São Paulo, 16/05/2025 – O Ibovespa encerrou em leve queda nesta sexta-feira, apagando boa parte das perdas no final do pregão, e encerrando a semana em firme alta. O período foi marcado pela renovação da máxima recorde de fechamento e intradiária do índice, na esteira de um maior apetite ao risco global após alívio tarifário anunciado entre Estados Unidos e China, bem como olhares mais favoráveis para os mercados emergentes.
O Índice Bovespa fechou com queda de 0,11%, aos 139.187 Pontos, com BB entre destaques negativos, após divulgação de resultados, e Marfrig na ponta positiva, com anúncio de proposta de incorporação da BRF. Desde segunda-feira o Ibovespa acumulou alta de 1,96%. O volume de negociação desta quarta foi de R$22,5 bilhões, levemente acima da média móvel dos últimos 50 pregões, de R$18,1 bilhões.
Os vértices longos da curva de juros encerraram sem direção definida, com cauda curta e média recuando até 14 pontos-base, enquanto a longa avançou até 1,0 pontos-base.
Ao fim do dia, o dólar futuro operava em queda de 0,31%, cotado a R$5,686, enquanto o índice Dólar DXY, que mede o desempenho da moeda americana ante uma cesta de divisas, operava em alta de 0,29%, aos 101,10 pontos. Em termos semanais, o dólar futuro caminha para encerrar com ligeira alta de 0,2%.
Para o estrategista do Bank of America, Michael Hartnett, as ações de emergentes terão performance superior a outros ativos no próximo bull market. De acordo com ele, “nada funcionará melhor que ações de emergentes”, com enfraquecimento do dólar e uma recuperação da China como impulsionadores para mercados emergentes. No ano, o índice MSCI para emergentes ex-China sobe 7%.
Com uma agenda de indicadores econômicos esvaziada na sessão de hoje a nível local, destaques corporativos ganharam os holofotes entre os investidores, em meio à incorporação da BRF pela Marfrig, e resultado significativamente abaixo do consenso do Banco do Brasil no primeiro trimestre.
A Marfrig anunciou fusão com a BRF, em transação avaliada como positiva por analistas, embora com viés mais favorável à Marfrig em um primeiro momento, de acordo com XP e BTG, enquanto termos de troca não favoreceram os papéis da BRF.
Juntas, ambas formarão a MBRF, buscando se tornar potência global do setor de proteínas, em transação avaliada como de “muito mérito” pelo BTG. As empresas esperam capturar sinergias de R$805 milhões ao ano em integração de cadeias de oferta, consolidação logística e operações comerciais, além de potencial impacto positivo de otimização tributária com valor presente líquido de R$3 bilhões, a ser capturado majoritariamente nos primeiro três anos.
Também estava no radar dos frigoríficos anúncio do Ministério da Agricultura sobre registro de caso de influenza aviária no Rio Grande do Sul, o que levou a China e União Europeia a suspender compras de frango do Brasil.
Na temporada de balanços, o destaque ficou com Banco do Brasil, que reportou queda de 20,7% no lucro líquido ajustado ante o mesmo período do ano passado, em números 20% abaixo dos consensos. Bradesco BBI e Genial cortaram recomendação das ações para “neutra”, por considerarem o balanço fraco.
Foi o primeiro recuo dos números do BB após 16 trimestres consecutivos de crescimento anual, e as ações operavam perto de máximas. A queda ainda veio na contramão do setor – o BB foi o único dos quatro grandes bancos a apresentar uma retração em seus lucros no 1T25.
A rentabilidade (ROE) do BB ficou em 16,7%, uma forte queda de 498 pontos-base ano a ano. O BB afirmou que inadimplência da carteira de agronegócios acima do esperado e a vigência das novas regras contábeis com a resolução 4.966/21, que os bancos brasileiros passaram a seguir este ano, implicaram em um cenário de maior incerteza, e também cortou projeções para o ano, incluindo de lucros.
