritmo seja mantido, o volume deve chegar a R$11,7 bilhões, abaixo da média de 50 pregões.

Por aqui, há expectativa sobre a sanção presidencial do projeto de desoneração da folha de pagamentos e sobre votações no Congresso. Ontem, o governo divulgou que espera fechar o exercício fiscal de 2023 com um déficit primário de R$177,4 bilhões, equivalente a 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB), ante projeção de R$141,4 bilhões anunciada em setembro.

A substancial deterioração das contas públicas a poucas semanas do fim do ano enfraquece a credibilidade do arcabouço fiscal e das promessas da equipe econômica de que o déficit será zerado em 2024.

Mais cedo, o diretor do BC, Galípolo, discursou em evento da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberj) e, entre outros assuntos, ressaltou que apesar de ter avançado, a inflação “mais benigna” surpreendeu. Às 18h, o presidente do BC Campos Neto irá fazer uma palestra em evento da rede de empreendedores Endeavor.

Entre as ações, os destaques positivos em pontos eram das empresas do setor financeiro. As PN do Bradesco (BBDC4), as ON da B3 (B3SA) e do Banco do Brasil (BBAS3) avançavam 3,18%, 1,61% e 0,96%, respectivamente.

As ações do Bradesco projetam um grande volume financeiro para a sessão, em meio ao anúncio da escolha de Marcelo de Araújo Noronha para o cargo de diretor-presidente, em substituição a Octavio de Lazari Junior, que comandou o segundo maior banco privado do país nos últimos cinco anos.

Os destaques percentuais eram das ON da IRB Brasil (IRBR3), da Casas Bahia (BHIA3) e da CVC (CVCB3), que ganhavam 4,32%, 3,51%, e 2,95%, nesta ordem.

Na ponta oposta, as ON da Vale (VALE3), as PN da Petrobras (PETR4) e as ON da CSN Mineração (CMIN3) recuavam 0,65%, 0,37% e 2,84%, na sequência.

JUROS

As taxas dos contratos de juros futuros operavam sem direção definida, oscilando perto da estabilidade, com o mercado reagindo às falas do diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, e atento aos desdobramentos da agenda econômica no Congresso.

Por volta das 12h, os DIs com vencimentos em jan/25 caíam 0,5 ponto-base, a 10,49%, enquanto os para jan/27 subiam 1,5 ponto-base, a 10,37%. O vértice para jan/31 avançava 1,0 pb, a 10,99%.

Em evento da Aberj, Galípolo reiterou que as variáveis econômicas têm se comportado bem, mas que os bancos centrais globais seguem dependentes de dados devido às incertezas atuais.

Ainda na cena local, investidores continuam de olho na situação fiscal, após o governo ter divulgado ontem que espera fechar o exercício fiscal de 2023 com um déficit primário de cerca de 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB), ou R$177,4 bilhões.

No exterior, entre os destaques do dia estão os dados de inflação no Japão, que serão divulgados às 20h30 (horário de Brasília). O país asiático tem afirmado que vai mudar a política monetária de juros negativos assim que a inflação ultrapassar “consistentemente” o patamar de 2,0% ao ano. Segundo consenso do Trading Economics, a previsão é que o indicador registre alta de 3,2% no acumulado de 12 meses até outubro.

CÂMBIO

O dólar operava em queda ante o real, em dia de enfraquecimento da moeda americana no exterior devido à menor liquidez por conta do feriado de Ação de Graças nos EUA.

Perto das 12h10, o dólar à vista caía 0,33%, a R$4,8905, e o dólar futuro, 0,37%, a R$4,895.

Em uma cesta de 23 divisas acompanhada pela Mover, o dólar recuava diante de 15. O Índice DXY caía 0,06%, aos 103.818 pontos, impactado pela alta da libra esterlina e do euro.

O iene é observado de perto pelos investidores, em meio às expectativas de mudanças na política monetária japonesa. Na semana passada, o iene acumulou alta de 1,0% ante o dólar. Nesta semana, até esta quinta-feira, a moeda registra alta de 0,46% ante a divisa americana.

EXTERIOR

Com o mercado americano fechado devido ao feriado de Ação de Graças, as atenções de operadores do mercado se voltaram para a Europa, com a divulgação da ata da última reunião do Banco Central Europeu (BCE). O documento trouxe certo alívio para os investidores com a sinalização de que os membros do BCE acreditam que os juros da região já estão em patamares suficientemente restritivos.

Os membros do BCE afirmaram que, como os rendimentos das Treasuries nos EUA já estão bastante elevados, eles não veem mais espaço para continuar com a alta de juros americanos, o que pode aliviar a pressão do aperto monetário realizado pelo bloco econômico europeu e por outros países.

No entanto, o documento ressalta que os juros devem permanecer em níveis altos por um período de tempo maior. Na última reunião do BCE, em 26 de outubro, a autarquia manteve os juros inalterados em 4% ao ano.

(LB + FJ | Edição: Gabriela Guedes | Arte: Vinícius Martins | Comentários: equipemover@tc.com.br)