Ibovespa e dólar operam estáveis com China e commodities no radar; DIs sobem com vendas varejo

Confira a movimentação dos mercados nesta sexta (15)

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Por Luca Boni e Fabricio Julião

O Ibovespa seguia sem direção definida, por um lado impulsionado pelo desempenho de ações da Vale, que avançam em linha com os ganhos do minério de ferro após a divulgação de dados econômicos acima das expectativas na China. No entanto, o clima negativo no exterior pesa no cenário local.

Por volta das 12h10, o Ibovespa caía 0,03%, aos 119.354 pontos. O índice caminha para encerrar a semana com valorização acima de 3%. O volume de negócios projetado para hoje é de R$16,9 bilhões, considerado mediano. A sessão é marcada ainda pelo vencimento de opções sobre ações, o que pode gerar maior volatilidade no mercado.

Na China, as vendas no varejo subiram 4,60% em agosto na base anual, acima da projeção de 3%. A produção industrial também superou o consenso e avançou 4,50% no mesmo período e base de comparação.

Os dados mais fortes no gigante asiatico sinalizam que os estímulos recentes feitos pelo governo têm surtido efeito e estão ajudando a impulsionar a economia, mesmo que de forma modesta, e se refletem diretamente nos preços de commodities como o minério de ferro e o petróleo, que têm demanda altamente dependente da China.

Segundo o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, os bons indicadores chineses impulsionam ativos ligados a commodities. Entretanto, o sentimento no exterior é de inflação ainda em nível elevado, o que corrobora a tese de juros globais mais altos e por mais tempo, “o que é negativo para os mercados de renda variável e vem pesando sobre os negócios”.

Entre as ações, destaque para as ON da Vale, que avançavam 0,44% e eram as maiores contribuidoras por pontos do Ibovespa.

As PN da Raízen, as Units da Energisa e as ON da Equatorial ganhavam 2,77%, 2,55% e 2,46%, respectivamente, e eram as maiores altas percentuais do índice.

Na ponta oposta, as ON da Localiza e as ON e PN da Petrobras recuavam 2,17%, 0,83% e 0,41%, na sequência, e eram as maiores detratoras por pontos do índice.

Já entre as maiores quedas percentuais figuravam as ON da Casas Bahia, da IRB Brasil e do Pão de Açúcar, que recuavam 7,78%, 5,54% e 4,15%.

JUROS

As taxas de contratos dos juros futuros operavam em alta, em ajuste após as quedas recentes e com novos sinais de atividade econômica mais forte que o esperado no Brasil. Nos Estados Unidos, o rendimento das Treasuries de dez anos subia cerca de 2,0 pbs, ajudando a impulsionar a alta dos vértices mais longos por aqui.

Por volta das 12h20, os DIs com vencimentos em jan/24 caíam 1,0 ponto-base, a 12,28%, enquanto os para jan/25 subiam 3,5 pbs, a 10,42%. Já os vértices para jan/27 e jan/31 avançavam 6,0 pbs, a 10,30% e 11,17%.

Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o avanço de 0,70% em julho na base mensal das vendas no varejo, bem acima do consenso, que previa alta de 0,30%.

O indicador de hoje mais forte que o esperado arrefece a expectativa de cortes de 75 bps na Selic no fim do ano, hipótese que o mercado considerava após a desaceleração do Índice Nacional de Preços Amplo (IPCA) de agosto.

A alta dos DIs também ocorre em um movimento de correção, depois que a curva recuou nas sessões anteriores devido às apostas em cortes maiores da Selic no fim do ano. Segundo dados de opções da B3 de hoje, 41% dos operadores apostam em queda de 75 pbs da taxa básica de juros em dezembro – mesmo nível dos que preveem um recuo de 50 pbs.

EXTERIOR

Em Nova York, os principais índices acionários operavam em queda, pressionados principalmente pelas ações de tecnologia. Investidores também digerem uma série de indicadores econômicos mistos nos EUA. A sessão é marcada ainda pelo vencimento quádruplo de opções nos mercados americanos.

Perto das 12h10, o Dow Jones, o S&P500 e o Nasdaq 100 recuavam 0,57%, 0,90% e 1,47%, respectivamente. Apesar da queda, os índices caminham para encerrar a semana em alta.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de dez e de dois anos operavam em altas de 2,8 e 1,9 pontos-base, aos 4,320% e 5,035%, na sequência.

O vencimento hoje de opções em quatro mercados – sobre ações e índices e sobre futuros de ações e de índices – é conhecido pela expressão “bruxaria quádrupla” e deve aumentar a volatilidade.

As ações de tecnologia lideravam as perdas nas bolsas americanas. O Índice de tecnologia (XLK) recuava 1,31%, no pior desempenho entre os índices setoriais do S&P.

Mais cedo, foram divulgados indicadores econômicos mistos nos EUA, com destaque para as expectativas de inflação de Michigan, que caíram em setembro para o nível mais baixo em mais de dois anos.

Já a produção industrial de agosto subiu mais que o esperado, sinalizando a retomada da força na economia americana e aumentando temores quanto à possibilidade do Federal Reserve manter os juros americanos em níveis restritivos por mais tempo.

CÂMBIO

O real rondava perto da estabilidade ante o dólar. A moeda brasileira era beneficiada por dados econômicos notícias favoráveis na China, mas também era impactada pelas valorizações recentes e pelas expectativas de nova elevação nos juros americanos pelo Fed ainda neste ano.

Perto das 12h10, o dólar à vista operava estável, a R$4,8696, enquanto o dólar futuro recuava 0,02%, a R$4,878.

A moeda americana tinha desempenho misto no exterior, sem grandes variações perante as outras 22 divisas acompanhadas pela Mover. O euro recuperava terreno parcial após as derrocadas recentes, enquanto os pares emergentes como o real e o peso mexicano buscavam acompanhar em nova alta. O índice DXY recuava 0,06%, aos 105.285 pontos.

A pouca variação das moedas globais ante o dólar reflete a espera dos investidores pelas decisões de política monetária no Brasil e nos EUA na próxima quarta-feira, e pelos comunicados das autoridades monetárias. Por aqui, espera-se queda de 50 pbs da Selic, a 12,75%, enquanto para os EUA a expectativa do mercado é de manutenção dos Fed Funds entre 5,25% e 5,50%.