As ações do Banco do Brasil registraram um volume de negócios de R$3,8 bilhões, o maior para um dia de negociações desde o IPO da companhia e a pior queda percentual diária desde abril de 2020.
Operadores ainda reagem a balanços incluindo Méliuz, Ambipar, Cyrela, Eztec, Cosan, CPFL, entre outros, que reportaram entre a noite de ontem e a manhã de hoje.
No cenário político, com o risco fiscal de volta ao radar, depois de notícias sobre possíveis novos programas do governo em busca de popularidade, operadores monitoravam possível anúncio de bloqueio de recursos em 22 de maio. Segundo a Folha, área econômica quer garantir que, nas discussões finais, o contingenciamento e o bloqueio nos gastos não fiquem abaixo do piso de R$10 bilhões para não comprometer o plano de voo para o cumprimento da meta fiscal de déficit zero.
Entre as ações, as maiores detratoras do Índice Bovespa foram as ON do Banco do Brasil, da Embraer e as Units do BTG Pactual, recuaram 12,69%, 1,57% e 1,41%, respectivamente.
Entre destaques nas quedas percentuais do Ibovespa, figuravam as ON do Banco do Brasil, da Yduqs e as PN da Azul, que cederam 12,69%, 3,63% e 2,63%, na sequência.
Na ponta positiva, destaque para as ON da Marfrig, da Petz e da CVC, que avançaram 21,35%, 7,18% e 5,86%, na mesma ordem.
BOLSA EUA
Os índices acionários de Wall Street encerraram em alta, registrando a segunda melhor semana neste ano, na esteira do alívio tarifário entre EUA e China, mesmo após uma pior leitura preliminar do sentimento do consumidor para maio, de acordo com a Universidade de Michigan.
Os índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 encerraram com altas de 0,78%, 0,70% e 0,52%, respectivamente. Em termos semanais os índices acumularam ganhos de 3,41%, 5,27% e 6,81%, na mesma ordem.
Na contramão da alta das bolsas, o ouro registrou nesta semana a maior queda do ano, impactado pelo acordo preliminar entre Estados Unidos e China, que aumentou o apetite por risco entre os investidores.
Tradicionalmente visto como ativo de proteção em períodos de alta volatilidade, o ouro vinha atingindo máximas nas últimas semanas devido às incertezas da guerra comercial. Com o alívio nas tensões, no entanto, os investidores reduziram suas posições no metal e passaram a realocar recursos em ativos de maior risco.
Ao fim do dia, as Treasuries yields de dois anos avançavam 3,9 pbs, a 3,993%, enquanto as de dez anos subiam 1,0 pbs, a 4,441%.
A leitura preliminar de maio da Universidade de Michigan mostrou contração a 50,8 – abaixo do consenso, de 53,4 – e na segunda menor leitura para a métrica desde o início da série histórica. Já a expectativa de inflação de um ano foi a 7,3% – maior patamar desde 1981. As expectativas de médio prazo foram a 4,6%, segunda maior leitura desde 1991.
Mais cedo, Trump afirmou que iria determinar as tarifas para parceiros comerciais dos EUA ao longo das próximas três semanas, pontuando que seu governo não tem capacidade de negociar acordos com todos os parceiros.
De acordo com Trump, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o do Comércio, Howard Lutnick, “enviarão cartas essencialmente informando quanto eles pagarão para se fazer negócio com os EUA”.
💹 COMMODITIES
Os futuros do petróleo Brent operavam em alta de 1,13%, aos US$65,26 por barril, caminhando para registrar o segundo ganho semanal consecutivo devido ao alívio das tensões comerciais entre EUA e China, embora os ganhos tenham sido contidos pelas expectativas de maior oferta do Irã e da Opep+.
Os futuros do minério de ferro caíram 0,95% na última madrugada em Dalian devido a sinais de desaquecimento da demanda de curto prazo e à cautela em relação à resolução da guerra tarifária entre China e EUA, embora a trégua comercial entre os países tenha mantido os preços no caminho para um ganho semanal.
(LB + GP | Edição: Luciano Costa | Comentários: equipemover@tc.com.br)