Brasília, 11/12/2024 – O fundo Verde, principal multimercado da conhecida gestora Verde Asset, de Luis Stuhlberger, tornou-se liquidamente vendido em bolsa brasileira em novembro, na esteira da transformação da apresentação do pacote de contenção de gastos do governo em um “trem da alegria”, mirando as eleições de 2026, enquanto detém alocação comprada em dólar ante o real.
Em carta mensal a cotistas divulgada nesta quarta-feira, o Verde avalia que “apenas” a ação do Banco Central para controlar a inflação oferece “algum conforto, ainda que sob a sombra do risco de dominância fiscal”. “Ao fim, a nesga de credibilidade fiscal que restava ao atual governo foi jogada fora e a política econômica se vê desancorada”, complementou.
Entre agosto e outubro deste ano, o fundo mantinha-se liquidamente zerado em bolsa brasileira, após sucessivas rodadas de redução de alocação em bolsa local ao longo do primeiro semestre, diante da contínua piora do cenário no país. O fundo também cita que o “populismo ficou patente” na resolução que o governo deu ao pacote fiscal.
“Governo busca argumentar que o corte é ‘neutro’, mas sabemos que é assimétrica a probabilidade de o Congresso aprovar o corte até R$5 mil (chance alta) versus a de aprovar toda uma nova metodologia de Imposto de Renda acompanhada de aumento para rendas mais altas (chance bem mais baixa)”.
A consultoria de risco político Eurasia reduziu hoje a perspectiva de longo prazo (dois anos) do Brasil para negativa, “devido ao risco crescente de deterioração das políticas”, com “incapacidade do governo de melhorar as condições financeiras com seu pacote de reforma fiscal” e riscos relacionados ao governo Trump nos Estados Unidos.
MERCADOS GLOBAIS
Na visão do fundo Verde, as indicações, por Donald Trump, de Scott Bessent para o Tesouro norte-americano e de Elon Musk e Vivek Ramaswamy para o Departamento de Eficiência do Governo sinalizaram, ao menos por ora, situação de controle das contas públicas, contribuindo para o bom comportamento dos yields de longo prazo nas últimas semanas.
Com exposição global estável, o fundo Verde diz esperar o anúncio de novas tarifas de importação contra a China, pelos EUA, como uma das primeiras medidas do novo governo. Donald Trump tomará posse como presidente eleito dos EUA em 20 de janeiro de 2025.
O fundo da Verde Asset também reduziu, marginalmente, a exposição ao mercado de criptoativos após a performance positiva observada em novembro. O fundo havia iniciado “pequena alocação” comprada em bitcoin na véspera das eleições presidenciais, no início de novembro.
Desde a eleição de Trump, o bitcoin acumula alta próxima a 50%, beneficiado pelo otimismo em torno da indústria de criptoativos, e com a nomeação de Paul Atkins ao posto de chair da Securities and Exchange Comission (SEC), vista com bons olhos por gestores de hedge funds e companhias cripto, dada perspectiva de redução de regulamentação e menores penalizações por eventuais violações no segmento.
Surfando a aposta nos criptoativos, o fundo Verde deteve retorno positivo de 3,29% em novembro, melhor performance na base mensal no ano de 2024, enquanto o CDI registrou retorno positivo de 0,79% no mesmo período. No ano, o fundo acumula retorno positivo de 9,69%, ligeiramente abaixo do CDI, de 9,85%, em um período turbulento para a indústria de multimercados, que tem sofrido saques incessantes de cotistas de 2022, impondo desafio a gestores, em meio à elevação no cancelamento de fundos nos últimos anos.